Ômega Parte VIII

Capítulo VIII

[Nova Era]

Nunca o mundo havia passado por algo semelhante. Aquilo que poucos acreditavam havia se tornado realidade. A polícia havia se apropriado de recursos militares, já que exércitos as forças armadas foram extintas, realizando um patrulhamento preventivo. O policial retomara a confiança e o exemplo da lei, utilizando políticas públicas em ações que visavam manter a ordem e ao mesmo tempo criar esse vínculo com o cidadão, tornando cada pessoa membros responsável pela sociedade. Cientistas se empenhavam em descobrir curas de doenças e projetos para melhoria da vida das pessoas, com o poder público auxiliando através de recursos destinados a um programa global de qualidade de vida. O intercâmbio entre países fazia com que disparidades antes observadas pelo afastamento cultural, ou seja xenofobia, dessem lugar a auxílio mútuo. A internet agora servia a fins mais altruístas e a rede de informações atendia a população conectada com intuito de aproximar. Intelectuais escreviam livros mais otimistas sobre o futuro da humanidade e pesquisas para habitar em outros planetas também seguiam em frente, já que era preciso se prevenir diante de alguma catástrofe.

Ômega deixara claro que sua interferência era restrita ao campo de ataque inimigo e que deixaria a vida seguir seu curso, procurando influenciar o mínimo possível nos novos hábitos humanos. Apesar de temido, era visto por muitos como um guardião e até fizeram uma campanha para modificar seu epíteto, já que consideravam Pesadelo algo muito tenebroso para ser associado a um herói. Viajava pelo mundo e por outros planetas, aprendendo sobre mais a cada dia e procurando fazer de cada experiência uma memória de relevância não apenas para ele e também como fonte de benesses aos terráqueos. Se disfarçava de diversos profissionais para interagir com as outras pessoas e fazer parte de grupos de teóricos, com intuito de aprimorar o intelecto.

Andava pelos corredores da Universidade Paris-Sorbonne, disfarçado de professor idoso, se deparou com a uma mulher de beleza espetacular. Nunca havia visto algo parecido. Os olhos não conseguiam se desligar daquele olhar penetrante. Tal sedução parecia fazer parte de uma magia que emanava daquela criatura e todos que passavam, sejam homens ou mulheres, eram atraídos.

— Como vai professor?

A voz parecia o canto das sereias lido nas aventuras de Ulisses.

— Bom dia. — respondeu sem jeito.

— Talvez pudéssemos conversar de forma mais reservada... Ômega. — sussurrou.

Agora os olhos do professor se fixaram de força intrigante na figura feminina e antes que pudesse ter alguma outra reação, ela completou:

— Não se preocupe. Não somos inimigos. Como Soma, estou aqui para lhe auxiliar.

Logo estavam em uma ilha paradisíaca, cercados de natureza exuberante e percorrendo as areias alvas de uma bela praia.

— O que pretende comigo? — Ômega já havia assumido sua forma normal.

— Meu nome é Psi. Estava ansiosa para lhe encontrar. Soma havia comentado sobre a bela impressão que havia deixado nele.

— Nunca mais o vi. Em alguns momentos imaginei que tudo aquilo não passara de um sonho.

— Existe uma linha tênue entre os sonhos e a realidade. Deve ter já lido teorias empolgantes a esse respeito. Me agradam muito Freud e Platão.

— De fato.

— Você conseguiu algo magnífico neste planeta. Sabemos que pretende ir além.

O plural lhe soava como algo misterioso. Estava se referindo a ela e Soma ou haviam outros seres ligados a eles? Ômega prosseguiu:

— Realmente. Após descobrir que posso circular por outros planetas, resolvi ir além, já que considero ser possível existir uma ameaça maior.

— Suas impressões são sempre muito sólidas... Sinto vontade de beijá-lo...

Ômega ficara espantado e parou subitamente de caminhar.

— Não se assuste Ômega. Nada disso lhe é estranho. Basta fechar os olhos e me dar esse gesto de confiança.

Sem pensar muito a respeito, fechou os olhos, sentindo a aproximação dos lábios e no encontro das línguas, um sentimento novo que invadia seu peito, fazendo co oração acelerar e a mente divagar.

Ao abrir os olhos, Psi havia desaparecido.

Antes de tentar compreender, resolveu partir para sua nova ambição. Conseguindo identificar uma espécie de base que ficava circundando a órbita da Terra. Conseguiu não apenas invadir, como chegar a central de comando, onde se deparou com uma surpresa. Encontrara mais uma vez, comandando ataques que visavam abalar a ordem terrena, o seu rival de infãncia, Eric. Agora com o corpo todo restituído a partir de próteses biomecânicas.

— Realmente acreditou ter me destruído naquela explosão. Mas por ter me subestimado, agora pagará um alto preço.

Sem aguardar qualquer ato, Ômega conseguira, através de suas metamorfoses, não apenas liquidar de vez Eric, não deixando um fragmento de seu corpo, para não correr o risco de novas surpresas desse tipo. Também destruiu toda aquela instalação, com uma explosão que pode ser vista como um ponto mínimo luminoso de certos pontos da Terra. Partiu para outros planetas. Identificou que existia uma raça alienígena que se parecia com os répteis terrenos, que auxiliaram projetos de destruição contra a raça humana, estando envolvidos desde os tempos das primeiras civilizações e contribuindo para a extinção dos dinossauros. Lutar contra uma raça guerreira em que noventa por cento possui a mentalidade predatória, fez com que necessitasse de muita criatividade em suas transformações, fazendo-se valer até mesmo de poderes psíquicos para manipular as mentes e fazer com que eles próprios se autodestruíssem. Não satisfeito, ainda se deslocou a um imenso planeta governado por máquinas, travando uma batalha que se prolongou por um mês. Sabia agora de onde haviam conseguido a tecnologia, tanto para a base marítima, quanto pela recomposição do corpo de Eric e o traje do Exterminador. Nada poderia restar daquela raça robótica e isso fez com que destruísse o planeta, já que suas transformações chegaram a um nível que conseguiria tais resultados. Ainda enfrentou alguns outros planetas, fazendo com que todos aqueles próximos a Terra, entrassem na mesma harmonia e dificultando qualquer ataque desse sistema solar. O fato de estar se ocupando fora de seu planeta, fez com que precisasse criar uma central mais complexa de comunicação, em que a polícia poderia sempre buscar seu auxílio diante de situações mais graves.

Uma imagem persistia em sua mente. Estava com o pensamento fixo em Psi, desejando revê-la brevemente. Se apaixonara tantas vezes, mas agora sentia algo que estava além de tudo que havia conhecido até então em matéria de sentimento. Olhava para os rosto nas ruas e não encontrava nem um traço daquela beleza única. Ao mesmo tempo tudo parecia ser tão familiar a ela. Enterrar-se ainda mais em seus estudos e cada vez mais procurava evoluir. Chegara aos quarenta anos de idade, mas já fazia algum tempo que percebia não envelhecer. Sofreu um duro golpe, ao se dar conta que Thomas havia se tornado um cientista de caráter duvidoso, utilizando suas pesquisas para fins egoístas e mortais. Não havia se dado conta de como uma pessoa tão íntima poderia se tornar aquilo que ele combate. Sua confiança fez com que não prestasse atenção no óbvio, causando grande perigo a pessoas inocentes. Executou Thomas com um tiro na cabeça e não foi ao funeral, já que estava focado em suas novas estratégias.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 17/06/2015
Reeditado em 19/06/2015
Código do texto: T5280329
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