TELA VIVA (mini conto)
 

Na tela surrealista, em meio à pinceladas de preto, vermelhoroxo e azul, um ventre exposto, aberto, ressequido de sangue e tinta. Os atentos visitantes da galeria de arte, analisam com cuidado a beleza e a qualidade do trabalho do artista. Grotesca obra, rica em seus detalhes mórbidos, escurecida e com um efeito, escandalosamente, maravilhoso.

De repente, um grito alucinante, extremamente agudo.

Insolitamente
, como num fantástico efeito especial de cinema. Da tela morta, cai um feto, vivo, disforme, molhado, com a boca cheia de dentes amarelados, rindo, para uma platéia, absolutamente, estarrecida. Desmaios,  c  o  r  r  e  r  i  a, pessoas pisoteadas por outras fugindo em   d i s p a r a d a   pelas portas.

Uma
gargalhada, estridente, horripilante e  i n s a n a, ecoa pela galeria, agora, quase vazia. Do nada, todas as luzes se apagam. Tudo desaparece como num passe de gica.


 
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 15 de maio de 2015.

 
 

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 15/05/2015
Reeditado em 08/10/2016
Código do texto: T5242987
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