DISTRAÇÃO II


CONTINUANDO...

Um senhor alto, moreno de uns sessenta anos, com ar assustador e sonolento, olhou para sua insólita aparência, ela explicou rapidamente o que acontecera, ele gritou pra alguém dentro da casa, e chega um rapaz de seus vinte e três, vinte cinco anos, era filho daquele senhor. Uns instantes de observação e o rapaz diz ao pai para ir dormir que ele cuidaria de tudo, o senhor apenas aquiesceu e sem saiu sem uma palavra sequer.

O rapaz indicou um cômodo no fundo da casa para ela se trocar, depois deixaria  ela usar o telefone. Ao chegar à porta do cômodo, ele rapidamente tapou sua boa com a mão, com uma força absurda e disse baixinho perto do seu ouvido
- Agora vou acabar o que comecei e fui interrompido, a bricadeira estava ficando boa, até aparecer um cara vendendo drogas, então, abandonamos você, afinal, você não vale um teco e uma boa cheirada, e riu sarcásticamente.

Nesse momento, Àurea, era um  misto de ódio e desespero, ficara claro pra ela, que o pai tinha medo do filho, estava perdida, assim ela pensou.

Áurea sentou as pernas nuas fraquejarem, o rapaz arrancou suas vestes em preto e branco e a deixou exposta, mais uma vez. Ele deu uma torção em seu braço, tão forte que ela quase gritou, mas, um olhar feroz a fez calar de pronto. Ele entrou com ela no quarto e disse que ela ficasse quieta e calada. Pegou um celular no bolso, fez uma chamda e quando atenderam, disse apenas
- Você não vai acreditar, o pacote da noite, está aqui na minha casa, pegue a ruiva e venha pra cá, pra gente terminar o que começamos nessa carne branquinha.

Áurea só rezava e tremia de frio e de pavor. Por um acaso benevolente do destino, ele lhe deu as costas, por um breve instante, Áurea pegou uma estatueta de ferro, que estava em cima de um móvel no quarto, e com toda a força que pode, acertou em cheio a cabeça do rapaz, que caiu desacordado, ela pegou uma camisa e uma calça de malha com cordão na cintura, ajustou o mais que pode e correu pra fora da casa, indo na direção contrária do matagal, fosse quem fosse, a pessoa para quem o rapaz tinha ligado, deveria ser do mesmo bairro, ela resolveu não arriscar. Acreditava ter corrido pelo menos uns três quilômetros, seus pés descalços estavam em frangalhos, o dia já amanhecia quando ela avistou um posto de gasolina, se arrastando pediu ajuda.

A dona do posto e seu marido, logo a acolheram, chamaram a polícia e deixaram que ela ligasse para a diretora da creche, que a atendeu desesperada. Áurea exolicou sem muitos detalhes e pediu que ela cuidasse de seu filho por mais algumas horas, pois precisava resolver algumas coisas na delegacia depois passaria em casa, para melhorar a aparência, não queria que o filho a visse daquele jeito.

Fez a via crucis, delegacia, IML, exames, retrato falado, passou para o delegado todas as informações das quais se lembrava e foi para casa.

continua...

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 30 de abril de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 30/04/2015
Reeditado em 01/05/2015
Código do texto: T5226144
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