TERROR NA NOITE DOS POTES VAZIOS MEIO CHEIOS DE ANGÚSTIA
Vazios potes meio cheios de angústia, avassalam almas perdidas pela noite escura. Silentes e sorrateiros passos na calçada, passos que preferem vielas, ruelas, becos, ratos roendo vísceras expostas, excrementos por todo lado. Fedor nauseabundo entranhando pelas narinas sujas, ensombracelhadas faces turvas de sentimento. Gestos há muito planejados, começam o bailar mortal, sobre a presa desavisada e dispersa. O bote é certo, sem soluço ou aviso, punhal cravado por mãos calejadas agora rubras de sangue, desterro total, fim absoluto e tribal. Passos urgentes retornam pelos becos escurecidos, na calada da noite escura, se escondem em travessas lúgrubes, hora da divisão dos despojos, uma carteira, poucas moedas, um retrato de família, um cartão de ponto, um postal autografado, duas notas de pouca monta, um relógio de pulso barato, um celular antigo, um crachá de professor primário, parcos tesouros de uma vida, que se foi por nada. Passos apressados voltam ao refúgio, sem dor aparente, descansam de mais uma empreitada, mortífera na noite fechada. Fatos sem sentido, e os ratos conseguem novo banquete macabro, na noite vazia, fechada e nua.
Cristina Gaspar
Rio de janeiro, 27 de março de 2015.
Vazios potes meio cheios de angústia, avassalam almas perdidas pela noite escura. Silentes e sorrateiros passos na calçada, passos que preferem vielas, ruelas, becos, ratos roendo vísceras expostas, excrementos por todo lado. Fedor nauseabundo entranhando pelas narinas sujas, ensombracelhadas faces turvas de sentimento. Gestos há muito planejados, começam o bailar mortal, sobre a presa desavisada e dispersa. O bote é certo, sem soluço ou aviso, punhal cravado por mãos calejadas agora rubras de sangue, desterro total, fim absoluto e tribal. Passos urgentes retornam pelos becos escurecidos, na calada da noite escura, se escondem em travessas lúgrubes, hora da divisão dos despojos, uma carteira, poucas moedas, um retrato de família, um cartão de ponto, um postal autografado, duas notas de pouca monta, um relógio de pulso barato, um celular antigo, um crachá de professor primário, parcos tesouros de uma vida, que se foi por nada. Passos apressados voltam ao refúgio, sem dor aparente, descansam de mais uma empreitada, mortífera na noite fechada. Fatos sem sentido, e os ratos conseguem novo banquete macabro, na noite vazia, fechada e nua.
Cristina Gaspar
Rio de janeiro, 27 de março de 2015.