A MORTE E A VELHINHA DO 701
Rodrigo já estava se acostumando a acordar no meio da noite com dor no peito. Vinha acontecendo com bastante freqüência. Apesar disso, pareceu-lhe que, naquela noite, a dor era mais intensa. Acendeu o abajur, pensando em fumar um cigarro. Foi então que viu a figura medonha em pé, a dois passos de sua cama, no mais absoluto silêncio.
Tratava-se de um vulto alto, magro, do qual não pôde distinguir as feições. Vestia uma espécie de manto, com um capuz. O jovem sentou-se na cama, assustado, e perguntou:
– O que é isso? É um assalto?
– Não – respondeu a figura, adiantando-se mais alguns centímetros.
Rodrigo sentiu-se gelar de medo. Quando a criatura avançou, o capuz pendeu para sua nuca. Era uma mulher – ao menos, lembrava vagamente uma mulher –, uma mulher horrível, de rosto acinzentado, com olhos fundos, tão magra que sua pele mal parecia cobrir os ossos da face. À pouca luz do abajur, teve a impressão de ver feridas nas maçãs de seu rosto – ou seriam escaras? –, e de que seu nariz tinha apenas uma chaga apodrecida no lugar onde deveria ser a ponta.
– Eu sou a Morte, Rodrigo – disse ela.
– A Morte? gemeu o jovem. – Então eu estou... morto?...
A Morte esticou o braço e olhou o relógio.
– Ainda não – respondeu. – Mas é questão de minutos.
Rodrigo a olhou, incrédulo.
– Então, eu estou tendo um tratamento VIP – disse, com ar um pouco zombeteiro. – Afinal, garanto que você geralmente não conversa com suas vítimas.
– Às vezes, eu gosto me materializar e de conversar com as pessoas que vão morrer sozinhas – respondeu ela. – Sabe, Rodrigo, eu sou muito só. É bom trocar algumas palavras com alguém, de vez em quando.
Rodrigo sorriu, entre assustado e irreverente. Ainda estava se perguntando como aquela criatura havia entrado ali. Tinha certeza de que, a qualquer momento, aparecer-lhe-iam os cúmplices e o assalto seria anunciado.
– Eu sabia que você não iria tentar sair correndo ou gritando – comentou a Morte. – Eu tenho várias informações sobre você. Sei que é uma pessoa nervosa, especialmente em relação a assuntos de trabalho. Que prefere arriscar a saúde a correr o risco do fracasso profissional. Mas também sei que você nunca foi covarde. Sei que está acima do peso, é totalmente sedentário, só come porcarias e há muito tempo não verifica a taxa de colesterol no sangue. Aliás, seus colegas costumam dizer que o que corre em suas veias não é sangue, mas café. Sei que você tem histórico familiar de mortes precoces por cardiopatias. E sei que você fuma diariamente dois maços de cigarros.
Rodrigo empalideceu.
– Às vezes, são dois e meio – murmurou. – Mas como você sabe?...
A Morte aproximou o rosto do dele. Rodrigo sentiu-lhe o hálito e estremeceu de medo e de repugnância. Era definitivamente o hálito da morte – um cheiro que lembrava o de carne em decomposição. A proximidade daquela criatura com sua pele roubava-lhe o calor, e a frieza que viu em seus olhos parecia começar a arrancar-lhe a alma do corpo. Sentiu necessidade de respirar fundo, e então percebeu como isso estava se tornando mais difícil. Teve a sensação de que seus pulmões não tinham fundo – o ar que aspirava não conseguia preenchê-los...
– Está bem – disse, ofegante. – Talvez você seja mesmo a Morte.
– Você já está começando a acreditar nisso, Rodrigo.
– Adianta eu chamar uma ambulância?
– Não. Você não tem telefone convencional, seu celular está sem bateria, e você não tem tempo suficiente para acordar um vizinho.
– Bem, então, “o que não tem remédio, remediado está”.
A criatura sorriu, mostrando dentes tortos, quebrados e assustadores.
– Você tem coragem, Rodrigo. Mas não imaginei que fosse encarar isso de forma tão pacífica.
– Vai adiantar alguma coisa eu fazer um escândalo? perguntou ele, sentindo a dor em seu peito cada vez mais intensa.
A Morte deu uma gargalhada.
– Eu gosto disso. Normalmente, as pessoas me tratam muito mal, Rodrigo. Tratam-me como se a culpa fosse minha pelo mal que me trouxe até elas. Ou como se a culpa fosse minha pelo modo de vida que levaram, e que encurtou seus anos. Gritam, fazem escarcéu, tentam me atirar objetos. Houve um sujeito que descarregou seu revólver em mim, como se eu mesma fosse capaz de morrer... Mas você está agindo de modo diferente. Confesso que está conquistando a minha simpatia.
A Morte sentou-se na cama e aproximou-se. Rodrigo teve de afastar o rosto, para desviar-se daquele hálito terrível, mas conseguiu permanecer olhando para a figura.
– Quero lhe fazer uma proposta – disse ela.
– Qual?
– Vou-me embora, Rodrigo, e só volto daqui a um ano.
– Daqui a um ano? Não dá para negociar mais algum tempo?
– Não.
Rodrigo teve de rir.
– Bem, nesse caso, quando você voltar, vou esperá-la com um cafezinho – respondeu.
– Calma, Rodrigo. Tem um detalhe. Acontece que eu vim até esse prédio para levar alguém, nesta noite, e não posso voltar de mãos abanando. Mas, se você quiser, eu posso levar outra pessoa em seu lugar.
– Ah, estava bom demais para ser verdade. Muito bem, e quem seria?
– Ainda não sei. Mas, por exemplo, poderia ser a velhinha do apartamento 701...
Rodrigo franziu a testa. A velhinha do 701. Era uma senhora bastante idosa, devia ter cerca de oitenta anos, talvez mais. Sabia muito pouco sobre ela. Parece que era viúva e não tinha filhos. Vivia completamente só. Andava encurvada, arrastava uma perna, devia sofrer muitas dores. Para ela, a morte provavelmente seria um alívio.
Caramba, o que estava pensando? Não podia dispor assim da vida de outro ser humano!...
– Nem pensar – respondeu, encarando a criatura com firmeza.
A Morte levantou-se e o olhou, com um meio-sorriso.
– Você é quem sabe – disse ela.
De repente, Rodrigo sentiu como se alguma coisa estivesse esmagando seu coração. A dor tornou-se incrivelmente intensa, espalhou-se pelo pescoço, pelo ombro e pelo braço, e o jovem percebeu que se tornara impossível respirar. O pânico apoderou-se dele. O desespero o dominou completamente.
– Espere! Eu aceito!... – tentou dizer, embora a voz não lhe saísse mais da garganta.
Mas a Morte entendeu o recado.
Imediatamente, a dor passou. Rodrigo caiu sobre a cama, sem saber se estava consciente ou não, e permaneceu de olhos fechados por longos instantes, sem se atrever a abri-los.
Aos poucos, foi percebendo que voltara a respirar. Podia sentir o próprio coração batendo. Abriu os olhos. Nem sinal da figura. Levantou-se, devagar, e acendeu a luz do teto. Olhou em volta. Conferiu as janelas. Estavam fechadas. Percorreu todo o apartamento, confirmando que todas as portas e janelas permaneciam trancadas. Voltou para a cama e enfiou-se embaixo das cobertas.
– Que pesadelo danado! murmurou, tentando voltar a dormir.
No dia seguinte, muito cedo, saiu para o trabalho. Quando o elevador se abriu, levou um susto. Quem o encarava, muito sorridente, do lado de dentro, era a simpática velhinha do apartamento 701.
– Que foi, meu filho? perguntou ela. – Parece que você está assustado!
– Nada, não, dona – respondeu Rodrigo, um pouco atordoado.
– Ah, já sei. – A velhinha piscou um olho. – Você está nervoso porque vai se encontrar com alguém, hoje.
Rodrigo engoliu em seco.
– É... É isso – mentiu.
– Boa sorte, meu filho.
– Obrigado.
Enquanto trabalhava no escritório, naquela manhã, ficou tentando se convencer de que tudo não passara de um pesadelo. Ora, a Morte com um relógio de pulso! Só faltava ela puxar um celular. Ou quem sabe um laptop...
Na metade da manhã, deu-se conta de que deixara em casa alguns importantes documentos, de que precisava com urgência. Pegou seu carro e voltou, apressado. Quando chegou no saguão do prédio onde morava, para seu espanto, viu que havia uma ambulância estacionada diante da porta.
Entrou, assustado, e logo percebeu um clima de comoção. Um casal chorava, abraçado, e era consolado por algumas pessoas. Rodrigo os conhecia de vista, eram os Martins, uns vizinhos do apartamento 503. Aproximou-se do porteiro e cochichou-lhe:
– O que houve, Zé?
– Ah, Seu Rodrigo, uma coisa horrível. Sabe o filhinho dos Martins? Aquele menininho arteiro, de cinco anos? Morreu durante a noite.
Rodrigo sentiu um arrepio atravessar-lhe todo o corpo.
– O quê? perguntou, assustado. – Como?
– Não se sabe direito como. Eu mesmo fui ver, Seu Rodrigo. A mãe entrou no quarto, agora há pouco, e o filho não se mexia. Ela gritou, eu fui lá, e resolvi chamar a ambulância. Mas não vai adiantar, Seu Rodrigo. O garoto já está rígido e gelado... Foi durante a noite.
Rodrigo apoiou-se no balcão, sentindo-se a ponto de desfalecer.
– A desgraçada... – murmurou, levando uma das mãos à cabeça, em desespero. – A desgraçada não levou a velhinha... A desgraçada levou uma criança!...
– Como, Seu Rodrigo?
Rodrigo o olhou, pálido.
– Nada... Nada – disse, num fio de voz.
Durante os dias que se sucederam, Rodrigo sentia o peso da culpa esmagá-lo. Não se perdoava pela escolha que tinha feito. E não se atrevia a contar para quem quer que fosse, muito menos para um psiquiatra, que, com certeza, mandaria interná-lo num hospício. Mas sabia, sabia muito bem, que trocara sua vida pela de uma criança, uma criança cheia de saúde e de alegria, que simplesmente morrera, sem que se conseguisse ao menos descobrir do quê. E também o aterrorizava a idéia de que, daí a um ano, a morte viria buscá-lo, e levá-lo para um julgamento onde aquilo seria levado em consideração...
Parou de fumar. Nos primeiro mês, foi horrível, mas resistiu. Também parou de tomar café. Começou um regime. Fez vários exames de saúde. Diminuiu o colesterol. Perdeu peso. Em alguns meses, emagrecera vinte quilos. Tornara-se mais gentil, mais cortês, mais amigo de todos, passara a trabalhar de forma mais serena e organizada, a fazer caminhadas pelo parque, e a se dedicar a um trabalho social num abrigo para crianças pobres, nas horas vagas.
Foi justamente nesse abrigo que ficou conhecendo melhor a velhinha do 701. Há muito tempo era sua vizinha. Mas Rodrigo mal a conhecia. Nunca haviam trocado mais do que algumas palavras no elevador. O que Rodrigo não sabia era que aquela senhora simpática, octogenária, que realmente carregava as dores de um reumatismo, e cuja osteoporose já causara uma fratura numa perna que não consolidara direito, ainda ia, diariamente, ao abrigo de crianças, onde lhes contava histórias, costurava suas roupas e lhes fazia doces. Era uma velhinha encantadora, especialmente por seu jeitinho moleque quando ela piscava um olho, para dar uma idéia de cumplicidade, o que fazia com bastante freqüência. Rodrigo sentia-se absolutamente arrasado quando pensava em como havia aceitado a idéia de matá-la em seu lugar.
À medida em que se aproximava a data fatídica, Rodrigo ia-se sentindo cada vez mais angustiado. No dia em que se completava um ano da visita, Rodrigo saiu mais cedo do trabalho e foi caminhar no parque. Contemplou as árvores e ouviu a música dos pássaros ao entardecer. Procurou um prédio alto e assistiu o pôr-do-sol. Tudo lhe parecia lindo, lindo como nunca percebera enquanto tivera todas aquelas coisas à sua disposição. Agora, era a última vez que as admirava.
Chegou em casa e sentou-se, em expectativa. Não sabia a que horas a criatura viria buscá-lo. Também não imaginava de que forma ela iria entrar no apartamento. Por isso, quando ouviu baterem na porta, avançou para ela, sentindo a raiva acumulada por um ano aquecer-lhe o sangue, prometendo-se que, antes de morrer, iria dizer àquele monstro tudo o que pensava. Escancarou a porta e disse, em voz bem alta:
– Entre, desgraçada!
A velhinha do 701 o contemplou com um susto e encolheu-se. Rodrigo ficou vermelho.
– Desculpe, Dona Maria – disse. – Eu não sabia que era a senhora! Eu estava esperando outra... Pessoa...
A velhinha riu.
– Ora, meu filho, não quero atrapalhar o seu encontro. Só vim ver como você estava. Você me pareceu tão abatido, hoje...
Rodrigo suspirou.
– Dona Maria... Eu mal posso encarar a senhora...
– Vamos, meu filho. Acho que você precisa muito conversar com alguém.
Rodrigo a levou até a sala. De repente, sentiu que precisava lhe contar tudo. Sentiu que precisava de seu perdão. Relatou-lhe todo o ocorrido, sem omitir nenhum detalhe. A velhinha o ouvia, atenta. Quando terminou, Rodrigo tinha lágrimas nos olhos.
A velhinha o encarou com seriedade.
– Isso foi muito grave – disse ela.
– Foi horrível – respondeu o jovem. – Eu matei uma criança.
– Bem, isso você também não tinha como adivinhar, meu filho.
– Mas ela também não me deu certeza de que seria a senhora – quando se deu conta do que dissera, corou ainda mais e baixou os olhos.
A velhinha suspirou.
– Peça perdão a Deus, meu filho. Sabe – tomou-lhe as mãos –, todo mundo comete erros, especialmente em situações extremas como aquela em que você se encontrava. Peça perdão, em nome de Cristo, e tenho certeza de que você vai se sentir melhor.
– E a senhora, pode me perdoar antes que...?
A velhinha sorriu.
– Tenho certeza de que você ainda vai viver muito tempo. E sei que vai ser muito feliz. – Piscou um olho. – Sempre se pode dar um jeito nas coisas, meu filho. Nunca se esqueça disso.
Rodrigo agradeceu. Ela ainda ficou com ele por algum tempo. Depois, voltou para seu apartamento.
Já era aproximadamente meia-noite. Rodrigo não se despira e não se deitara. Permanecia na sala, em silêncio. Sabia que não adiantava tentar dormir.
Finalmente, sentiu uma mão gelada pousar em seu ombro. Levantou-se e encarou a figura, ainda mais medonha do que antes.
– Desgraçada! disse. – Como você se atreveu a matar uma criança?
A Morte deu uma gargalhada.
– Você não lê os jornais? perguntou. – Não assiste televisão? Eu faço isso todos os dias! A propósito, onde está o café que você me prometeu?
– Eu não bebo mais café.
– Eu sei. Mas um pouquinho diariamente não lhe faria mal. – Olhou-o de cima a baixo. – Você ficou bonito, assim, mais magro...
Rodrigo olhou-a com repulsa, mas firme.
– Chega de conversa – disse. – Faça logo o que veio fazer.
A Morte sorriu, com malícia.
– Ah, mas eu não vim buscar você, Rodrigo.
– Como? espantou-se o jovem.
– Eu disse que eu voltava em um ano, mas não disse que seria para buscar você. Aliás, tenho que lhe dar os parabéns. Você adotou um estilo de vida bastante saudável. Como todos os sinais daquele enfarte desapareceram quando eu levei a criança do 503, eu teria de apelar para uma “causa desconhecida” se quisesse matá-lo. E geralmente eu não gosto de fazer isso. Não tem muita graça para mim.
– Então, o que raios você veio fazer aqui?
A Morte aproximou-se dele. Rodrigo pôde sentir-lhe novamente o hálito terrível.
– Desta vez – disse ela –, eu vim para buscar a velhinha do apartamento 701.
Rodrigo indignou-se. Sentiu a raiva percorrê-lo como se fosse uma descarga elétrica.
– Ah, não – disse. – Deixe ela em paz. Ela ajuda as pessoas!
– Isso não me interessa, Rodrigo. Isso nunca me interessou.
– Pois bem. Há um ano, era para ter sido eu, não era? Pois então, que seja eu agora. Leve-me no lugar dela!
A figura o encarou, com olhos penetrantes.
– Tem certeza? perguntou. – Você ainda pode ter muitos anos de vida pela frente.
– E também pode ser que você esteja me esperando na próxima esquina – respondeu ele, resoluto. – Não caio mais nos seus truques. Vamos, leve-me de uma vez!
A morte suspirou e deu um meio-sorriso.
– Está bem – disse ela.
Rodrigo desabou no sofá e fechou os olhos. Não sabia exatamente o que esperar. Mas nada aconteceu. Após alguns instantes, abriu os olhos. A figura desaparecera.
Súbito, lembrou-se da velhinha e sentiu uma onda de terror. Levantou-se, voando para o corredor do prédio. Chamou o elevador, mas não agüentou esperar que chegasse. Subiu os três lances de escada aos pulos. Bateu na porta número 701 até esfolar os nós dos dedos. Não vinha qualquer barulho do interior do apartamento.
Desesperado, pegou o telefone celular e chamou a polícia. Logo, dois guardas apareceram, arrombaram a porta e entraram. Rodrigo entrou atrás deles. Imediatamente, enxergou o cadáver, tombado no meio da sala.
– Ah, meu Deus!... murmurou, sem se atrever a aproximar-se.
Os guardas correram até o corpo e o examinaram.
– É, ela está morta – ouviu um deles dizer.
O outro fez uma careta.
– Nunca vi uma coisa assim – comentou. – Espero que os caras da funerária consigam dar um jeito nisso. Está muito, muito bizarro.
– É, está mesmo – concordou o primeiro.
Rodrigo aproximou-se, intrigado.
Então, percebeu que a velhinha tinha um dos olhos fechado, e o outro aberto.
– Ela... Ela está piscando para mim!... disse.
De repente, compreendeu. A velhinha do 701 havia morrido sozinha. Também conversara com a Morte. E com certeza pedira a esta que lhe desse uma chance de se mostrar arrependido...
– Ah, não – cochichou um dos guardas. – Mais um esquizofrênico.
– Acho que não – respondeu-lhe o colega. – Mas acho que era muito amigo dela.
Rodrigo ajoelhou-se ao lado do corpo e afagou-lhe o rosto, com carinho, sentindo um alívio que há muito, muito tempo não experimentava.
MAIO DE 2007
Nota: esta é uma obra de ficção, que não retrata necessariamente minhas crenças, idéias e opiniões. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos reais terá sido mera coincidência.