Face Inocente

Quando criança, deixada aos cuidados do padrasto. Estuprada por horas, dias, meses, anos em um quarto. Conseguia distinguir o cheiro daquele ambiente nojento, os lençóis de cama com aroma daquele sexo que tanto odiava. A mãe que sabia e não se mobilizava a respeito. O pai, preso e morto no complexo penitenciário, deixara apenas de lembrança, as reclamações da esposa, que dizia não ter sobrado nada com que pudessem sobreviver. A mãe ofertava o corpo em troca de trocados e foi assim que conheceu o atual namorado, que parecia ser uma boa escolha para que pudessem se manter. A menina, virgem, de corpo em formação, fez com que o apetite de lobo do pedófilo aflorasse. Sentiu ser rasgada entre as pernas, com a violência com que foi penetrada. Dor ainda maior foi no estupro anal, sangrando por alguns meses e engolindo o choro, já que os tapas e soco abafavam qualquer ato de rebeldia.

Um dia, satisfazendo oralmente seu estuprador, serviu-se de uma faca na cozinha sem que o mesmo percebesse. Arrancou-lhe com um único golpe o pênis com os testículos. O homem em estado de choque quando pensou em gritar, recebeu estocadas na região abdominal e caiu no chão. A menina, ajoelhada sobre uma poça de sangue, utilizou uma faca de cortar pão para serrar a cabeça e por fim usou uma machadinha, até rolar a cabeça pelo solo como uma bola de futebol e deixar os cães vira-latas entrarem para provarem daquela carne fresca. A mãe chegara mais tarde, já cansada por ter se aberto a outros homens, alterada por estar embebedada. Chegando em casa, no quarto do casal, ao avistar a cena terrível, dos cães atacando aquele corpo, se tornou histérica. Foi surpreendida por golpes de faca nas pernas, caindo aos gritos. Agarrada pelos cabelos teve um dos lábios decepados e uma boa pancada na cabeça, com a marreta do antigo ajudante de pedreiro, deixou-a zonza.

Calmamente, a filha lhe arrancou a língua. Vários cortes desferidos, rasgando a pele. Uma faca amolada por um açougueiro profissional. A lâmina era quase um bisturi, necessitando de mais força. Os olhos foram arrancados das órbitas e ateou fogo no corpo em seguida, com tudo que conseguiu na casa de inflamável, deixando o lugar queimar e explodir com o botijão de gás. Primeiro vieram os bombeiros, em seguida a polícia, peritos e a assistência social que acolheu a órfã. Calmamente ela brincava com bonecas no abrigo, ainda isolada das outras crianças. Algo normal, depois de ter perdido os pais em um incêndio. Os corpos possuíam marcas de assassinato. Em uma região de chacinas, ficou claro que motivo foi esse e que a menina traumatizada, ainda que soubesse de algo, não contaria.

Seu rosto inocente, fez com que em poucos anos fosse adotada por uma família de classe média alta. Existia um irmãozinho, que acidentalmente foi atropelado. Na verdade ela o havia empurrado de encontro ao caminhão do lixo, eliminando a concorrência em relação ao seu afeto. Cada dia mais amada. Observava pelas frestas do quarto os pais fazendo amor e se recordava de seus estupros, imaginando que todas as pessoas possuíam esse desejo maldito por sexo e que se aproveitariam de corpos alheios em busca de sua própria satisfação. Não adiantaria matá-los, pois outras pessoas estariam com ela e a cena se repetiria. O homem, com receio de assaltos, havia comprado uma arma para uma possível proteção. Pistola leve para que caso ele fosse rendido, a esposa pudesse se proteger. A esposa, também ensinou o básico para a menina. Que em um final de tarde, atirou contra a cabeça do homem que dormia. A esposa, no banho, ouvindo música alta, não percebera o som do disparo. No banheiro, a cortina sendo aberta e a menina descarregando a arma contra o corpo nu daquela mulher que se lavava do sêmen do parceiro.

Moravam em no oitavo andar de um apartamento no centro da cidade. Os vizinhos já haviam acionado a polícia. A menina se lançou pela janela, colidindo contra a grande da entrada do edifício. Cena terrível acontecida no horário de rush. Avenida lotada e pânico da população. A polícia investigando as mortes e a possível tentativa de assassinato da menina, que milagrosamente, havia sobrevivido à queda. No hospital, tendo seus ferimentos cuidados, recebeu a visita e investigadores, que suspeitavam de sua participação nos assassinatos, já que havia encontrado indícios que incriminavam a pequena suspeita. Antes que pudesse ser presa ou algo do tipo. levantando calmamente durante a noite, armou-se com um bisturi e em frente ao local onde ficavam as enfermeiras, olhou para os rostos dos que estavam de plantão e rasgou a própria garganta, na frente das câmeras de segurança. Para a polícia, o fim de toda aquela trama tenebrosa.

Para os funcionários, aqueles corredores passaram a ser assombrados e paciente diziam avistar o fantasma de uma menina com rosto delicado e face inocente, percorrer os quartos com olhar assustador, fazendo com que diversos doentes pedissem transferência, apesar dos primeiros terem sido considerados insanos. A grande quantidade de casos fez com que não pudessem mais ignorar o fato. Alguns acidentes trágicos reforçaram para que fechassem a instituição. Até hoje, o terreno é considerado maldito. Corretores de imóveis tentam vender a área, procurando ocultar o passado dos possíveis compradores. Um corretor morreu de acidente de trânsito ao voltar de uma negociação a respeito desse local. Uma mulher que investiga casos de ocultismo, comentou diante de policiais uma vez, que às vezes o mal nasce na alma por conta de alguma violência e desperta uma maldade inesperada, mesmo que antes seja inocente, se transforma na essência do que há de pior e se torna capaz de algo além da simples compreensão humana.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 14/12/2013
Código do texto: T4611531
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