Conclusão Psiquiátrica de Anelise Hansen, por Esther Maximilian
Eu não entendo até agora qual foi o erro, onde que Anelise começou a apresentar os sinais de que ela não estava realmente bem. Eu esperava por ela hoje, quinta feira, três e meia da tarde, como é combinado nosso horário. Mas o que eu recebo é a ligação de Leonard dizendo que estava com minha paciente dopada em um quarto isolado, por ela havia tido uma crise psicológica.
Pelo que me foi passado, Anelise foi para o hospital na terça feira de manhã e ficou em estado semiconsciente até recobrar a lucidez, ao acordar na quarta feira. Ela havia dado entrada com leves escoriações e pancada forte na cabeça, após ter sofrido um acidente na escada. O resto do dia havia sido bem comum até que, quando seu marido que estava a acompanhando na pernoite desceu para ir até a lanchonete, chamou a enfermeira de plantão e a deixou desmaiada com traumatismo craniano, ao lado da gaveta que usou para acertar a mulher, que, como se não bastasse, era uma ex-colega de trabalho. Depois, foi vista com as roupas dessa enfermeira entrando no necrotério do hospital, onde foram encontrados corpos abertos com marcas de um bisturi e uma janela quebrada, cujo barulho, na hora, alertou vários enfermeiros a tentar descobrir o que aconteceu. Ela foi vista com uma estava de madeira, cavando o túmulo do filho, e depois, encontrada por um dos enfermeiros dentro de um mausoléu antigo, escrevendo o diário que eu acabei de ler e me impressionar com tamanha complexidade mental, com um bisturi compatível com as feridas nos corpos deixados expostos.
Anelise foi contida imediatamente e sedada pelos médicos, onde, por volta das duas da tarde, foi transferida para o asilo psiquiátrico da cidade, tal que agora, provavelmente esteja dormindo sob efeito das medicações pesadas.
A primeiro julgar, como relatório final de minhas sessões com Anelise Cameron Hansen, posso enquadrá-la num caso de esquizofrenia por traumas psicológicos, primeiro pelas histórias vividas pela mãe, Elizabeth Cameron, na qual o suposto “anjo” a perseguia incansavelmente. Seria fato que essa esquizofrenia a deixava extremamente violenta, na qual, eu deduzo de acordo com suas próprias palavras, ela tentou se livrar de uma mulher inocente sem nem pensar duas vezes. Outro fato, mais marcante ainda de sua personalidade é sua relação com o filho nos últimos dias de sua vida. Conversei com Leonard a respeito do caixão de Ian, e ele foi lacrado a pedido da mãe. De acordo com ele, a mulher estava correta quanto ao fato de um trauma no crânio e hemorragias graves nos órgãos internos serem o motivo da entrada de Ian Hansen no hospital, e que esses sintomas foram se agravando, como se a hemorragia consumisse seu organismo.
O fato intrigante é sua suposta “premonição”, na qual para se livrar da visão daqueles olhos do “anjo”, ela acerta a cabeça do filho na porta do carro. Não me impressionaria se essa batida tivesse sido uma das causas iniciais para os problemas que ocasionaram na morte da criança.
Anelise se mostrou uma pessoa destrutiva, porém, muito fragilizada por coisas que aconteceram em seu passado. Apenas declaro, em meu relatório final, que a mulher possui sérios problemas e necessita de tratamento urgentemente.
Doutora Esther Maximilian, psicóloga e psiquiatra.