O Dia Em Que A Morte Desapareceu
Certo dia, numa bela tarde de abril a morte sumiu. Ninguém saberia dizer com certeza onde e quando começou, mas sua ausência foi sentida e vista em toda a terra. Um home caminhava tranquilamente pela rua que dava acesso ao centro da cidade quando de repente um motorista perde controle de seu carro e o atropela. Ossos são fraturados, ferimentos expostos, sangue espalhado, muita dor sentida, mas nada de morte. Espera quase meia hora pelo socorro resistindo aos ferimentos e ao sol queimando sua pele, vivo. Longe dali, outro homem é baleado durante um assalto e apesar de levar cinco tiros, alguns atingindo órgãos vitais, não morre. Uma mulher se joga de um viaduto, quase 15 metros de queda, não morre, apesar de sentir a dor da morte sobre si. Assim começa a se espalhar pela terra um estranho fenômeno: a ausência da morte. Algumas pessoas achavam que aquilo era uma bênção, o tão sonhado paraíso havia finalmente chegado? Esse pensamento não durou muito tempo. Logo as verdadeiras consequências da falta da morte começaram. Em pouco mais de quarenta e oito horas os hospitais começaram a ter todos os leitos ocupados, a maioria por pacientes com dores insuportáveis e ferimentos que levariam qualquer pessoa a óbito, se isso fosse possível. A morte não pertencia mais ao mundo humano? Estariam as pessoas fadadas a se viverem até que seus corpos apodrecessem e se tornassem mortos-vivos? Alguns dias depois o caos já estava instaurado no mundo. Os mais crentes acreditam que se cumpria finalmente uma profecia apocalíptica e que aquele terrível sofrimento logo cessaria, enquanto os mais céticos simplesmente não tinham uma explicação, nem ao menos uma teoria para acreditar, ninguém sabia na verdade o que acontecia, mas a morte já não era mais vista entre os humanos.