Ataque

O dia do apocalipse se aproxima. Pessoas discutem os primeiros passos antes dos últimos. Um rapaz pobre, dentro de um foguete improvisado, se despede dos familiares, como um último adeus. Decola e cruza os céus, indo em direção a alvo conhecido. Um carro preto, em alta velocidade, se desloca pelas estradas, avistando o foguete e acompanhando sua trajetória. Políticos apresentam seus sorrisos de mentira nas telas de tv. As pessoas ajoelham-se diante dos templo religiosos, com a face voltada para o alto em algumas culturas, sendo que outras, o rosto contempla o solo. Mas todos, com os pensamentos elevados, afim de alcançar uma graça que possa orientá-los, já que não acreditam mais que possam ser salvos. As crianças continuam a brincar, indiferentes a tudo, aproveitando cada momento com energia. Alguém termina um livro, crendo ser o último.

Na escola, o professor carrega uma pilha de papéis e cadernetas. Caminhando pelo pátio, que está tomado por pessoas bebendo, jogando sinuca e conversando em mesas que são o estereótipo de grupos de bar. Acende seu cigarro e caminha reto, sem desviar o olhar. Mesmo sabendo que o observam. Senta-se em uma mesa ao fundo. Um aluno se aproxima, perguntando se naquele dia haverá prova. A resposta é positiva, após soltar uma lufada de fumaça. Calmamente dá outra tragada, mesmo com o estrondo do sinal que anuncia o término do intervalo. A música de fundo incentiva as pessoas a falarem mais alto. É dia, o sol está forte. Um vento faz um pouco de poeira se espalhar pelo ar. O professor se levanta, dirige-se até uma das mesas, servindo-se de um copo de bebida, esvaziando-o com apenas um gole. Alguns papéis voam, mas não faz nenhum sutil gesto que demonstre preocupação em recuperá-los.

A moto estaciona em frente a casa de shows. Entra apresentando o ingresso, sem retirar o capacete. Dentro do recinto, observa os dois palcos próximos. Algumas pessoas começam a aglomerar. Todos recebem de brinde, visores de capacetes, com desenhos que fazem recordar caveiras mexicanas. A banda de death metal se prepara para iniciar o espetáculo. Comentam da necessidade em retirar uma pequena mesa de madeira próxima ao palco, que pode ser destruída e servir de armar em algum tumulto. Um rapaz comenta sobre brigas na entrada, pessoas correm em direção ao local. Dentro alguém comenta, que não precisam ir lá fora, já que ocorrerá confusão ali dentro. Todo o público se veste de preto. Garrafas são estouradas no chão, após consumirem a bebida. Algumas, atiradas contra as paredes, espatifando. Os gritos aumentam, a medida que o evento principal se aproxima. Mais e mais pessoas entram, ocupando os espaços do pequeno território. Os corpos estão ali. Logo virá o canibal que os devora.

No escritório, o sujeito faz suas contas. Dorme, por ter comido e bebido durante o almoço. Acorda engasgando, com a cena inusitada, do empregado com o cano de uma arma dentro de sua boca. Sua própria arma, pensara. Gemia, sem conseguir pronunciar uma palavra. Os olhos arregalados. O clique do gatilho e o estrondo do tiro, que explode, quebrando-lhe os dentes, com o projétil saindo pela parte de trás de seu crânio. O corpo cai. Uma poça de sangue se forma sobre os papéis. O ambiente, tomado de poluição sonora, não deixa que outros escutem o disparo. Dirige-se ao andar superior. Abre a porta do quarto da filha do morto, que está com o namorado e ordena que comecem a trepar. Aterrorizados, iniciam uma gritaria. Mas o tiro que explode a tela da tv, faz com que se calem. Tiram as roupas. O rapaz tem dificuldade em se excitar. A garota se ajoelha e o chupa. Aperta o gatilho na lateral da cabeça do jovem, ainda de pau mole. O grito da menina e o corpo tombando sobre a cama. Segura a namorada do morto pelos cabelos, aponta para sua testa e dispara.

Pelo corredor, o garoto se aproxima. Outro filho. Esse com problemas mentais. Segura-o pelo pescoço e esgana, até o corpo parar de se mexer. Dirige-se ao quarto da esposa do falecido. Ela encontra-se vestida com um roupão. Com fones de ouvido, dorme ao embalo de alguma música. As mãos entram a vestimenta e apertam o seio. A mulher se assusta e acorda, arrancando os fones de ouvido. A arma apontada para ela. Pergunta dos filhos. A resposta é, todos mortos. Começa a chorar, mas antes de prosseguir a lamentação, o estrondo. Um tiro contra o peito, que perfura o seio esquerdo, fazendo com que role da cama e caia no chão, se arrastando em direção a porta. Armado com uma estátua da justiça, que servia de enfeite, desfere diversos golpes contra a cabeça da mulher, que perde os sentidos. Pessoas batem na porta de entrada. Aguarda em silêncio. A polícia é acionada. É possível ver a viatura se aproximando e os homens fardados subindo os andares.

Ergue o corpo do garoto e o joga pela sacada. Fazendo o mesmo com o casal de namorados e por último, a esposa. A polícia invade e troca tiros. Consegue atingir um policial no rosto, se protegendo na cozinha. Quando o segundo policial se aproxima da porta, com intuito de vingar o parceiro atingido. O suspeito, rola o botijão de gás até a porta, deixando e atira contra o objeto, causando uma explosão que lança o policial a uma distância considerável. Aproxima-se do oficial da lei ferido, e atira em seu rosto. Desce pelas escadas em alta velocidade, entrando no carro dos policiais e saindo a toda velocidade. Para o carro em um local abandonado. Retira sua máscara, as luvas, a roupa, deixando-as dentro do veículo. Veste-se de indigente, com sua barba por fazer e uma garrafa de bebida barata sob o braço. Aponta para os policiais que se aproximam o local para onde viu o suspeito fugir, voltando a deitar-se embaixo da ponte, enrolado com seu pedaço de papelão. Na pilastra da ponta observa a inscrição que fora pichada, fuck off. Bebe mais um trago e dorme tranqüilo, observando as águas calmas do rio poluído.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 31/03/2013
Código do texto: T4216444
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