Medusas

Dentro do templo moderno, onde cabos promovem conexões em uma rede de novelos emaranhados, criaturas se desenvolvem. a escuridão, um fator ambiental predominante, abriga suas hóspede carinhosamente, com novas crias sendo cultivadas, ainda que dentro de uma postura estéril. Em profundidade que vai além dos domínios de Hades, explorando algo que vaza o mundo sem sair dele, causando uma portal que possibilita uma comunicação progressiva.

A primeira, de curtos cabelos, arrepia o couro cabeludo, possuindo micro répteis, quase em fase ovular, mas já desprovidos daquela veste embrionária, com movimentos mais restritos, deixando visível o rosto de olhos cavernosos, com dentes pontiagudos em sorriso bestial, cavando com braços alongados, túneis para transmissões, já que dá suporte às irmãs, que se insinuam em cada brecha que é produzida, a ponto de entupir todas as passagens. Os seios murchos recebem cobras pequenas que despencam da cabeça, mordendo os mamilos secos, em busca de algum alimento que as faça sobreviver a queda.

Mais adiante, a outra irmã demoníaca, com cabelos médios, fazendo uma franja que lhe tapa os olhos, uma verdadeira sebe. Répteis maiores compõe o seu terreno capilar, movendo-se frente aos olho, hipnotizando quem se defronta com aquela grosseira imagem. A boca é velada, como desprovida de riso, em um mutismo sepulcral. Seu corpo todo vazado pelos poros, para que serpentes penetrem, formando conexões, como plugues abertos a serem explorados. Não se sabe quando está com os olhos fechados ou abertos, já que a franja é persiana das vistas. Toda lisa, como se houvesse depilado, já que precisa estar desobstruída para receber o fluxo externo. A vulva também selada, em um processo de invaginação. Superfície do baixo ventre, lisa, feito um modelo bizarro de manequim, somente o ânus é passivo de penetração, onde expulsa os dejetos das sobras não aproveitadas.

Como terceira medusa, com cobras espalhadas feito um sol, indo sempre para o alto, como se buscassem algo nas alturas. Arranca os cabelos, em um ataque triconômico, lançando os répteis na direção das outras criaturas. Sempre em pranto, com feridas capilares que cicatrizam a cada momento, uma espécie de Prometeus capilar. O martírio corta os vínculos, ao mesmo tempo, que fornece uniões de dimensões fracionadas. O choro impressiona, já que escorre por sangue, inundando o solo, já que parece ter uma quantia sem fim, o que limita seu território com o contraste escarlate. Os seios rígidos são rochosos, com mamilos que são setas pontas a afrontar quem ouse abraçá-la.

A grande matrona, com cabelos cacheados que cobrem o corpo, expondo pelos que saem por todas as extremidades. Seios enormes e flácidos, como montanhas no meio de uma densa mata. Serpentes imensas se enrolam em seus braços, a todo momento abocanhando em afronta quem se aproxima. Olhos brilhantes que aparecem feito diamantes em meio aos cachos volumosos. Conectando-se a todas as suas irmãs, atraindo a multidão fora do subterrâneo, com ondas serpenteantes que alcançam esferas inimagináveis, para seres desprovidos de consciência multidimensional. Sua vulva é oculta em tamanho emaranhado de cobras, muitas sendo engolidas pela própria vagina, expelidas no ânus, em um processo de regurgitação parturiante. Petrificando tudo que toca, à medida que conduz de forma passiva, a sua rede.

Por fim, fechando o pentáculo, a mais jovem, a quinta bruxa, que é totalmente envolvida pelas serpentes. Seus cabelos a cobrem, feito um casulo, mas essa lagarta jamais virará borboleta, pois se faz banco de dados, obtendo todo o conteúdo e nutrindo-se, juntamente com suas irmãs. Nada é possível detectar de suas forma, já que é arrendondado o aspecto, algo próximo a um ovo. Dentro a relação é nuclear, não compartilhando com as outras as conexões, já que não expõe o processo, no máximo são restritas ao emaranhado externo que faz as serpentes alheias se perderem antes de chegar ao centro. Um labirinto que se faz ninho de serpentes, libertando muitos pelos, mas retendo a grande parte, pois sua proteção é o mistério, velando-se incessantemente. As cinco irmãs juntas são invencíveis, por uma suprir as deficiências das outras, daí a necessidade de se manterem unidas e restritas a um lugar longínquo. São estéreis entre si, mas conseguem produzir sua rede além dos domínios que seus corpos estão restritos, possuindo a imortalidade, pelo ciclo infinito de repetição que promovem.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 26/08/2012
Código do texto: T3850058
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