Indigesto

Acordara desesperado, com cólicas abdominais. No sonos agitado, o sonho já revelava as dores, fazendo com que imagens de banheiros aparecessem nos episódios oníricos. Levanta-se em um salto, indo em direção a privada. Senta-se resoluto e faz força, não conseguindo expelir nada, apenas aumentando as cólicas. Do pênis a urina sai com facilidade, mas do ânus, nenhum sinal. Apalpa entre as nádegas, surpreso, ao perceber que não existe orifício. Não que houvesse sido selado, mas parecia liso, como algo que nunca existira. Se recordara de momentos em que evacuara sem problemas, mas agora, faltava uma saída para suas necessidades fisiológicas. Resolve gritar, mas de sua boca sai uma enxurrada de fezes moles, verborrágica diarréia, sujando o lavatório. Ampara com as mãos na tentativa de conter o jorro, que só cessa quando faz silêncio.

Limpa o lugar, embora o cheiro já impregnasse o recinto. Após um banho demorado, a campainha toca. Entra sua amante, que deixara o marido no trabalho e fora para seu encontro habitual. A mulher ficou espantada, ao ver a quantidade de gestos que o homem fazia, acreditando que se tratava de uma nova brincadeira amorosa. Apalpara o órgão flácido do sujeito, sem nenhum resultado. Ela o sacudiu, mas em resposta, fez um bilhete relatando o que havia ocorrido. Fora colocado de quatro e examinado com cuidado. Depois o conduziu ao banheiro, retirando a roupa de ambos, pedindo que ele começasse a falar. Cada abertura de boca, era uma cascata de fezes, que a mulher gozava ao sentir, passando as mãos pelo corpo e espalhando o conteúdo expelido. Lambuzada de excrementos, abocanhara o órgão do amante, fazendo enrijecer dentro de sua boca, provando sêmen com fezes.

Não poderia trabalhar naquela situação. Sua amante o abandonara, pois precisava voltar a seus afazeres domésticos. Combinaram que era ligaria para o serviço, esclarecendo que estava doente e precisava se ausentar por alguns dias. Um médico, amigo de infância, fora encontrado e mostrou0se solícito. Tentara reabrir o orifício anal, sem êxito. A dor da perfuração do aparelho, fez o paciente gritar, inundando o consultório de excrementos. O caso fora mantido em sigilo, recebendo ajuda financeira por parte da amante, que se deliciava com os banhos de diarréia oral. Em um ato de ódio, pela mulher que só desejava o gozo em detrimento de sua saúde, a sufocou em um beijo que a fez engasgar com as fezes, morrendo asfixiada pela pressão dos dejetos. O corpo fora abandonado em um depósito de lixo, sendo encontrado dias depois, sem que qualquer suspeita caísse sobre o amante. Os investigadores diziam que foi suicídio fecal. O viúvo que não sentia mais nenhum sentimento pela morta, deu a vítima um enterro digno e encerrou a história.

As cólicas eram constantes, fazendo com que precisasse falar para se aliviar. Mesmo sem consumir alimentos, expelia quantidades imensas de fezes quando falava. Na tentativa de selar a boca, fez com que vazasse pelas narinas. Pensou em se matar também sufocado, mas a pressão o fez perder os sentidos, voltando a si intacto. Soube por informações da justiça, que sua amante estava grávida, o marido soubera do filho que com certeza não fora concebido por ele. Cheio de remorsos, enforcara-se sob a ponte da cidade. Uma criança que morava nas ruas, vira um canudo escuro sair de sua boca. “Uma onda de suicídios invadira a cidade”, era a notícia estampada nos jornais, com a observação da boca suja de fezes, o que fez com que associassem os casos e assegurassem que esse era o pai da criança que não vingara. Só a criança viu o canudo marrom. Por coincidência, estava embaixo da ponte defecando. Longe dos olhares curiosos, abrigada pela noite. Usando as águas do rio poluído para lavar os resquícios de fezes no ânus.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 17/08/2012
Código do texto: T3835737
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