Reino da Guerra

Ando por entre pessoas conflituosas. Ergo esse corpo comum. Andarilho em meio a massa de gente suja, com roupas de estética plebéia. Invado o subterrâneo em busca da outra pedra, já que possuí outras que me concederam novos atributos. A mais recente, forneceu uma força que me faz esmagar colunas de pedra como se fossem de isopor.

Minha identidade secreta, faz com que passe despercebido por esse reino, caminhando como um transeunte qualquer. Mas algo parece perceber minha presença. Eis que surge um aliado, com trajes leves, usa da velocidade aérea. Armado com dois sabres, ceifando os adversários sem que se dessem conta do que os atingiu. Corpos decapitados amontoados, formando um tapete cadavérico. Perseguido por entre guetos, consegue despistar os perseguidores, ou pelo menos creio ter conseguido, já que perdemos o contato.

Parado diante dos magistrados, eis que surge uma figura descomunal, um corpo coberto por uma espécie de burca azul. Equivaleria facilmente a um prédio de pelo menos quatro andares, revelando por baixo do tecido, uma criatura monstruosa, não apenas na estatura, mas peluda e de presas afiadas, portando uma clava magnífica. Coberto de pequenos adornos, se comparados ao corpanzil, que enfeitavam a besta, que era guiada por um ser medíocre, que montava sobre a fera e que demonstrava dominá-la.

Fui encarado nos olhos pelo gigante, que não enxergou meu olhar de traição. Nem mesmo o pequeno que o guiava, sentiu qualquer resquício de perigo vindo deste infiltrado. A cidade apresentada por súditos, até ser levado ao hospital, onde contemplei os enfermos prostrados. Não poderia ter a mesma postura, por isso me revelei. Atacando em seguida os meus acompanhantes, despedaçando seus corpos, desmembrando-os com a força de minhas mãos, deixando-os em pedaços em meio ao corredor hospitalar.

Clamando aos rebeldes que se unissem a causa, indo para o campo de batalha enfrentar o mais temido inimigo daquele reino, o gigante bestial. Disseram que seria impossível vencê-lo, com risadas me escoltaram pelo trajeto. Enquanto retornava ao centro daquele lugar, despedaçando objetos pelo caminho, uma forma de me certificar de minha própria força, transformando em pó o que era de madeira maciça, assim como retorcendo aço e esfarelando concreto. O olhar de fúria transpassava a ironia do povo e se dirigia ao meu adversário, sem que nada pudesse intervir entre eu e ele.

Não porto armas. A estratégia será lutar até o fim das forças, um dos dois irá sucumbir essa noite. Apesar do pequeno guiar, a besta possui ataque independente, o que tornará indiferente qual dos dois exterminar primeiro. Embora eliminando o menor a princípio, possa de alguma forma afetar o outro. Arrancarei aquela burca e revelarei a face do meu inimigo, para que possa fitar com fúria aqueles olhos que ousaram adentrar meu caminho e tirar esse empecilho para a conquista de mais uma pedra, a que equivalerá a uma das etapas mais importantes dessa caminhada, pois fará aflorar o poder dos meus mais íntimos desejos.