Rite

Em casa, abre a geladeira. Retira um recipiente, dentro um coração humano, banhado em sangue. Retorna o pote. Abre outro. Agora com um fígado. Também devolve. Por fim, no freezer, encontrar um braço infantil. Prepara com dedicação, tempera a seu gosto, degustando após assar, a inusitada iguaria. Satisfeito, dirigi-se até outro cômodo, que fica localizado em um patamar abaixo. Encontra uma mulher presa, acorrentada. A boca com fita isolante. De uma caixa, retira um gato siamês. Abre o felino com um punhal, despejando o sangue sobre o corpo feminino. Desfazendo-se do cadáver do bichano.

Traça no solo, figuras ritualísticas. Entoando uma espécie de mantra. Sua túnica se destaca. Despe-se, apresentando um corpo todo trabalhado em tatuagens, com simbologia esotérica. Do teto pendem ganchos afiados. Sua força física permite suspender a mulher, colocando-a suspensa nos ganchos, que rasgam a pele das costas, em uma suspensão forçada. O choro desce em companhia do gemido reprimido. Apenas observa as gotas de sangue pingando.

Abaixo, se posiciona uma jovem nua, banhando-se com o sangue que desce, fazendo movimentos no corpo para aumentar a fissura e provocar maior volume de líquido sobre sua pele. O homem se aproxima, se beijam. Em outro ponto do cômodo, uma menina encontra-se amarrada a um banco, seu rosto virado para a parede, um capuz não permite que tenha conhecimento visual, consegue apenas ouvir sons.

Um defunto masculino, deitado sobre uma maca, Começa a produzir odor desagradável. A jovem levanta-se, com bisturi abre o ventre do cadáver. Coloca os órgãos em cima de uma bancada, explora a caixa torácica com as mãos, tateando por dentro daquele indivíduo oco. Em um vidro na prateleira acima, a cabeça de um bebê banhada em líquido de aparência escura.

Acendem mais velas, todo aquele local possui apenas essa iluminação. Os volumes de cera derretida no solo, são significativos. A pele do rosto de um velho, está pendurada em um cabide. O homem abre uma caixa de proporções exageradas. Dentro, uma mulher aterrorizada, trancada nua. Com agulhas de crochê, começa a perfurar aquele corpo feminino, em uma espécie de vudú. A primeira agulha atravessa o mamilo, feito grosseiro piercing. As palmas das mãos são perfuradas, orelhas, braços, pernas, mamas. A mulher aparenta-se a uma espécie de ouriço burlesco. Nenhum ponto vital é afetado.

A jovem se aproxima da menina no banco, retira o capuz, acaricia os cabelos. Voltando em direção ao homem, alisando-lhe o membro. Também profere mantras, faz desenhos no solo. Deitando-se dentro de um círculo. O seu cúmplice, traz algumas aves, pombos e frangos, arrancando-lhes as cabeças, despejando o sangue sobre o corpo da jovem. A suspendida e a perfurada, contemplam com horror a cena, apesar da dor imensa que sofrem.

O homem deita sobre o corpo, são dois dentro do círculo. Começam um ritual sexual, tendo como término o orgasmo recíproco, em sincronia. Limpam seus corpos, vestem-se, vão até a criança no banco, ajoelham em forma de reverência. Colocam de volta o capuz. Fecham a caixa com a perfurada dentro, colocam uma espécie de biombo em volta da pendurada para que fique velada. Sobem em seguida para o cômodo acima. Trancam a propriedade, dirigindo-se para o parque da cidade. A noite com céu estrelado os inspira, só retornarão ao amanhecer, pois o ar noturno parece-lhes convidativo.