Underground
Em um dia de semana corriqueiro. Uma quarta-feira. Aquele meio que está entre a lástima do início e o regozijo do fim, por conta da labuta. O sujeito chegara do trabalho, retirando o uniforme, entrando no banheiro para relaxar. Saíra enrolado na toalha, fazendo uma refeição leve, vestindo roupa mais confortável. Na geladeira serviu-se de uma garrafa de água gelada, a temperatura seca, instigara-lhe. Desceu as escadas para o seu porão.
Deparou-se com uma mulher amarrada, vendada e amordaçada. Aproximou-se, desferindo um sonoro tapa na face da prisioneira, que chorava soluçando. Contemplou o corpo nu, pele branca, cabelos castanhos e longos. Com um pedaço de espelho, fez pequenas fissuras na cocha, deixando fios de sangue surgirem. Olhou seu reflexo, contemplando o olhar maligno por um bom momento, indiferente a figura feminina.
Repentinamente, com um aparelho de barbear, começara a depilar a região pubiana da encarcerada, sem qualquer espuma ou sabonete para aliviar o atrito, ocasionando pequenos cortes. Com a língua provava os pequeninos riscos de sangue. Após, arrancou a mordaça, ouvindo súplicas e choros. Mais dois tapas violentos. Para em seguida, com um alicate, começar a quebrar os dentes, arrancando alguns. O sangue jorrava pelos lábios já avermelhados por natureza.
Fechara os lábios com uma das mãos, com a outra, utilizando um grampeador, começara a vedar aquela boca. Grampos grossos que uniam as peles labiais com violência. Tomando uma máquina de cortar cabelos, raspando a cabeça feminina. Dando tapas no topo do crânio. Arrancando a venda. Fitando aqueles olhos amedrontados, que apenas enxergavam um rosto mascarado, que só revelava um olhar sombrio.
Com agulha e linha grossa, começara a costurar as pálpebras da vítima. Muitas vezes a ponta da agulha atingia o globo ocular. Usara o grampeador nos mamilos, depois nos grandes lábios, unindo-os de forma grotesca. Um ferro incandescente em formato de espeto, que deixara em um braseiro, estava com cor alaranjada, devido a temperatura a que ficou exposto. Introduziu o ferro em brasa no ânus da mulher, que fora posicionada de quatro. Amarrada em uma cadeira desde o início, mas com seu peito virado para o encosto, as nádegas expostas na beirada do assento.
Segurando um ponteiro, posicionado no topo do crânio da prisioneira, martelou até perfurar a caixa craniana. Causando a morte. Indo em direção a outro prisioneiro, sentado na mesma posição, em outra cadeira, ocupando a extremidade oposta do local. Abaixando-se diante do homem, sugando o órgão que não enrijecia. Arrancando os testículos em uma dentada. O prisioneiro gritava para dentro, devido a mordaça. O que fez o algo levantar-se, armar-se com uma machadinha, desferindo diversos golpes pelas costas, na cabeça, até a vítima deixar de se mover.
No centro do local, duas cadeiras. Sentado nelas, dois jovens, virados um de frente para o outro, a ponto de poderem sentir a respiração alheia. Não sabiam quem estava a frente, sem nenhuma pista, nem mesmo do sexo. Fez a revelação, retirando as vendas, deixando os olhares se encontrarem. Ambos choravam, sem poderem contemplar o horror deixado nos outros dois corpos que se encontravam nas costas de cada um. Tão próximos e firmemente presos. Só conseguido contemplar a face alheia. De soslaio captavam a figura bizarra transitando próxima a eles.
Após alguns instantes, desaparecido, o carrasco retornara. Usando uma cinta que prendia uma espécie de preservativo em seu membro ereto. O objeto era de metal, com diversas pontas em volta. Deitando abaixo da jovem, começou a desvirginá-la, o sangue descia, enquanto as pontas laceravam a vagina. Abandonou o ato, repetindo o gesto no ânus do rapaz. Enrolando uma grossa linha no pescoço do prisioneiro, com uma mistura de caco de vidro e cola, próxima ao cerol utilizado por garotos em pipa. Fazendo pressão para enforcar, protegido por luvas, fez a linha penetrar as camadas de pele, músculo do pescoço, até a degola.
Desprendeu a cadeira da jovem, levando-a consigo. O que a fez contemplar os outros corpos. Horrorizada, com dores terríveis entre as pernas. Foi posicionada sobre uma bancada, as pernas da cadeira quebradas, para que pudesse encaixar as pernas da vítima. Deitada de bruços, o busto sobre o encosto da cadeira. Ouvira um som estridente. O proprietário do tenebroso porão, ligara uma serra circular, trazendo-a na direção da mulher. Esfacelando entre as pernas, adentrando a região pélvica, seguindo a trilha da coluna vertebral, dividindo ao meio aquele corpo. O chão transformara-se em um amontoado de carnes e sangue.
Iniciara minuciosa limpeza, com produtos utilizados em indústria. Os restos mais densos, embrulhou e depositou em um incinerador próximo. Voltando para casa, deparou-se com uma família pedindo auxílio, o pneu furado. Prestativo, fez a troca pelo estepe, sendo agradecido. Olhava os olhos da menina, única filha do casal, imaginando como eram parecidos com a jovem partida ao meio. Despediram-se. Seguindo seu trajeto, parou em um bar, bebeu algumas doses de vodka. Fez compras para suprir as necessidades alimentares do dia seguinte. Dormindo tranquilamente, para no outro dia levantar bem disposto para trabalhar.