Samurai
Uma figura perambula pelas trevas. Seu andar silencioso, a silhueta denuncia. Um transeunte avista, reconhece como sendo um samurai. Parecido com os lendários estereótipos vistos tantas vezes em tele de cinema. Some na escuridão. Pensa que poderia ser um sonho, uma ilusão, talvez um assaltante. Embora os marginais não se preocupem com essa estética indumentária. O golpe é desferido em suas costas, sentindo a pele abrir, junto com músculos, chegando a parte óssea. Cai de joelhos, antes do primeiro grito, é decapitado num golpe certeiro. O crânio rola, o sangue jorra, o corpo deteriora.
Pela madrugada, a jovem caminha em becos medonhos. Atenta a qualquer ruído ou visão, o receio de estar desacompanhada, apesar dos alertas familiares. Seu vestido justo, faz um barulho de fricção a cada passo. Parece ter avistado um vulto. Impressão que pode ter sido causado pelo temor diante da noite. Sente algo cortante, que rasga a região do ventre, apara o sangue que escorre, caindo de joelhos. As mãos aparam o solo, na posição de quatro. A espada penetra sua vagina com a ponta saindo pelo busto, em uma força rasgante que mal pode se dar conta do ocorrido.
Quatro amigos após saírem de um show, entre risadas, o efeito do álcool ainda presente. Se deparam com um sujeito diante deles, obstruindo a passagem em uma passarela. Um deles debocha dos trajes do que denomina “guerreiro idiota japonês”. Resolvem espancar o desconhecido mudo. Antes de qualquer ofensiva, foram surpreendidos. O primeiro golpe nos tornozelos, fizeram o primeiro tombar. O segundo fora atravessado abaixo do queixo, a lâmina atravessou o topo do crânio. O susto dos outros dois, um recebeu uma fatal perfuração no abdômen, o último ao apoiar a mão direita no corrimão, tivera os dedos decepados, com um golpe pelas costas que fizera a lâmina sair pelo peito. O que havia caído com o corte nos tornozelos, fora jogado de cima da passarela, no exato momento que uma carreta transportando alimentos, passara. O corpo batera no vidro dianteiro, mesmo freando, as rodas esmagaram o corpo.
Dentro de uma casa noturna, em ambiente reservado, um homem se despe para uma cliente, a acústica impecável para a privacidade dos frequentadores. É castrado com uma lâmina que surge na sala, em desespero tenta correr, mas sua garganta é cortada. A mulher desesperada tenta fugir. Agarrada pelos cabelos, esperneando, é presa a uma banca, os seios são removidos em movimento que imita o do serrote. Várias perfurações pelo corpo, uma peneira de furos retangulares.
Em outro ponto, um motorista segue em alta velocidade. Alguém na estrada, um objeto vindo em sua direção. A espada atravessa o vidro, perfurando sua traquéia. O carro se desgoverna, em esplêndida capotagem. O corpo reage com espasmos. O combustível vaza, alguém provoca chama. Em seguida, a explosão, carbonizando o condutor.
Dois policiais param a viatura, para averiguar uma figura suspeita que vagava em trajes atípicos, parecendo portar arma. Pedem que não se mova. Ao aproximarem, se deparam com alguém fantasiado, uma máscara demoníaca. A espada embainhada. O primeiro aponta a pistola, enquanto o segundo se aproxima para algemar, após ter perdido que o estranho deixasse a arma no chão. Como não foram atendidos, aproximaram com cautela. Em um golpe rápido, decepara a mão do policial, mutilando-o, tornando-o maneta. O parceiro dispara, mas o reflexo rápido faz o projétil acertar a fronte do seu companheiro. Na tentativa de um segundo disparo, fora atingindo na cabeça. O tampão do crânio soltara, feito uma calota de automóvel, caindo com o cérebro exposto. A massa encefálica escorria pelo solo.
Um milionário que alugara uma suíte luxuosa, relaxava na hidromassagem. Ao toque da campainha, imaginara que seria o serviço de quarto ou a acompanhante que solicitara. Eram ambos. O emprego do hotel, perfurado pelas costas, caíra no chão, manchando o tapete. O hóspede, antes do primeiro grito, recebera a lâmina ao abrir a boca, tendo saída pela nuca, caindo sobre o empregado. A acompanhante, jogada sobre uma mesa de vidro, entre gritos. Depois levada até a sacada, recebendo vários cortes, um chegando a arrancar o nariz, expondo as fossas nasais, Empurrada do topo do edifício, batendo no solo de cimento da calçada com violência, os ossos partidos, o terror das pessoas diante da cena incomum.
Uma criança no prédio ao lado avistou algo. Apontara, gesticulando nervosamente. Os pais estavam impressionados com a gritaria na rua, descendo para ver o que se passava. O menino viu um samurai, pensou nos desenhos que assistira. Mas ao contrário daquela imagem dos heróis que o animavam, se deparou com olhos malígnos, que o fitaram de forma fria, deixando temeroso, a ponto de passar todas as noites de sua breve vida, recordando aquele olhar maldito. O demônio sempre o visita em sonhos, como um aviso por tê-lo encarado. Angustiara-se tanto, que atingindo determinada idade, se suicidara, só para não mais ser perseguido pelo horror daquele ser.