Mortal Games

Numa terça-feira, o sujeito chegara do trabalho, desejando repouso. Uma pancada na cabeça. Acordara em local desconhecido. De frente para ele, sua filha adolescente, que visitava com pouca freqüência, casamento desfeito, atribulações profissionais, esses eram os ingredientes para a receita do afastamento paterno. A menina chorava. Ambos presos a um mecanismo que deixava os corpos unidos. A filha, de costas para ele, sendo o rosto dela refletido em um espelho em frente a ambos.

Uma figura aparece, com uma máscara de palhaço medonha. Ao contemplarem a imagem daquela figura, entram em desespero. A voz rouca dá as instruções.

— Convidados! Estão diante de um jogo simples, acionarei o mecanismo. Como podem observar, existem lâminas voltadas para a face e o busto de sua filha. Quando acionar a chave, o peso fará com que as lâminas comecem a perfurá-la. A única forma de não ocorrer, é que se movimente.

— Do que está falando? Ela está amordaçada. Não irei me prestar a isso.

— Vou retirar a mordaça, quero ouvir os gritos dela. A vida de sua filha está em suas mãos, se deixar de movimentar-se, ela será rasgada. Mas claro que isso seria simples. Existem terminais elétricos, sensíveis, que conectei cautelosamente na vulva da jovem.

— O que está dizendo? Ousou tocá-la?

— Acalma-se. Guarde suas forças. Ela continua virgem. Até agora. Acredito que seja dever do pai iniciar os filhos.

— O que está dizendo?

— Senhor. Não vamos perder tempo.

Sacando uma faca diminuta, aproximou-se da jovem, rasgando a mordaça.

— Pai! Estou com medo, me ajude!

— Se acalme, vamos sair daqui.

— Só depende de vocês. Vou acionar a chave, o senhor deverá começar a penetrar sua virgem, se deixar de fazer o mecanismo irá estraçalhar a mocinha. Fui claro?

— O que????? Está ensandecido? Seu maníaco.

— O nome maníaco soa agradável. Bom divertimento.

Espere!!!

A chave é acionada, as lâminas começam a mover-se. O primeiro corte, superficial, atinge o ombro esquerdo.

Socorro, pai!!

O que vou fazer????

Retira-se da sala o monstro mascarado. O pai desesperado, vendo os cortes da filha pelo espelho, tenta concentrar-se. As mãos com certa liberdade devido às correntes que dão certo alcance de movimento. De olhos fechados, toca o corpo da filha, levantando o vestido. A jovem em prantos. Ele abaixa a calcinha, segura o membro, acariciando para tentar estimular. A situação não facilita a excitação. Gritos da jovem sendo cortada. Ele fica ereto e penetra com força. A jovem grita novamente. Com movimentos fortes, ele penetra a filha numa movimentação rítmica. As lâminas vão gradualmente se afastando.

No ápice, o desejo lhe toma os sentidos. O corpo jovem, seu membro aconchegado na vulva apertada. As lágrimas já foram esquecidas em meio ao gozo. Jorrar sêmen, num gemido de resignação. As lâminas voltam a descer. Tenta se excitar, usa os dedos para masturbar a vagina da filha. Mas o mecanismo tritura a face, perfura o peito, jorrando sangue pelo cômodo. Se desespera com gritos.

Miserável!!! Minha pequena. — Se debulha em lágrimas.

O algoz adentra o recinto.

— Seu gozo egoísta que a matou, deveria ter prolongado o ato. Mas seu desejo foi maior que a sua razão.

— Eu acabo com você!

— Não, eu decido quando é a hora de acabar. — Com uma pistola, estoura a fronte do pai ainda em gritos de ódio.

Dirige-se calmamente a outro cômodo, lá encontrando uma mulher cativa. Que chorava desconsolada. Ao notar outra presença, tenta argumentar.

— Por favor. Não sei quem você é, mas seqüestrou a pessoa errada.

A venda é retirada dos olhos, a visão da máscara de palhaço a deixa em pânico. O olhar é frio e penetrante, ferindo-lhe os olhos.

— Você é uma bela mulher. Ouça com atenção. Disso dependerá sua vida.

A mulher chorava e suplicava, assumiu postura séria e concentrou-se.

— Utilizei nanotecnologia para inserir um microchip em você, está em um de seus dedos. Aquele mecanismo acima de você, irá começar a despejar ácido em seu corpo. Se encontrar o microchip, fará com que o líquido não mais seja despejado. Pois é seu corpo que envia estímulos e faz com quem despeje o conteúdo. Se conseguir expulsar do organismo, sua vida estará a salvo. Para encontrar chip, deixo essa furadeira. Bom proveito.

— Espere!! O que é isso?

O mecanismo é acionado. A mulher custa a se dar conta, até o primeiro pingo de ácido cair em sua coxa. Em prantos, apertou o gatilho da furadeira, posicionando em cima do dedo mindinho, destroçando-o. Gritava apavorada. O dedo esfacelado. O ácido pingando, acertando seu ombro. Desesperada, usou a broca no dedo anelar, deixando-o em pedaços, seguindo para o dedo médio. Perdera muito sangue. O ácido caíra de forma volumosa, descarnando-lhe a coxa. Por fim esmigalhou o dedo indicador, fazendo o mecanismo parar.

A figura macabra aparece novamente.

Muito bem. Usamos ele para apontar, achei que seria sua primeira opção. Agora está livre, como havia comentado. Aquela porta lateral possui uma galeria subterrânea, por ela terá acesso a saída. Após as instruções, retirou-se por outra porta espessa da qual havia transitado diversas vezes.

A prisioneira, livrando-se das amarras, a mão aniquilada, rastejando devido a perna dilacerada. Foi se dirigindo ao local que seu carrasco indicara. Mas pensou que ele ficaria impune, imaginou como poderia afetá-lo. Resolveu utilizar uma arma que encontrara em uma mesa próxima ao local em que estivera sendo torturada. Aproximou-se da porta em que o inimigo se encontrava, não acreditando na saída que havia mencionado. Para ela, era uma nova armadilha. Ao tocar na porta, entrou em uma sala, deparando-se com dois corpos, um homem com a cabeça estourada e uma jovem com a face e o peito perfurados e triturados.

Horrorizada, se arrastou com a arma em punho, encontrando um alçapão. Abriu sem dificuldades, descendo por uma escadaria. O ambiente escuro, onde perambulou por alguns minutos em uma galeria fétida e úmida. Ao chegar no término do labirinto, encontrara uma grade. Chorava e pedia ajuda, gritando por socorro. Ouviu sons, tentou disparar com a arma, mas estava descarregada. Viu olhos brilhantes que se aproximavam. Era um cão rottweiler, que avançou com fúria, despedaçando seu corpo, enquanto histericamente se debatia e gritava.

O sujeito ouvia os gritos, por isso adentrou a sala e fechou o alçapão. Dirigindo-se a um terceiro cômodo. Lá dentro, um casal de desconhecidos. Um diante do outro. Em uma espécie de mesa, na qual podiam se tocar. Ao verem a figura mascarada, uma chuva de perguntas iniciara.

— Quem é você?

— Onde estamos?

— O que pretende fazer conosco?

— Adoro a curiosidade de meus convidados. Guardem suas forças, inclusive vocais. Vou transmitir apenas uma vez as informações. Escutem bem.

Ouve um total silêncio.

— Estão presos a essa magnífica máquina. Ela medirá o peso de cada um de vocês. Quando eu acionar esta botão, aquela série de ganchos que pendem posicionados na direção das costas, irá movimentar-se, descarnando-os até chegar em suas entranhas. O que fará com que ele diminua ou pare, será determinado peso que deverão adquirir. A matemática é fascinante. Baseado na massa corpórea de cada um, ela fará um cálculo preciso de quanto cada um deve adquirir para que se dê por satisfeita.

— Que insanidade é essa?

— Sim, insano! Como podem perceber, não existe comida próxima. Possuem lâminas afiadas, próxima a mão de cada um de vocês. Não adianta apenas arrancar pedaços do parceiro e abraçar para a balança favorecer. Pois a balança foi instalado no estômago, precisarão engolir pedaços do outro para ela registrar.

— Meu Deus!!! Ele é um lunático.

— Aprecio por demais a lua. Já se faz noite. Não sabem por estarem reclusos. Pronto, apertei o botão. Bom apetite.

— Espere!!!

— Volte aqui!!

Em menos de um minuto, a desconhecida pensou que o estranho era mais forte que ela, facilmente a dominaria para salvar a própria vida. Sem hesitar, cravou a lâmina em seu pescoço, rasgando de uma extremidade a outra, antes que ele pudesse raciocinar. Os ganchos vinhas movimentando de forma frenética, já começavam a tocar o dorso do seu companheiro cadáver. Enquanto ela arrancava pedaços do peito, do braço, engolindo pedaços de carne com sangue, pele e pelos. Algumas vezes vomitando e colocando o vômito com pedaços de carne para dentro da boca. Já sentia os ganchos riscando suas costas. Atingira o peso, os mecanismos se desprenderam.

Uma porta se abriu, correu em direção a ela, vomitava a todo instante. Estava nua, assim como o homem que assassinara. Não pode usar a lâmina com a qual matara o oponente, pois estava presa ao mecanismo. Fugindo por uma galeria, encontrou a saída do bizarro local. Era noite, saiu em desespero pelas ruas desertas daquele local desconhecido. Dois sujeitos se aproximaram, ela gritava por socorro. Eles a espancaram, estupraram. Por ser bela, sentiram receio de serem perseguidos pelo, tomaram como resolução assassiná-la. O corpo fora encontrado semanas depois, por indigentes. Já em avançado estado de decomposição, morta a pancadas, a face esmagada, o reconhecimento pela danificada arcada dentária, causando horror aos familiares que já haviam anunciado inclusive recompensa por informações sobre o paradeiro da vítima.