Killer

Casal em momentos agradáveis de um passeio, caminhando desprendidos de qualquer coisa alheia ao instante de estarem juntos. Vislumbram aquela paisagem, que parece fundo para o romance que transborda dos seus olhares. De mãos dadas, entre beijos e abraços ternos, aproveitando um dia ensolarado.

— Onde estou!?!?!?

A visão turva, tenta identificar os diversos matizes que se misturam naquele local, tudo parece névoa embaçada.

— Amor??? Cadê você?

Um ser surge, cabeça sem pelos, brilhando sob fortes luzes que imperam no ambiente, corpo pálido e um tanto quanto curvo, olhar perdido em algo que manipula.

— Minha cabeça dói. — Oi!!! Quem é você? Onde estou?

A cena chocante, um corpo coberto de hematomas, manchas escuras aparecem em grande parte da epiderme pálida, nu e roxo, esquecido num canto, desfalecido.

— Quem é você??

O sujeito se aproxima, desfere um feroz soco no rosto, fazendo a cabeça tombar, outros murros seguidos, até que desmaia.

— Que espécie de lugar é esse?? Como dói minha cabeça.

Aquela figura de crânio translúcido manipula algo do outro lado do cômodo, com um manto negro e uma aparência nosferática.

— Eiii! Quem é você? Onde está minha namorada? Que lugar é esse?

A figura caminha em sua direção, soca-lhe o rosto, arrancando-lhe sangue da face, sente o gosto enferrujado no paladar, está preso e não pode revidar. Muitos socos, potentes murros que parecem dilacerar sua pele. Seu corpo lânguido é suspenso sem grande dificuldade, colocado dentro de uma espécie de cápsula. Os socos não param um só instante, sons de gritos misturados com lágrimas e atrito de ossos.

— Ammoorr!! È você?? Deixe ele em paz, maldito desgraçado!!!! Solte ele agoraaaaa!!!

Os socos continuam intensos, até que só consiga ouvir o som do quebrar de ossos, nada mais de gritos masculinos e nem lágrimas. O braço, última parte pendendo para fora da cápsula, é jogado para dentro, a tampa fechada.

A figura se aproxima lentamente, os gritos femininos não param um instante.

— Nãããooo!!! O que fez com ele??? Quem é você????

Socos contra a face delicada, o corpo já coberto de hematomas, recorda-se vagamente que o de seu namorado também estava tomado, ambos nus, encapsulados. Os gritos interrompidos por murros, agora na região estomacal, deixando-a sem ar. As mãos cadavéricas do carrasco puxam uma serra antes não notada sobre uma mesa, a lâmina adentra a carne da mulher em prantos, cortando-lhe na região da canela esquerda. O movimento de serra continua até chegar na estrutura óssea, o sangue jorra.

O algoz anônimo, jorra subitamente vômito sobre o ferimento. Em seguida morde aquela carne exposta, prova pele, músculo, sangue, vômito, começa a mastigar triturando. Vai se banqueteando. Lambendo e dando pequenas dentadas, enquanto a mulher já perde as forças, os gritos saem quase como pequenos e lamentosos suspiros.