Aconteceu, virou Manchete!
Dezoito horas, horário de Brasília. Religiosamente, todos os dias passava por aquela rua deserta. A sopa estava sendo servida na faculdade. Olhando o celular distraidamente, a madame alargou os passos pelo automatismo do horário. Se lhe tirasse o celular das mãos, fatalmente perderia a inteligência da cabeça. Caminhava rápido para não perder a sopa. Do nada, vindo do vento, o berro a despertou: Oiiiiiiiiiiiii, boazuda!
- Aff, que susto! Como esse povo é mal educado e desrespeitoso com as donzelas! Você sabe para quê serve a lei Maria da Penha?
- Fica dando sopa, que ladrão te janta... te degusta, na boa. - ouviu. Embora arruaceiro, ladrão chega em silêncio...; vai ficando de bobeira, vai! - finalizou.
Passado uns meses, ela estava chorando os pingos da sopa derramados no programa sensacionalista do Datena; e outros de televisão e rádio de mesmo naipe. O motivo ainda está sendo investigado pela polícia.
Às vezes, a dor que não está nem aí e nada pode fazer para o dolorido, além de não raciocinar, é motivada pela cegueira da vaidade e surdez da indiferença.