Olha os malandros altruístas no coreto da praça de novo!
Texto aludido, escrito em homenagem a peça teatral musicada “Ópera do Malandro” do Chico Buarque; exímio socialista e petista por natureza, crença, paixão e fervor.
Educação. Saúde. Esportes. Transportes. Habitação. Devido o excelente planejamento que já passa dos 500 anos de eficácia, a realidade é que nada d´isto é necessário; mas, como a seriedade e o comprometimento mandam que haja manutenção e renovação para melhor naquilo que já existe, vai começar tudo de novo.
Como os esportes desenvolvidos por deficientes físicos não dão ibope, não fazem os locutores esgoelarem o grito de “É ouro; é prata; é bronze” e não chamam a atenção e muito menos angariam os dólares dos gringos, os megaeventos terminaram. Nem tanto, porque de agora em diante é a vez dos atletas que praticam outras modalidades de esportes não praticados na Olimpíada Rio 2016, subirem ao pódio para dividir silenciosamente, furtivamente, o ouro, a prata e o bronze que hão de ganhar com muito esforço, suor, lágrimas e promessas.
Eles estavam sumidos. Andavam ocupados; supõe-se que com seus afazeres. Esses bravos senhores altruístas, por vezes somem e de quando em quando reaparecem. Voltam bem diferentes de quando saíram. Chegam de mansinho, sorrateiros, cabisbaixo como o arruaceiro quebrador de vidraças e falando a linguagem dos anjos, acenam com as mãos, pegam recém-nascidos no colo, distribuem balas, oferecem carona, pagam a “birita”, auxiliam aqueles que estão perdidos na caçada ao Pokemon Go, fazem traslados, compram caixão, custeiam enterros, distribuem remédios, facilitam o crédito e o financiamento, promovem churrascos e excomungam o lúcifer, se não da terra, pelo menos do território brasileiro. A quem compara esses milagrosos malandros com Jesus Cristo.
Essas excelências do bem e assíduas guerreadoras contra as forças do mal são exímias operárias que acordam antes do cantar dos galos e põem-se à labuta diária. E ainda crendo no aforismo pregado pelos antigos, o qual comunga que “o trabalho enobrece o homem”, cada dia operoso é uma realização consumada. A princípio, para eles as conquistas não são individualizadas, como no “cada um pra si” adotado pela sociedade, mas praticado de maneira coletiva. Razão pela qual, de não iniciarem nada, de não fazerem nada, de não tomarem nenhuma decisão sem antes consultar aqueles que lhes deram a condição de serem o que são: homens dignos, honestos e fieis representantes do povo. Sempre pregam nos coretos das praças e demais lugares que reinam os vossos impérios, que não só os conceitos, mas a democracia deveria ter ficado na Grécia, para os gregos; pois sob os seus domínios, a liberdade, igualdade e justiça imperam absolutas e nem os franceses, mentores da trilogia dos Direitos Humanos superam os seus feitos. Sobretudo, entendem que o exercício da prática superam as teorias. Além de malandros altruístas, esses senhores são filósofos. Filósofos repaginadores da verdade.
Sorridentes, alegres, festivos, humildes e simples operários sociais, cada um ao seu modo, consegue multiplicar os pães, dividir as responsabilidades, parar as tempestades, revolucionar a economia, moralizar os indecentes, solucionar os problemas de saúde, educação, moradia e transporte. Embora generalizada e abundante, lógico que esta alquimia que tende a panaceia humana, acontece por tempo limitado; porém, o compromisso e a continuidade dos trabalhos são permanentes, duradouros e independe de partido e ego. Um por todos e todos pelo Brasil! Admiráveis e honrados homens que executam os seus deveres sem pensar um minuto, sequer, em seus supostos direitos. Primeiro os deveres e depois, se sobrar tempo, os direitos. Com eles, tudo é livre e espontâneo; e acima deles, está o respeito com os seus representados e compatriotas.
Seus discursos são potencialmente animadores e nada dispostos ao fracasso. Suas palavras são carregadas de positivismo e otimismo; e ninguém - nem o mísero mendigo - deve passar por privações, principalmente, aquelas de primeira necessidade. Nos debates, pregam as possibilidades e maneiras das famílias serem cobertas por um nobre teto, com carros novos na garagem, mesas fartas de comida e filhos estudando, quando não no exterior, - Universidade sem fronteiras - em escolas modelo; como deveras são as escolas criadas por eles. Permeado pelos conceitos da sustentabilidade, defendem o consumo racionalizado, motivo das contas dos municípios, dos estados e união estarem em conformidade com o arrecadado.
Sendo eles os administradores que são, bendito seja o povo que está protegido, sob a tutela, ensinamentos e governos desses distintos senhores; pois, além de não passar por privações, terão seus pedidos atendidos e o futuro da prole garantido.
Cuidado, atente-se, olhos vivos (e)leitor com os malandros altruístas que estão reunidos no coreto da praça de novo. Desconfie até de sua sombra. Porque os retalhos e as migalhas recebidas por um curto espaço de tempo, podem representar a miséria coletiva por décadas e mais décadas; oxalá, se não, séculos. Antes de lançar a mão para receber as oferendas, pense e repense se vai valer a pena. Acima de tudo, o que você deixar nas urnas pode não falar por eles, mas infalivelmente falará por você; depois ao ouvir: “vocês terão que me engolir”, não adianta chorar o malandro mal escolhido, a afeição pelo jogador mimado; soprar ao vento o: “não imaginava que ele seria corrupto”, etc. Como é de vosso conhecimento, o dinheiro é o adubo da perversão, da prostituição, do tráfico, da vagabundice e no topo máximo da hierarquia humana, o que conta história é dinheiro graúdo. O resto, que os tsunamis, os maremotos, os terremotos, os abalos sísmicos, os vendavais e outras tragédias naturais ou humanas, tratem de dar jeito.