último encontro

Ultimo encontro

O ano era de 1995, o mês era agosto. Há principio o dia parecia um dia comum. E até seria, caso ela não cometesse mais um deslize. Nas primeiras horas estava tudo bem, nenhuma anormalidade. Entre um gole e outros, lá estava ela em mais um dia de rotina.

Na casa tudo parecia normal, os clientes chegavam e saiam como de freqüência.

As regras eram claras, e todas teriam que obedecer. Entre as regras que existia na casa, duas chamava sua atenção. Regra número um: nunca beije na boca. Regra número dois: só pode prestar seu serviço dentro da casa.

Corpo esculpido, com um par de pernas de fazer inveja bumbum arrebitado, barriga com nível abaixo de sua parte íntima, seios avantajados de tirar o fôlego de qualquer marmanjo. Seus lábios eram carnudos e apetitosos. Face delicada e nariz bem formatado. Os olhos verdes ornamentavam aquele rosto para encanto de todos.

A pergunta que todos faziam era. Por que uma deusa daquela estava ali? Seria uma decepção amorosa? Ou uma ganância por grana? As perguntas eram muitas e as supostas respostas também. Mas isso na cabeça dos outros, porque na dela não. Na dela só uma coisa lhe motivava. Ver as pessoas se apaixonarem loucamente.

Para ela nada era mais excitante do que ver os caras loucos de desejos de a possuí-la. Entre uma sedução lá estava ela em mais um dia. Ou melhor, no seu último dia. Talvez nas suas últimas horas. Os pretendentes chegavam e a escolha era unânime. Entre muito um lhe chamou atenção. Aquele sim, fez seu tipo, aquele sim era o mais sedutor.

Com poucos minutos lá estava ela dividindo o mesmo copo. Com teu jeito encantador logo, logo ela o atrairia para sempre. E foi exatamente o que aconteceu. Ele estava gostando da idéia e compartinha com cada aceno da deusa da beleza.

Ele pediu um beijo de amor e ela o negou. Convidou-a para sair, e ela o recusou. Mas ele insistiu e ela não segurou.

Contrariando as regra em poucos minutos um casal de apaixonados estava ocupando o mesmo espaço em uma suíte de motel.

Um beijo, uma invasão no encontro de duas línguas que se entrelaçavam um tentando ocupar o espaço da outra. Um aperto, uma penetração na intimidade do outro. Um pulsar forte, um suor quente. Um movimento intenso, uma busca pelo fogo. Um desejo demasiado.

Tudo foi efetivado, nada mais faltava. Ou melhor, só faltava uma coisa. E com certeza pensou ela que viria de bom grado, afinal, ela tinha prestado um bom serviço, e por isso julgava-a digna de uma boa recompensa. Ele com pensamento completamente oposto ao seu, pensava que aquilo tinha sido diferente. Já tinha saído com várias e nenhuma tinha sido assim. Com ela tudo tinha sido distinto, e com certeza com ela também mudaria tudo.

Depois de um bom banho voltou por quarto e viu ela mais linda que antes. Naquele momento não teve dúvida, ali estava seu grande e verdadeiro amor. Chamou-a de grande amada. Ela observou tudo e, ainda com um olhar bem mais sedutor, mas ao mesmo tempo com um pouco de sarcasmo disse-o. – Sou, e sempre serei, uma grande prestadora deste serviço. E você sempre será meu cliente favorito.

Naquele momento se sentiu traído. Naquele momento seu mundo desabou. Aquela mulher que há pouco tempo era a grande paixão de sua vida, tinha feito tudo àquilo sem o mínimo de pudor. Aquela era uma deusa do sexo e deusa do amor a quem tanto ele queria.

E agora como seria seu dia após aquele momento? E como se relacionaria com o mundo lá fora sabendo que tinha ganhado e perdido o grande amor de sua vida, em um súbito espaço de tempo. Viajou seu mundo em um segundo. Naquele instante pensou; isso é uma verdadeira traição. Isso é uma punhalada no âmago de uma alma. Aquele momento não podia terminar assim.

Tinha duas opções, ou deixaria para sempre, ou mataria aquela vadia. -Vadia e cadela! Resmungou baixinho para que ela não ouvisse. Sua cabeça estava alucinada e não tinha muito tempo, pois naquele momento, ela já lhe chamava para ir embora, para que ela completasse sua noite de trabalho.

E agora, ou a deixo ir para aquelas trevas carnais, ou mando tua alma para o quinto dos infernos. Talvez mais um diálogo convencesse-a. E foi exatamente que tentou. Tentou e conseguiu. Aquela prostituta cadela e vadia acabara de morrer. E naquele momento surgiu uma linda e perfeita mulher. Entre beijo e abraços o amor venceu mais uma barreira do mundo de ilusão.

Souzag
Enviado por Souzag em 01/07/2014
Reeditado em 02/11/2015
Código do texto: T4865162
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