O ESPÍRITO DO LOBO VERMELHO
Uma estrela cadente cruzou o céu com uma velocidade incrível, não tinha me atentado até aquele momento para a hora naquela noite fria e cinzenta, apenas olhei novamente para frente seguindo com o olhar já cansado aonde chegava o final da luz dos faróis no extremo da estrada DF 001 seguindo para Brazlândia.
Observei que o trânsito naquela noite era tranquilo, não havia carros indo ou vindo, quase pensei que estava sozinho naquela estrada fria e cinzenta. Descendo o último trecho da DF 001 antes de chegar a BR 080 na curva da morte vi que bem adiante tinha um carro parado, apenas com os faróis acessos, não tinha pisca alerta, então não estava com defeito ou coisa assim.
Quando os faróis do meu carro ficaram direcionados ao carro parado adiante percebi que mesmo com a noite acinzentada os ocupantes do carro se apressaram e logo saíram em disparada cantando pneus deixando um cheiro peculiar de borracha no ar frio da noite.
Numa reação incomum comecei a reduzir a velocidade do carro, pois numa noite fria, cinzenta e sozinho não seria comum alguém reduzir a velocidade depois de vê uma cena estranha numa estrada deserta naquele momento.
Com um olhar criterioso comecei a procurar no acostamento se havia alguma coisa deixada por aqueles ocupantes do carro que saíram com presa. Após alguns segundos olhando o acostamento notei que havia algo bem a minha frente caído e imóvel, com a noite cinzenta veio logo em minha mente que se tratava de alguém deixado ali, morto ou prestes a morrer.
Com baixa velocidade fui me aproximando bem devagarzinho até perceber que não se tratava de uma pessoa, mas de algum animal grande, uma cão pastor alemão ou similar. Ao chegar mais perto percebi que ele ainda estava se mexendo, não pensei duas vezes, parei o carro bem próximo e desci para tentar salvar o pobre cão que agonizava naquela noite fria.
Quando cheguei e peguei a pata do cão vi que não se tratava de um cachorro e sim de um grande lobo vermelho, comecei a procurar onde sangrava, mas não encontrava, teria sido atropelado, levado um tiro, não encontrava o ferimento, puxei sua cabeça para a direção da luz do farol quando me deparei com dois filetes de sangue escorrendo dos olhos, segurei melhor a cabeça do lobo vermelho para tentar vê o que tinha acontecido, minha surpresa foi grande, quem estava ali antes de eu chegar tinha arrancado os olhos do lobo vermelho em vida sem qualquer dó ou remorso.
Mesmo bem debilitado o lobo vermelho tentou me morder, uma reação espontânea de qualquer ser vivo diante do sofrimento ou agressão passada. Numa tentativa de demonstrar que não iria lhe agredir, passei minha mão sobre sua cabeça e aos poucos o lobo vermelho percebeu que eu não iria feri-lo.
Quem seria tão cruel em acreditar numa história antiga em que ao arrancar os olhos do lobo ainda em vida herdaria poderes hipnotizantes ou ao vê através de seus olhos facilitaria seus objetivos futuros promovendo suas conquistas. Esses poderes mágicos ainda fascinam loucos que não deixam esses animais em paz causando-lhes num futuro próximo a extinção.
Diante daquela situação não tinha outra saída, tentar salvar o lobo vermelho. Com cuidado amordacei sua boca e o coloquei dentro do porta malas do carro e segui para minha chácara que ficava próximo da curva da morte. Por sete dias cuidei do lobo vermelho, nossa convivência foi incrível, mesmo sem enxergar nada sua reação era de gratidão, não reagia, não ficava bravo ou tentava fugir.
Sua recuperação era rápida, toda a vez que ia cuidar do lobo, ele parecia me agradecer, pois me lambia ou passava suas costas em minhas pernas. Durante estes sete dias o deixei escondido de todo mundo que ia me visitar. Numa noite parecida com a que eu o encontrei na estrada ele desapareceu sem deixar vestígios, assim como ele é, aparece e desaparece num piscar de olhos, um verdadeiro espírito do cerrado.
Depois de algum tempo ouvi algumas histórias de um lobo que andava aparecendo na curva da morte assustando uns e provocando fascínio em outros. Uns dizem que viram um grande lobo vermelho com olhos de fogo brilhante parado no acostamento da curva da morte, outros dizem que o grande lobo os persegue correndo lado a lado do carro numa velocidade incrível, alguns já sofreram acidentes e depois não veem mais o lobo vermelho por perto, apenas um uivo é ouvido distante, dentro do Parque Nacional.
Essa sua fama de real e etéreo causa fascínio provocando atração e medo, esse mistério coloca alguns crentes lado a lado com os espíritos do cerrado e acaba colocando mais uma história de assombração na curva da morte, pois em algumas visões já comentaram que uma noiva toda de branco acena no acostamento e ao seu lado de pé um grande lobo vermelho ofusca os motoristas com seus olhos de fogo em noites cinzentas causando-lhes desatenção.
Depois que o lobo vermelho fugiu de minha chácara nunca mais o vi, sei que pode não estar morto, mas também não posso afirmar, sei que sempre volta em noites frias, sinto sua presença por perto, mas quando tento vê-lo ele nunca aparece, apenas o sinto rondando pelos cantos sem causar alaridos, como um espírito que se move numa neblina leve, sem que notem sua presença.
Uma estrela cadente cruzou o céu com uma velocidade incrível, não tinha me atentado até aquele momento para a hora naquela noite fria e cinzenta, apenas olhei novamente para frente seguindo com o olhar já cansado aonde chegava o final da luz dos faróis no extremo da estrada DF 001 seguindo para Brazlândia.
Observei que o trânsito naquela noite era tranquilo, não havia carros indo ou vindo, quase pensei que estava sozinho naquela estrada fria e cinzenta. Descendo o último trecho da DF 001 antes de chegar a BR 080 na curva da morte vi que bem adiante tinha um carro parado, apenas com os faróis acessos, não tinha pisca alerta, então não estava com defeito ou coisa assim.
Quando os faróis do meu carro ficaram direcionados ao carro parado adiante percebi que mesmo com a noite acinzentada os ocupantes do carro se apressaram e logo saíram em disparada cantando pneus deixando um cheiro peculiar de borracha no ar frio da noite.
Numa reação incomum comecei a reduzir a velocidade do carro, pois numa noite fria, cinzenta e sozinho não seria comum alguém reduzir a velocidade depois de vê uma cena estranha numa estrada deserta naquele momento.
Com um olhar criterioso comecei a procurar no acostamento se havia alguma coisa deixada por aqueles ocupantes do carro que saíram com presa. Após alguns segundos olhando o acostamento notei que havia algo bem a minha frente caído e imóvel, com a noite cinzenta veio logo em minha mente que se tratava de alguém deixado ali, morto ou prestes a morrer.
Com baixa velocidade fui me aproximando bem devagarzinho até perceber que não se tratava de uma pessoa, mas de algum animal grande, uma cão pastor alemão ou similar. Ao chegar mais perto percebi que ele ainda estava se mexendo, não pensei duas vezes, parei o carro bem próximo e desci para tentar salvar o pobre cão que agonizava naquela noite fria.
Quando cheguei e peguei a pata do cão vi que não se tratava de um cachorro e sim de um grande lobo vermelho, comecei a procurar onde sangrava, mas não encontrava, teria sido atropelado, levado um tiro, não encontrava o ferimento, puxei sua cabeça para a direção da luz do farol quando me deparei com dois filetes de sangue escorrendo dos olhos, segurei melhor a cabeça do lobo vermelho para tentar vê o que tinha acontecido, minha surpresa foi grande, quem estava ali antes de eu chegar tinha arrancado os olhos do lobo vermelho em vida sem qualquer dó ou remorso.
Mesmo bem debilitado o lobo vermelho tentou me morder, uma reação espontânea de qualquer ser vivo diante do sofrimento ou agressão passada. Numa tentativa de demonstrar que não iria lhe agredir, passei minha mão sobre sua cabeça e aos poucos o lobo vermelho percebeu que eu não iria feri-lo.
Quem seria tão cruel em acreditar numa história antiga em que ao arrancar os olhos do lobo ainda em vida herdaria poderes hipnotizantes ou ao vê através de seus olhos facilitaria seus objetivos futuros promovendo suas conquistas. Esses poderes mágicos ainda fascinam loucos que não deixam esses animais em paz causando-lhes num futuro próximo a extinção.
Diante daquela situação não tinha outra saída, tentar salvar o lobo vermelho. Com cuidado amordacei sua boca e o coloquei dentro do porta malas do carro e segui para minha chácara que ficava próximo da curva da morte. Por sete dias cuidei do lobo vermelho, nossa convivência foi incrível, mesmo sem enxergar nada sua reação era de gratidão, não reagia, não ficava bravo ou tentava fugir.
Sua recuperação era rápida, toda a vez que ia cuidar do lobo, ele parecia me agradecer, pois me lambia ou passava suas costas em minhas pernas. Durante estes sete dias o deixei escondido de todo mundo que ia me visitar. Numa noite parecida com a que eu o encontrei na estrada ele desapareceu sem deixar vestígios, assim como ele é, aparece e desaparece num piscar de olhos, um verdadeiro espírito do cerrado.
Depois de algum tempo ouvi algumas histórias de um lobo que andava aparecendo na curva da morte assustando uns e provocando fascínio em outros. Uns dizem que viram um grande lobo vermelho com olhos de fogo brilhante parado no acostamento da curva da morte, outros dizem que o grande lobo os persegue correndo lado a lado do carro numa velocidade incrível, alguns já sofreram acidentes e depois não veem mais o lobo vermelho por perto, apenas um uivo é ouvido distante, dentro do Parque Nacional.
Essa sua fama de real e etéreo causa fascínio provocando atração e medo, esse mistério coloca alguns crentes lado a lado com os espíritos do cerrado e acaba colocando mais uma história de assombração na curva da morte, pois em algumas visões já comentaram que uma noiva toda de branco acena no acostamento e ao seu lado de pé um grande lobo vermelho ofusca os motoristas com seus olhos de fogo em noites cinzentas causando-lhes desatenção.
Depois que o lobo vermelho fugiu de minha chácara nunca mais o vi, sei que pode não estar morto, mas também não posso afirmar, sei que sempre volta em noites frias, sinto sua presença por perto, mas quando tento vê-lo ele nunca aparece, apenas o sinto rondando pelos cantos sem causar alaridos, como um espírito que se move numa neblina leve, sem que notem sua presença.