Está sem sorte? - Parte 1 - Prólogo

Minha reação ao ser chamado para ir até a cidade do pecado?

Meu nome é Richard Desmond. Canalha, piadista, e muito sortudo. Nem sei como entrei em um emprego tão nobre quanto polícia federal, sendo tão mal reconhecido. Acho que é pela minha vaidade, que acaba me obrigando a fazer coisas que eu não deveria, pra salvar a pele de qualquer um que esteja ao meu alcance. É, eu deveria parar com isso, ainda mais depois que descobri que minha ida à Vegas seria para investigar o caso de um serial killer por entre os luxuosos cassinos.

O lado bom disso? É que eu posso aproveitar para encher o rabo de dinheiro, curtir pra cacete as strippers e encher um pouco a cara, nas horas vagas. Pode ser divertido.

Estou neste momento, tentando processar tudo que acontece em minha volta. Estou na delegacia local, com o delegado Tomas Gordon sentado na cadeira a minha frente, em sua sala. Do meu lado, Peter Raimi, um bom sujeito que conheci a cinco minutos, descobri muito de mim na historia do rapaz. Estava a imaginar o que ele fazia no deserto do Novo México como policial, talvez estivesse até cansado de anotar a placa dos discos voadores que levavam as vacas a região sem consentimento público.

Óbvio que eu faria uma referência do gênero. Mas gosto de testar meu lado investigativo. Ele era um policial de campo, que resolvia casos do mesmo porte que o caso de Las Vegas em que estamos sendo submetidos hoje, agora, com todos os fatos expostos pelo delegado.

O baixinho não parava de falar. Estava entediado. Começava a me perguntar como ele subia naquela cadeira, tão mais alta pra ele, se ele precisava que algum dos fardados fizesse pezinho para ele subir. Me contive, apenas respondendo as perguntas básicas de entrevista, passando superficialmente o caso, cujo dossiê, dado em cópias diferentes nas minhas mãos e de meu, como já bem descrito, mas não relatado ainda, parceiro de campo.

Não tenho paciência para ler documentos oficiais, cheios de fru fru e o diabo a quatro. Passei o olho no mais importante. Os nomes. Como, quando, onde, e com quem. E só ouvia o que o delega dizia. É... Mais ou menos.

Cinco vítimas. Em cinco dias da semana, sem nenhum padrão de tempo entre as mortes, nenhum antecedente em comum. Sete policiais, encarregados da investigação de cada uma das primeiras vítimas, todos mortos no sábado, em cassinos, durante suas folgas. Todos com o mesmo padrão de óbito. Sorte excessiva e morte sem explicação.

Estava muito óbvio para mim. Os policiais se identificaram como tal desde o começo, como um padrão clássico em investigações de assassinato. Um erro crucial, mas não se pensava que poderia ter acontecido. Eles foram caçados por alguém, o responsável de todas as mortes anteriores. Sem mais.

“Antes que possa terminar, senhor, ah... Tomas” Confesso que no momento, havia me dado um branco no nome do sujeito. “nós precisamos de identidades novas.”

“Como é?” Ele não via ainda? Quem colocou esse cara como responsável? “Os policiais foram caçados, você já deve ter visto isso. O responsável sabe mais de nós do que nós dele. Então, não iremos cometer o erro de nos identificar como aqueles que o procuram. Não é este, o propósito? Seremos apenas dois sortudos que dividimos um quarto no hotel, prontos para cair na farra. Trabalho em disfarce. Seria o mais lógico a se fazer, presumo até que já tenha levado em conta a probabilidade de ser mais eficaz.”

Peter deu um sorriso tímido. Tomas riu, sem a mesma vergonha. “Você não se segura mesmo na hora de falar, como me disseram quando te escolhi. Quando escolhi vocês dois. Suas identidades estão sendo preparadas, não se preocupe, eu já ia me referir a este assunto. Levaremos vocês dois ao hotel onde passarão os próximos dias. Espero que leiam com atenção os detalhes das mortes. Eu lhes passarei os passos que seguirão, e os relatórios virão logo a seguir. Espero vocês amanhã de manha, vocês devem estar cansados da viagem.”

Ótimo, pelo menos me livrei de ter que ficar ouvindo o cara por mais algumas horas. Enfim, o quarto era bom, aconchegante, com divisória de uma parede entre as camas, hidromassagem e tudo que você poderia querer para relaxar depois de perder uns milhões e ganhar outros. Se tivéssemos alguns milhões.

Deixei a parte chata da papelada para Peter e fui me preparar para dormir. Sem novas ideias do que fazer. Só precisei repassar algumas regras de bom convivência no quarto, com Peter Raimi. Minha toalha, só minha toalha. Não chegue perto de nada que é meu. O que eu ganhar no cassino, será meu, o que ele ganhar, será nosso. Ele riu nessa parte, não sei por que. E gravata na maçaneta da porta, do lado de fora, igual a garota no quarto. Se for uma gravata borboleta, é só a foto da garota.

De qualquer modo, dia longo. Acho que conquistei a confiança do fiscal de óvnis. Amanhã, o trabalho nos chama. E eu pretendo terminar logo com isso pra curtir um pouco de Vegas.

Luke Tantini
Enviado por Luke Tantini em 28/07/2013
Código do texto: T4409182
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