A NOVA ORDEM

O fim do entardecer anunciava uma noite escura, pois o tempo tinha mudado, a chuva caia fina e suave e as nuvens negras encobriam todo o céu. De onde se olhasse via-se este início de noite tenebrosa encobrindo todos os vales, montanhas e a grande cidade perto do grande mar cortada por rios mansos e escuros.
Para quem tinha vivido muito ainda não tinha visto um início de noite tão intensa e carregada. O parque com sua diversidade de plantas uma vez verde, outra vez cinza agora parecia engolido pelos amplos prédios que o cercava e o intimidava com suas elevações, hoje eram eles que faziam sombras neste início de noite como se anunciasse um novo tempo que estava por vir.
Antes que a noite caísse de vez uma grande água que voa perto das nuvens escuras ecoa intenso seu grito nas alturas estremecendo vales, montanhas e toda a cidade. Dava para perceber sua cabeça girando de um lado para o outro, como se olhasse para todos os lados observando todos os confins.
A grande águia sumiu entre as nuvens escuras e por algum instante só a chuva fina e as luzes enfumaçadas da cidade eram vistas ou ouvidas. Não havia carros nas ruas, metrô ou outro meio de transporte que causasse barulho peculiar de uma grande metrópole.
O silêncio que predominava foi interrompido de repente, uma mulher com vestido longo, lenço sobre a cabeça e sapatos, todos pretos, apareceu correndo de entrada principal do grande edifício começando a descer as primeiras grandes escadarias olhando para o horizonte. A mulher segurava uma bíblia na mão direita enquanto erguia o braço esquerdo para cima como se apontasse para alguma coisa no céu.
Antes de descer o último degrau da primeira escadaria para começar a outra que vinha a sua frente à mulher se ajoelhou e ergueu a bíblia para o céu segurando-a com suas duas mãos, com voz altiva gritava palavras de ordem.
A mulher ajoelhada parecia muito pequena, quase insignificante diante do grande edifício que parecia chegar ao céu através das nuvens escuras que o encobria nas alturas. Após alguma reza ou oração à mulher ergueu-se devagar e começou a descer a outra escadaria que dava acesso ao parque onde as árvores pareciam cinza, sem cor e frias.
Naquele lugar sombrio as pessoas passavam uma pelas outras como se não vissem umas as outras, não havia cumprimento, voz, gestos, pareciam robôs autônomos vagando pela rua, em volta do grande edifício, pelo o parque.
A mulher toda de preto descia as escadarias apressada enquanto seu cabelo preto, grande e trançado atravessavam de um lado para o outro em suas costas como uma grande cauda. Ao chegar ao último degrau da segunda escadaria a mulher parou e novamente se ajoelhou, ergueu a bíblia para o céu com suas duas mãos falando palavras de ordens religiosas.
Um grande estrondo ensurdeceu tudo em volta, entre as nuvens escuras no céu começou a aparecer uma luz que foi se intensificando até formar um grande feixe em direção ao parque frio. Uma enorme nave triangular com um grande farol, como um grande olho em sua parte superior menor ofusca tudo ao seu redor. Neste instante o mundo em volta fica entre a noite turva e o feixe de luza que cai do céu.
A mulher agora se ergue bem devagar segurando a bíblia em sua mão na direção da grande nave enquanto a mesma foca seu feixe de luz em sua direção. Tudo e todos em volta param para observar aquela cena, mas ninguém esboça gestos, qualquer movimento ou palavras, apenas ficam parados observando a aproximação da grande nave e a mulher que agora é envolvida com a luz intensa em sua volta.
O grande olho de luz agora mira para todos os lados como se procurasse alguém ou alguma coisa, naquele momento todo região é dominado pela luz e pela a escuridão. Ouve gritos, sussurros e choros vindos dos becos e ruas escuras e nesse instante começa a aparecer pessoas de todos os lugares, de todas as idades e sexo. Muitas pessoas vão chegando e ocupando as grandes escadarias do edifício enquanto a mulher de preto com a bíblia na mão começa a falar palavras de ordem religiosa e enfileirando todos para entrar na grande nave como animais em um curral.
Soldados com uniformes e capacetes pretos começar a chegar de todos os lugares para ordenar e organizar as pessoas. As fileiras vão tomando conta das ruas, parecendo sem fim enquanto todos seguem sem qualquer reação ou questionamento para a porta da grande nave. A grande água faz um sobrevoo observando novamente como se fosse enviada para conferir todo o procedimento.
Enquanto andam na grande fileira, homens, mulheres e crianças vão recebendo roupas e calçados pretos para se vestirem, tornando-os todos iguais, mais adiante seus braços são estendidos para receberem um chip no pulso os identificando antes de entrarem na grande nave.
Ante o feixe de luz da nave surge uma criatura nunca vista antes, sua fisionomia difere da raça humana, seus trajes, sua altura, sua voz. Com um cajado de ouro que ao tocar no chão vai formando círculos de luz a criatura se aproxima da mulher que ao se ajoelhar novamente é tocada e transformada em uma criatura semelhante da grande nave que continua a receber os seres humanos que iguais animais seguem sem reação.
O feixe de luz começa a reduzir sua luminosidade revelando a grande nave sombria, que pela sua grandeza parece uma majestosa arca sendo preenchida por seres humanos que irão viajar para um destino desconhecido.
Diante da supremacia da grande nave todas as autoridades da terra se renegam, se escondem e se omite a esta nova ordem mundial imposta por esta raça desconhecida. Bandeiras das grandes potências da terra enfileiradas no topo da grande nave revela a conspiração feita sem conhecimento do povo. Fomos vendidos como animais para seres desconhecidos por comparsas das grandes nações e o grande líder das igrejas ecuménicas representante da nova ordem mundial.
Muito tempo passa até a grande nave voltar para dentro das nuvens densas no céu carregando todos que entraram. Observo o mundo em minha volta e vejo a terra desabitada, com raros sinais de vida e no céu uma grande água sobrevoa, vales, montanhas e cidades com olhos atentos procurando viventes para promover novas caçadas.
Sem chamar atenção escorrego entre os troncos e galhos secos das árvores do parque sem que ninguém me veja. Um choro de uma criança me chama atenção entre as árvores mortas do parque. Procuro entre as raízes secas e a folhagem que já estão mortas no chão até encontra-lo. Seguro em sua mão e o guio para o esconderijo dos novos guerreiros que combatem a nova ordem mundial e seus lideres malditos. A chegada de um novo guerreiro nos fez acreditar que poderá haver outros perdidos e escondidos nos porões das casas da grande cidade e que podemos resgatá-los para prepara-los no combate aos lideres da nova ordem.
Neste instante o feixe de luz da grande nave se apaga e o mundo em minha volta retorna a seu aspecto frio, seco e morto. As nuvens sombrias permanecem pesadas sobre nossas cabeças como se nos cercassem para não fugir e continuar sendo escravos dos lideres dessa nova ordem mundial.
Nossa luta ainda não terminou, ainda vamos conquistar nossa terra de volta e restabelecer nossas gerações, penso em voz alta enquanto ando pelo parque desfazendo os rastros para não deixar vestígios para os soldados negros dos lideres da nova ordem mundial.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 15/03/2013
Reeditado em 13/05/2013
Código do texto: T4190931
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