O ÍNDIGO
SEGUNDA PARTE
A PRESENÇA
Amanheceu como um dia comum, o sol já despontava com seus raios de calor, alguns pássaros fazia festa em cantoria por toda a chácara, o cheiro de café tomava toda casa enquanto Julia preparava os pães, Augusto tentava acordar Henrique que se fazia de sonolento para chamar atenção do pai que não desistia e arrancava-lhe o lençol, jogando em seguida o travesseiro em sua cabeça arrancando-lhe um sorriso acanhado.
Após o café da manhã Augusto apresa Henrique se aproximava do carro enquanto discretamente olha para a direção do poço do cata-vento como se tivesse tido algum pressentimento ou apenas para refletir alguns pensamentos. Seu Antônio observa com ressalva e expressa um leve sorriso.
- Nós vamos à cidade Seu Antônio, voltamos pela tarde. – Diz Augusto justificando sua saída da chácara.
- Até à tarde Seu Augusto. – Diz Seu Antônio ainda com um leve sorriso expresso em seu rosto com poucas rugas determinado pelo tempo.
Quando o carro começa a sair Henrique olha para Seu Antônio e acena sendo correspondido. Julia da porta da casa em pé observa aquela troca de cumprimento e acha estranho, mas mantem sua observação em segredo. Henrique nunca tinha trocado gestos com outra pessoa e muito menos expressado um sorriso, pensou mentalmente.
Augusto e Henrique chegam ao consultório da nova psicopedagoga que os recebe na porta com um sorriso largo. Henrique prontamente se sente a vontade, como se estivesse vindo ali várias vezes e estivesse acostumado, distraidamente começa a mexer em alguns objetos sendo observado por Roberta a psicopedagoga que tranquilamente olha para Augusto e diz:
- Vejo que é um garoto lindo e bem cuidado, fique tranquilo vou fazer o que puder para manter um bom diálogo e ajudar no que for preciso. – Diz Sr.ª Roberta para Augusto.
- Eu sei disso Srª Roberta, agradeço sua hospitalidade e vamos contar com sua ajuda. – Responde Augusto demostrando-se tranquilo.
- Agora eu preciso ficar com Henrique sozinho, temos muito que conversar, quando terminar nossa conversa vou lhe chamar. – Diz Srª Roberta indicando o caminha da porta pra Augusto.
Augusto expressa um sorriso feliz e sai fechando a porta bem devagar enquanto olha para Henrique que nem percebe que o pai estar saindo do consultório. Após bater a porta Augusto fica parado por um instante pensando no comportamento mudado de Henrique. Srª Roberta começa a conversar com Henrique que prontamente lhe dar atenção como se já a conhece por muito tempo.
- Como foi à mudança, você gostou de ter mudado para a chácara? – Diz Srª Roberta com um leve sorriso.
- Gostei doutora, agora tenho amigos, já até brinquei com eles duas vezes. – Responde Henrique enquanto mexe em um brinquedo na estante.
- Que bom, e como são os nomes deles? – Diz Srª Roberta deixando o assunto correr.
- Sei não Doutora, nós só nos encontramos para brincar a noite, não dar tempo de perguntar, se meu pai escuta nossa brincadeira vai lá nos atrapalhar, mas sei que são bem legais, parecia que eles também não tinham ninguém para brincar. – Responde Henrique com naturalidade.
- É mesmo? Então vou pedir para seu pai não interromper sua brincadeira com seus amigos, se isto estiver lhe fazendo bem, você tem mais é que continuar com esta amizade. – Diz Srª Roberta confortando Henrique.
- Muito obrigado Doutora, meus amigos vão lhe agradecer se fizer isso. – Responde Henrique com um sorriso no rosto.
- Mas é claro que vou fazer, é uma promessa. – Diz Srª Roberta retribuindo o sorriso.
Por alguns instantes os dois ficam distantes e se isolam em pensamentos quase que simultaneamente. Henrique ainda brincando com o boneco do super-herói Duende Negro agora passa a ser tomado por algum pensamento que o faz ficar quieto. Srª Roberta também sem perceber começa a vagar em pensamentos esquecendo completamente Henrique no consultório.
O tempo parece que parou e o pensamento tomou conta de Henrique e Srª Roberta que pareciam em outra dimensão mesmo estando ali um ao lado do outro. Henrique com uma voz bem suave se voltou para Srª Roberta e falou:
- Ele ainda te vê todos os dias, sabe que a senhora pensa nele e que nunca vai esquecê-lo? – Diz Henrique com tranquilidade.
- De quê você estar falando? Não entendi direito, pode me explicar? – Responde Srª Roberta meio assustada.
- Eu estou falando do seu filho? Ele estar aqui agora, a senhora não vê? – Diz Henrique ainda expressando tranquilidade.
- Não? Não pôde ser? Meu filho faleceu já algum tempo, é que você me fez lembrar-se dele e por isso fiquei um pouco dispersa, desculpe. – Responde Srª Roberta se desculpando sem entender ainda o que estava acontecendo.
- Eu sei Doutora, o acidente foi uma fatalidade, mas ele não culpou ninguém e encontrar-se muito contente onde está e vem sempre para lhe observar sem atrapalhar seu trabalho, mas encontrar-se aqui agora te olhando e sorrindo com muita alegria. – Diz Henrique com voz calma.
- Não pode ser? Como pode provar isso, quando fiquei sabendo de seu diagnóstico fiquei muito interessada, mas não sabia que era tão complicado, você é muito novo para saber falar com tanta precisão das coisas que vê e presencia. – Diz Srª Roberta ainda pensando no pretende fazer com aquela situação que a deixou difusa.
- Não fique preocupada, meus pais ainda não entendem o que acontece comigo, como também outras pessoas que julgam um índigo como um doente mental, mas na verdade fico apenas retraído para receber meus amigos e outras pessoas que vivem entre dois mundos e se sentem tão só. – Diz Henrique com propriedade despertando espanto em Srª Roberta.
- Você que dizer que conversa com os mortos? – Diz Srª Roberta com os olhos arregalados.
- Não exatamente com os mortos, Doutora, por que eles ainda estão por aqui, e enquanto estiverem nesta ocasião não estão completamente mortos? – Responde Henrique tranquilamente.
- Como pode provar que meu filho se encontra aqui? – Diz com olhar assustado Srª Roberta.
- A Senhora sabe quais destes brinquedos ele gostava mais, pois são vários que guarda nesta estante. – Diz Henrique com olhar firme em sua direção.
- Sei, mais a grande maioria destes brinquedos são para atender clientes como você e os que meu filho tinha em casa eu acabei trazendo para o consultório e misturando com os outros, muitos eu nem lembro direito. – Diz srª Roberta com receio.
- Não se preocupe Doutora, vou separar apenas os que ele gosta mais, tudo bem? – Diz Henrique com um breve sorriso no rosto.
- Tudo bem, mas ainda não sei se vou acreditar em você? – Responde Srª Roberta com frieza.
- Não precisa acreditar, só o tempo pode afirmar o que vou lhe mostrar, só estou falando sobre isso com a Senhora por que é Doutora e sei que não pode sair por ai falando coisas de seus clientes, não é mesmo? – Diz Henrique com um largo sorriso no rosto.
- É verdade Henrique, mas como sabe disso, quem lhe falou sobre estes assuntos. – Diz Srª Roberta perplexa.
- Eles me falam tudo, me ensinam tudo sobre o que acontecem neste mundo, mas não posso revelar o que sei, por que muitos crentes e descrentes acabam por banalizar coisas que desconhecem e trazem muitas desgraças para pessoas como eu e outras que pagam até por pensar diferente. O desconhecido é uma moeda sem cara ou coroa definida e acaba causando transtornos por que quem os revela, e estes não se dão tempo adequado para saber que lado é coroa e que lado é cara, mais os dois lados trazem coisas boas e coisas ruins, o tempo e o momento é que pode estar desconexo com o desejo de cada pessoa causando bem ou mal. – Diz Henrique como se estivesse em transe ou repetindo apenas o que alguém queria dizer naquele momento.
Senhora Roberta fica parada e perplexa com o que escuta. Henrique começa a pegar brinquedos na estante e coloca-los em cima de sua mesa e um a um vão ficando enfileirados. O boneco do super-herói Duende Negro é o primeiro da fileira, seguindo de Xuan a Guerreira, Curiango, o Velho e o Vilão Espírito Negro.
Quando Srª Roberta vê que os primeiros bonecos preferidos de seu filho são colocados em sua mesa fica atônita e pede para que Henrique pare naquele instante.
Por algum momento Srª Roberta fica pensativa com tudo aquilo que deveria ser apenas uma primeira consulta para uma avaliação. A possível presença de seu filho ali lhe fazia ficar um pouco inquieta e apreensiva lhe causando desconfiança. Será que não estava equivocada ou estava sendo enganada pela a conversa de Henrique que acabou por conduzir o andamento da consulta deixando-a sem jeito.
Uma dúvida tomou conta de sua mente levando seu pensamento para longe se descuidando de seu cliente. Por um instante se sentiu louca e em dúvida de sua atuação como psicopedagoga. Um barulho lhe chamou atenção, quando observa em relance que um dos bonecos de super-herói cai de sua mesa e antes de chegar ao chão fica flutuando no ar como se uma mão invisível o segurasse. Henrique sai da posição que se encontra e vai até o boneco que ainda permanece flutuando. Com um olhar preciso e penetrante olha para Srª Roberta que com olhos bem abertos e perplexos vê que um vulto estende a mão para entregar o boneco que ia cair a Henrique.
Agora em meio aquela situação Srª Roberta fica sem saber como vai explicar o resultado da consulta ao Senhor Augusto que naquele momento estava perto de chegar. Henrique se aproxima e com voz suave fala:
- Doutora meu pai encontrar-se a caminho, não se preocupe, tudo que a senhora falar ele levará em consideração, pois ele e minha mãe ainda têm dúvida de minha doença que é o que os outros Doutores falaram. Mas não sou doente e a senhora sabe disso, então vamos guardar este segredo por que quero levar seu filho para minha casa para apresenta-lo aos meus amigos e quando a senhora quiser eu venho aqui brincar com ele ou a Senhora vai lá à minha casa a noite para vê como nos divertimos. – Diz Henrique com olhar firme e convicto.
Neste instante uma brisa leve e fria passa por seu resto e seu pressentimento expõem que alguém ou alguma coisa estar ali. Srª Roberta sente que um beijo bem suave é dado em sua face em seguida percebe que este beijo foi com a brisa suave que sai pela a janela aberta. Henrique expressa um sorriso leve e tranquilo enquanto lhe observa. Sem perceber Srª Roberta corresponde com o mesmo sorriso.
Senhor Augusto entre sem bater na porta e se depara com Srª Roberta e Henrique sorrindo como se alguém estivesse contato uma piada deixando os dois com sorrisos expressivos além de seus olhos brilhantes.
Com um olhar Henrique e Srª Roberta selaram um pacto naquele momento não percebido pelo Senhor Augusto que lhe agradeceu e marcou outra consulta para breve.
- Senhor Augusto não se preocupe com a próxima consulta, este final de semana tenho tempo livre e gostaria de lhe fazer uma visita para conhecer melhor Henrique. – Diz com um olhar de satisfação.
- Muito bem, mas só aceito a visita se for para passar o final de semana com a gente, teremos o maior prazer em lhe hospedar em nossa casa. – Diz Senhor Augusto observando o sorriso de Henrique concordando com o convite.
- Terei o maior prazer e espero poder conversar muito com Henrique e seus amigos lá na chácara? – Diz Srª Roberta sorrindo para Henrique.
Continua...
SEGUNDA PARTE
A PRESENÇA
Amanheceu como um dia comum, o sol já despontava com seus raios de calor, alguns pássaros fazia festa em cantoria por toda a chácara, o cheiro de café tomava toda casa enquanto Julia preparava os pães, Augusto tentava acordar Henrique que se fazia de sonolento para chamar atenção do pai que não desistia e arrancava-lhe o lençol, jogando em seguida o travesseiro em sua cabeça arrancando-lhe um sorriso acanhado.
Após o café da manhã Augusto apresa Henrique se aproximava do carro enquanto discretamente olha para a direção do poço do cata-vento como se tivesse tido algum pressentimento ou apenas para refletir alguns pensamentos. Seu Antônio observa com ressalva e expressa um leve sorriso.
- Nós vamos à cidade Seu Antônio, voltamos pela tarde. – Diz Augusto justificando sua saída da chácara.
- Até à tarde Seu Augusto. – Diz Seu Antônio ainda com um leve sorriso expresso em seu rosto com poucas rugas determinado pelo tempo.
Quando o carro começa a sair Henrique olha para Seu Antônio e acena sendo correspondido. Julia da porta da casa em pé observa aquela troca de cumprimento e acha estranho, mas mantem sua observação em segredo. Henrique nunca tinha trocado gestos com outra pessoa e muito menos expressado um sorriso, pensou mentalmente.
Augusto e Henrique chegam ao consultório da nova psicopedagoga que os recebe na porta com um sorriso largo. Henrique prontamente se sente a vontade, como se estivesse vindo ali várias vezes e estivesse acostumado, distraidamente começa a mexer em alguns objetos sendo observado por Roberta a psicopedagoga que tranquilamente olha para Augusto e diz:
- Vejo que é um garoto lindo e bem cuidado, fique tranquilo vou fazer o que puder para manter um bom diálogo e ajudar no que for preciso. – Diz Sr.ª Roberta para Augusto.
- Eu sei disso Srª Roberta, agradeço sua hospitalidade e vamos contar com sua ajuda. – Responde Augusto demostrando-se tranquilo.
- Agora eu preciso ficar com Henrique sozinho, temos muito que conversar, quando terminar nossa conversa vou lhe chamar. – Diz Srª Roberta indicando o caminha da porta pra Augusto.
Augusto expressa um sorriso feliz e sai fechando a porta bem devagar enquanto olha para Henrique que nem percebe que o pai estar saindo do consultório. Após bater a porta Augusto fica parado por um instante pensando no comportamento mudado de Henrique. Srª Roberta começa a conversar com Henrique que prontamente lhe dar atenção como se já a conhece por muito tempo.
- Como foi à mudança, você gostou de ter mudado para a chácara? – Diz Srª Roberta com um leve sorriso.
- Gostei doutora, agora tenho amigos, já até brinquei com eles duas vezes. – Responde Henrique enquanto mexe em um brinquedo na estante.
- Que bom, e como são os nomes deles? – Diz Srª Roberta deixando o assunto correr.
- Sei não Doutora, nós só nos encontramos para brincar a noite, não dar tempo de perguntar, se meu pai escuta nossa brincadeira vai lá nos atrapalhar, mas sei que são bem legais, parecia que eles também não tinham ninguém para brincar. – Responde Henrique com naturalidade.
- É mesmo? Então vou pedir para seu pai não interromper sua brincadeira com seus amigos, se isto estiver lhe fazendo bem, você tem mais é que continuar com esta amizade. – Diz Srª Roberta confortando Henrique.
- Muito obrigado Doutora, meus amigos vão lhe agradecer se fizer isso. – Responde Henrique com um sorriso no rosto.
- Mas é claro que vou fazer, é uma promessa. – Diz Srª Roberta retribuindo o sorriso.
Por alguns instantes os dois ficam distantes e se isolam em pensamentos quase que simultaneamente. Henrique ainda brincando com o boneco do super-herói Duende Negro agora passa a ser tomado por algum pensamento que o faz ficar quieto. Srª Roberta também sem perceber começa a vagar em pensamentos esquecendo completamente Henrique no consultório.
O tempo parece que parou e o pensamento tomou conta de Henrique e Srª Roberta que pareciam em outra dimensão mesmo estando ali um ao lado do outro. Henrique com uma voz bem suave se voltou para Srª Roberta e falou:
- Ele ainda te vê todos os dias, sabe que a senhora pensa nele e que nunca vai esquecê-lo? – Diz Henrique com tranquilidade.
- De quê você estar falando? Não entendi direito, pode me explicar? – Responde Srª Roberta meio assustada.
- Eu estou falando do seu filho? Ele estar aqui agora, a senhora não vê? – Diz Henrique ainda expressando tranquilidade.
- Não? Não pôde ser? Meu filho faleceu já algum tempo, é que você me fez lembrar-se dele e por isso fiquei um pouco dispersa, desculpe. – Responde Srª Roberta se desculpando sem entender ainda o que estava acontecendo.
- Eu sei Doutora, o acidente foi uma fatalidade, mas ele não culpou ninguém e encontrar-se muito contente onde está e vem sempre para lhe observar sem atrapalhar seu trabalho, mas encontrar-se aqui agora te olhando e sorrindo com muita alegria. – Diz Henrique com voz calma.
- Não pode ser? Como pode provar isso, quando fiquei sabendo de seu diagnóstico fiquei muito interessada, mas não sabia que era tão complicado, você é muito novo para saber falar com tanta precisão das coisas que vê e presencia. – Diz Srª Roberta ainda pensando no pretende fazer com aquela situação que a deixou difusa.
- Não fique preocupada, meus pais ainda não entendem o que acontece comigo, como também outras pessoas que julgam um índigo como um doente mental, mas na verdade fico apenas retraído para receber meus amigos e outras pessoas que vivem entre dois mundos e se sentem tão só. – Diz Henrique com propriedade despertando espanto em Srª Roberta.
- Você que dizer que conversa com os mortos? – Diz Srª Roberta com os olhos arregalados.
- Não exatamente com os mortos, Doutora, por que eles ainda estão por aqui, e enquanto estiverem nesta ocasião não estão completamente mortos? – Responde Henrique tranquilamente.
- Como pode provar que meu filho se encontra aqui? – Diz com olhar assustado Srª Roberta.
- A Senhora sabe quais destes brinquedos ele gostava mais, pois são vários que guarda nesta estante. – Diz Henrique com olhar firme em sua direção.
- Sei, mais a grande maioria destes brinquedos são para atender clientes como você e os que meu filho tinha em casa eu acabei trazendo para o consultório e misturando com os outros, muitos eu nem lembro direito. – Diz srª Roberta com receio.
- Não se preocupe Doutora, vou separar apenas os que ele gosta mais, tudo bem? – Diz Henrique com um breve sorriso no rosto.
- Tudo bem, mas ainda não sei se vou acreditar em você? – Responde Srª Roberta com frieza.
- Não precisa acreditar, só o tempo pode afirmar o que vou lhe mostrar, só estou falando sobre isso com a Senhora por que é Doutora e sei que não pode sair por ai falando coisas de seus clientes, não é mesmo? – Diz Henrique com um largo sorriso no rosto.
- É verdade Henrique, mas como sabe disso, quem lhe falou sobre estes assuntos. – Diz Srª Roberta perplexa.
- Eles me falam tudo, me ensinam tudo sobre o que acontecem neste mundo, mas não posso revelar o que sei, por que muitos crentes e descrentes acabam por banalizar coisas que desconhecem e trazem muitas desgraças para pessoas como eu e outras que pagam até por pensar diferente. O desconhecido é uma moeda sem cara ou coroa definida e acaba causando transtornos por que quem os revela, e estes não se dão tempo adequado para saber que lado é coroa e que lado é cara, mais os dois lados trazem coisas boas e coisas ruins, o tempo e o momento é que pode estar desconexo com o desejo de cada pessoa causando bem ou mal. – Diz Henrique como se estivesse em transe ou repetindo apenas o que alguém queria dizer naquele momento.
Senhora Roberta fica parada e perplexa com o que escuta. Henrique começa a pegar brinquedos na estante e coloca-los em cima de sua mesa e um a um vão ficando enfileirados. O boneco do super-herói Duende Negro é o primeiro da fileira, seguindo de Xuan a Guerreira, Curiango, o Velho e o Vilão Espírito Negro.
Quando Srª Roberta vê que os primeiros bonecos preferidos de seu filho são colocados em sua mesa fica atônita e pede para que Henrique pare naquele instante.
Por algum momento Srª Roberta fica pensativa com tudo aquilo que deveria ser apenas uma primeira consulta para uma avaliação. A possível presença de seu filho ali lhe fazia ficar um pouco inquieta e apreensiva lhe causando desconfiança. Será que não estava equivocada ou estava sendo enganada pela a conversa de Henrique que acabou por conduzir o andamento da consulta deixando-a sem jeito.
Uma dúvida tomou conta de sua mente levando seu pensamento para longe se descuidando de seu cliente. Por um instante se sentiu louca e em dúvida de sua atuação como psicopedagoga. Um barulho lhe chamou atenção, quando observa em relance que um dos bonecos de super-herói cai de sua mesa e antes de chegar ao chão fica flutuando no ar como se uma mão invisível o segurasse. Henrique sai da posição que se encontra e vai até o boneco que ainda permanece flutuando. Com um olhar preciso e penetrante olha para Srª Roberta que com olhos bem abertos e perplexos vê que um vulto estende a mão para entregar o boneco que ia cair a Henrique.
Agora em meio aquela situação Srª Roberta fica sem saber como vai explicar o resultado da consulta ao Senhor Augusto que naquele momento estava perto de chegar. Henrique se aproxima e com voz suave fala:
- Doutora meu pai encontrar-se a caminho, não se preocupe, tudo que a senhora falar ele levará em consideração, pois ele e minha mãe ainda têm dúvida de minha doença que é o que os outros Doutores falaram. Mas não sou doente e a senhora sabe disso, então vamos guardar este segredo por que quero levar seu filho para minha casa para apresenta-lo aos meus amigos e quando a senhora quiser eu venho aqui brincar com ele ou a Senhora vai lá à minha casa a noite para vê como nos divertimos. – Diz Henrique com olhar firme e convicto.
Neste instante uma brisa leve e fria passa por seu resto e seu pressentimento expõem que alguém ou alguma coisa estar ali. Srª Roberta sente que um beijo bem suave é dado em sua face em seguida percebe que este beijo foi com a brisa suave que sai pela a janela aberta. Henrique expressa um sorriso leve e tranquilo enquanto lhe observa. Sem perceber Srª Roberta corresponde com o mesmo sorriso.
Senhor Augusto entre sem bater na porta e se depara com Srª Roberta e Henrique sorrindo como se alguém estivesse contato uma piada deixando os dois com sorrisos expressivos além de seus olhos brilhantes.
Com um olhar Henrique e Srª Roberta selaram um pacto naquele momento não percebido pelo Senhor Augusto que lhe agradeceu e marcou outra consulta para breve.
- Senhor Augusto não se preocupe com a próxima consulta, este final de semana tenho tempo livre e gostaria de lhe fazer uma visita para conhecer melhor Henrique. – Diz com um olhar de satisfação.
- Muito bem, mas só aceito a visita se for para passar o final de semana com a gente, teremos o maior prazer em lhe hospedar em nossa casa. – Diz Senhor Augusto observando o sorriso de Henrique concordando com o convite.
- Terei o maior prazer e espero poder conversar muito com Henrique e seus amigos lá na chácara? – Diz Srª Roberta sorrindo para Henrique.
Continua...