01 minuto até o Apocalipse

Mário não parava de olhar para o relógio, sua namorada Gisele ficara de aparecer às sete e meia para irem ao cinema, mas já se passava quase meia hora e nenhum sinal da garota.

-Garotas, sempre atrasadas!- dizia a si mesmo.

Seus pais não estavam mais em casa, saíram para jantar fora. Cansado de esperar, deitou-se no sofá de forma despojada com as pernas para o ar e ligou a TV. Assistia videoclipes, quando de repente a TV ficou sem sinal. Mudou de canal, mas todos estavam iguais, apresentando apenas a tela azul, era demasiado estranho, todas as emissoras saírem do ar ao mesmo tempo, mas finalmente, aquela TV velha devia estar com algum defeito. Desligou. Pegou o celular para telefonar para a casa de Gisele, mas, estava mudo. O que diabos estava acontecendo? Todos os aparelhos eletrônicos decidiram ficar malucos do nada? Decidiu olhar pela janela e surpreendeu-se ao ver a rua totalmente deserta, assemelhava-se à meia-noite ao invés de sete de um sábado. Onde estavam as crianças brincando na rua? Onde estavam os casais e grupos de adolescentes saindo para se divertir? Um arrepio subiu-lhe pela espinha. Tudo estava tão silencioso que era possível ouvir o barulho do vento frio tocar as folhas das árvores, sem a música do vizinho roqueiro, sem o barulho de alguns carros. Nada. Ligou então o aparelho de som e colocou um CD qualquer para tocar em alto volume para tentar exorcizar o medo que começara a sentir, mas fora em vão, aquilo só tornava a situação ainda mais estranha. Algo errado estava acontecendo, mas ainda esperava por Gisele. Surpreendeu-se ao ver que no relógio ainda apontava às 19:59, a mesma hora desde que o olhara pela última vez. Foi conferir no relógio de parede da cozinha, mas, marcava a mesma hora: 19:59. Até mesmo seu celular havia parado exatamente naquele horário. Tentou ajustá-lo, mas ele voltava àquela mesma hora. Mário começou a acreditar que estava ficando louco, correu para o quarto para chamar algum amigo pela internet, mas também não havia sinal, como tudo, também havia deixado de funcionar normalmente. Novamente ligou o som no mais alto volume que pode e saiu, caminhando a passos rápidos em busca de alguém, procurou nas casas vizinhas, mas ninguém abria as portas batidas, porque não havia ninguém ali. Começou a correr em direção ignorada, precisava encontrar outro ser humano, não podia ele ser a única pessoa no planeta naquele momento.

-Para onde foram todos?

Chegou à casa de Gisele, como sabia que ninguém abriria, quebrou a janela com um tronco de uma árvore e entrou na casa gritando pelo nome de sua namorada. Mas não havia ninguém lá. Não havia ninguém em lugar algum. Correu sem direção, passou a noite toda a correr, quando passou pela capital, viu lojas abertas, eletrônicos ligados, carros batidos, como se do nada, sem que se esperasse todas as pessoas do mundo houvessem desaparecido, sem deixar sinal, sem saber porque, mas porque ele ainda estava lá? Porque só ele? O que estava acontecendo? Em seus infinitos questionamentos e sem obter jamais uma resposta qualquer, acabou enlouquecendo, se jogando dois dias depois da torre de uma igreja, onde seu velho e grande relógio badalava as 20:00 h.