O Atentado
Acordara pensando a respeito da vida. A necessidade de algo inusitado. Não se sabe como. Mas no seu quarto, um modelo de bomba com conteúdo viral, que contaminaria uma determinada fração daquela metrópole. Saira do aposento com os pensamentos voltados ao projeto, os sonhos que tivera a noite, reforçavam a necessidade do ato. Aciona o mecanismo, fecha a porta e todas as que se encontram nos outros cômodos ao redor do quarto. Encontrara familiares e iniciara uma conversa trivial, comentando sobre problemas familiares, por um segundo se distraiu a respeito de todo o resto, imerso na conversação.
Um estrondo forte, que estilhçou os vidros da sala. A reação imediata foi corrercom os familiares para o mais longe que pudesse, justificando que havia a necessidade de se afastar do local, com a desculpa de um mal pressentimento. Em segurança, caminhava pela avenida, verificando seu celular, para testemunhar o horário do ocorrido. O coração disparado e a expressão aflita. Os passos confiantes e ao mesmo tempo hesitantes. As pessoas pareciam ignorar o ocorrido, com sua pressa diária, seus encontrões ríspidos.
O celular, toca. Atende e uma vo com sotaque estrangeiro se identifica. Diz ser Mikiêvna Kolv. Perguntando explicações sobre uma bomba que havia explodida na residência do ouvinte. O sujeito emudeceu, comentando a tragédia ocorrida, a necessidade em fugir pelo desespero em relação a algo que não compreendia. A voz fria da mulher, do outro lado da linha, comentava que ele parecia muito tranquilo, ao falar de algo tão grave. Nesse instante, em um ato desesperdo, começou a soluçar, derramando lágrimas e tentando justificar a aparente calma. Pensando que aquilo eu não passava de um jogo para tentar incriminá-lo, fazendo com que ele mesmo se entregasse, dando alguma pista através de uma fala desconexa.
A conversa fora encerrada. Recebera instruções para dirigir-se a um mais próximo, com internet. Estava com seu notebook em mãos. Ao abrir seu e-mail, constatara o recebimento de uma mensagem, enviada por remetente desconhecido. Pensou em ignorar, mas a curiosidade era mais forte. Era um vídeo, com imgens de satélite, que mostravam pessoas se suicidando saltando de prédios e outros fatos íntimos captados. Logo percebera o que se passara. O intuito das imagens era mostrar que se não soubessem até então, logo saberiam que ele havia sido responsável pelo ato.
Começara a conjeturar possibilidades. Se recordando de conhecidos, que residiam em cidades distantes, pensando em se embrenhar por esses longínquos lugares, para fugir de toda aquela culpa e opressão. Mas se havia pecebido o ato, provavelmente o encontrariam, seja onde estivesse. Um sujeito sem saída, a família esquecida, diante do egoísmo da auto-sobrevivência. Os olhos fitavam o céu azul de uma manhã ensolarada. Toda criança comete atos por desconhecer as reais consequências, tremendo, diante da possibilidade evidente de castigo.