A rotina de um viajante do futuro [C.G]

Quando se viaja, nem que seja um deslocamento simples, cria-se uma rotina. Rotas são criadas, tempos determinados e locais estipulados. Viajar através do modo autônomo oferece uma certa desconfiança.

"Como garantir que a programação, as rotas guiadas e o fluxo constante não me leve a uma colisão?"

Outro fator bastante interessante é a velocidade, pode-se regular ,eu sei, todavia, pela pressa sempre o modo fast é acionado.

Eu me permito navegar em velocidade normal, pois a rota é tão importante quanto a viagem em si, logo pode se ver a vida. E existe vida além das nossas cápsulas e a disparidade entre ricos e pobres existe sim. Eu posso observar.

No momento que passo agora no meu módulo autônomo, posso ver de modo panorâmico lá em baixo, a pobreza e o desespero. Caminha no chão tal como um bicho, uma pobre coitada, vítima de um sistema que privilegia poucos e muitos são transeuntes esquecidos em um viés qualquer.

Sair do módulo em local não determinado é terminantemente proibido. Manobras paliativas consigo criar, tipo peço o modo conforto e seguridade, ao fazer uma chamada em vídeo falsa para poder visualizar a pobreza. A pobreza é esquecida e ignorada, e ainda posso ver o rastejar humano e me incomoda o inconformar.

Waldryano
Enviado por Waldryano em 08/11/2022
Reeditado em 11/11/2022
Código do texto: T7645281
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