Viagem sem volta ao espaço [C.G]

— Mãe o que é asteroide? Lara cutucava a mãe, que como todo o habitante da Terra, não tirava os olhos da televisão, afinal, as notícias não eram das melhores.

"Filha você só tem seis anos, é melhor brincar e aproveitar bem os seus dias de criança."

Não entendia o porquê todos pareciam apreensivos, até que a mãe recebeu a carta. Foi um oficial do Governo que a trouxe, isto eu lembro. Apesar de ter seis anos de idade naquela época "Como não lembrar os olhos lacrimejados da minha mãe?"

"Filha você esta salva!" Ela sorriu pegou no meu colo e me abraçou.

Foi a última vez que eu vi a mamãe.

O caos se instaurou completamente na Terra, saques, arrombamentos e gritos desesperados eram ouvidos enquanto alguns privilegiados por sorteio estavam sendo guardados em bunkes de proteção. E outros jovens como eu, estavam indo passar por duas semanas de treinamento para a maior aventura da humanidade: Sobreviver.

— Vocês são crianças, todavia, também serão a esperança da humanidade. Eu só lembrava da mãe falar: "Independentemente do que acontecer, saiba que eu te amo, e é necessário você ir com eles, e nunca chore, sempre olhe nos olhos das pessoas com confiança que tudo dará certo".

As circunstâncias fizeram eu amadurecer prematuramente, também observava crianças da minha idade, serem excluídas da seleção por apresentarem comportamento inadequado. Eu era somente uma criança, mesmo passando todos os dias por psicólogos que analisavam o nosso modo de agir. Eu era somente uma criança!

Estava prestes a embarcar em uma nave espacial que iria desbravar um lugar longínquo não entendia muito do que se falava, e por que tanta a preocupação com um asteroide. Os dias estavam ficando negro isto é verdade.

Quando embarcamos, pessoas gritavam com filhos no colo querendo coloca-los no nosso êxodo. Estava vestida com uma roupa militar.

— Andem logo, já estamos atrasados ao nosso cronograma!

Eram várias espaço naves, lembro que foram cinco no total.

Não sei precisar quantas pessoas.

Só sei dizer que após estar aqui no espaço compreendi a gravidade do acontecimento. Assistido com apreensão por todos da nave. Antes de deitar naquela cápsula, e acordar já jovem.

Foi assim eu lembro:

No monitor uns cinco adultos que nos assistiam também, observavam à Terra de longe, já fazia duas semanas que estávamos no espaço. Era o tal do asteroide que estava indo a colidir ao nosso planeta Terra, no que comentavam na hora do refeitório ser o Armagedom. Entendi na prática do que se travava o Armagedom quando vi aqueles adultos chorarem e se desesperarem dizendo:

— Perda completa da Terra e somente resta nossa espaço nave.

Fomos os primeiros a embarcar e isto nos salvou, pois as outras quatro espaço naves foram atingidas por destroços e por uma certa onda, que não entendi bem do que se tratava. Nós sofremos com os destroços, todavia foi possível a restauração, em troca de vidas que se sacrificavam a cada mês que passava.

Antes de deitar naquela cápsula que eu não entendia bem do que se tratava.

O moço disse:

"Ficarão hibernando por 10 anos lembram dos vídeos do ursos que a Maria mostrou para vocês?" Maria era uma professora que cuidava de nós somente depois soube que ela era uma psicóloga.

"Quando acordarem terão atribuições aqui na Ragnarok, e serão importantes para o funcionamento do nosso novo lar."

E foram assim os meus dias:

Quando despertei daquele lugar já era uma adolescente de 16 anos, confesso que achei estranho acordar com aquele corpo. Maria já estava um pouco velha, e me explicou as minhas funções na nave. Explicou que seria a mecânica, depois de três meses de estudos tive que fazer vários reparos em diversos setores da Ragnarok, mostrou também o que eu tomei como guia para a minha vida.

A estrela guia.

— O nosso novo lar – assim falavam.

A Terra já não existia, somente lembranças eram passadas naquele telão no refeitório do que outrora fora a Terra.

Depois de um ano de atividades, agora entendendo melhor do que se travava, fui novamente para a minha cápsula criogênica, Maria sorriu ao fechar aquele compartimento de vidro e disse deste modo:

— Se vemos daqui dez anos.

E foram deste modo os meus dias.

Ao acordar aprendia novas funções e vivia plenamente naquela escuridão o ano de fixação que outrora era importante viver. Recebia várias injeções e todos os dias era analisada com os amigos. Parecíamos ratos de laboratório, tal qual dos desenhos de infância na Terra.

O médico sempre falava.

"Esta tudo bem? Vocês são a esperança da humanidade." Era um fardo muito grande ser a esperança da humanidade.

Quando despertei aos meus 26 anos.

Nós mulheres, tivemos que gerar um filho, e isto tornou-se estranho. Pois, precisava viver um ano fazendo tantas coisas, e com um peso a mais para suportar.

Éramos vinte seis mulheres.

— Sobre o Amor? Sei que existe relação entre homem e mulher, mas para nós nunca foi permitido, pois, nosso tempo era escasso e no final de um ano precisávamos voltar àquela cápsula.

"Chorei quando tive que deixar uma criança de três meses."

Confesso que lembrava da mãe todas às vezes que via aquele menininho tão lindo.

Maria já velha dizia-nos:

"Não se preocupem, ele aprenderá com o tempo o que é ser um ser humano no espaço."

E foi assim os nossos anos:

Quando tive trinta e seis;

Quarenta e seis;

Cinquenta e seis;

Sessenta e seis;

Setenta e seis;

Oitenta e seis, o tempo passou. Agora o meu corpo já não é tão jovem. Nunca conheci o meu filho, não foi permitido. Quando chegou o meu oitavo ciclo, descobri que a Estrela guia. Cuja qual eu tanto queria chegar. Nunca seria o meu novo sol e nem conheceria o meu novo lar.

Alguns enlouqueceram no processo. Não eu.

Tive que suportar todos os anos até chegar o momento de saber. Que sim, fiz parte daquela história, e graças a minha vida e ao meu esforço. Ragnarok chegará ao seu novo lar.

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Waldryano
Enviado por Waldryano em 07/11/2022
Reeditado em 22/11/2022
Código do texto: T7644495
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