COLETÂNEA DE MINICONTOS (ficção científica)

 

I - LUZ FÚCSIA

 

Luna Mia, que nome lunático, não aluado ou alienado, tampouco enluarado, é sim um nome possessivo, o ser que o possui, tem verdadeiramente a sua posse. A personagem em questão, por exemplo, é solar, o nome possessivo aliado à luz quente que dela emana é fúcsia. Paira no ar e às estrelas alcança, faz um mix de luzes com infinitas matizes. Os humanos, caminhantes dessa Terra, que ainda olham pro alto, dizem que a luz da Lua é prata e, aqueles que tem dentro de si, a pureza da imaginação, afirmam ser fúcsia.

 

 

II - ESQUELETO TRANSLÚCIDO

 

Solano e Moacir, desbravavam areias quentes, pirâmides cor de âmbar envelhecido, estando com as bundas assadas, sobre os lombos de cavalos suados, porque eles não se encantaram com o olor característico dos camelos. Pedra vem, poeira se come, antiguidades made in China e...histórias de areia, sonhos e guerras, disputas de sangue e terra e aí, a tumba em que estavam começa a causar burburinho, na abertura do sarcófago, que continha a múmia de um famoso faraó, que já tinha sido visitado milhares de vezes, agora expunha para alguns olhos incrédulos, um esqueleto com pele translúcida e, que emitia um som muito baixo, que parecia metálico transcendental, como assim? Mas, não fica só nisso, a pirâmide estremece, assusta todo mundo, a correria é tresloucada e pasmem, aquela construção milenar, se desapega do solo arenoso e sobe emoldurada por uma luz branca intensa, como um escudo protetor. Some no espaço, deixando um silvo metálico, como o solo alucinante de um guitarrista de metal rock.

 

 

III - GOSMA CÓSMICA

 

Lumah recebia Cristina, Terreza, Iolanda e Nana, para uma semana de relaxamento, em sua linda casa no Inverno sulista. Entre conversas regadas à vinhos, queijos fortes e doces folhados, curtiam o frio gostoso, com roupas confortáveis em frente à lareira. O cenário era cinematográfico, mas, dos poros de Iolanda começa a sair uma gosma verde e, ela reage arrancando as roupas e gritando que nem louca...pelo menos enquanto pôde...a gosma verde, vai tomando conta dela inteira. As amigas se abraçam desnorteadas, sem poder ajudar em nada. A janela se abre espontaneamente e, um nave negra em forma de cilindro, pousa no gramado do jardim mostrando ao que parece ser, uma entrada. A gosma verde se espalha e se redivide em múltiplas porções de si mesma, pulando cada uma, para dentro da aeronave. As amigas observam atônitas, o desaparecimento da nave, como por encanto, simplesmente sumiu. Em frente à lareira, um papel dourado, onde em letras cor de prata elas leram...Amei o tempo que tive aqui com vocês, Iolanda.

 

 

IV - CABELOS VERMELHOS

 

Jadel namorava Verdana de cabelos castanhos e tinha uma relação de copo e cama com Juli de cabelos louros. Ele era feito de amor e amava aventuras. Gostava de silêncios reconfortantes, mas, também de loucuras, uma pessoa nua e controversa, fácil de lidar, cativante e encantador. Jadel propôs às duas um passeio às 18h30, para Verdana disse ser um piquenique no final da tarde de Sábado, às margens do Lago dos Flamingos. Já para Juli disse que seria no mesmo lago, mas, um passeio de canoa ao anoitecer, para observarem as estrelas e, que ela chegasse às 18h30, ambas toparam de pronto. Só explicou que ele chegaria depois delas, com uma surpresa, o que atiçou a curiosidade das duas. Hora e local combinados, Verdana chega, abre a manta xadrez sobre a grama e, arruma os quitutes para o piquenique e aguarda. Juli chega no horário marcado, com um vestido esvoaçante, senta-se sobre a pachimina que levou, para o caso de esfriar, ela preferiu um lugar bem junto ao pier onde alugavam os barquinhos e canoas para passeio e, aguarda. Às 18h45 bem no meio do lago, eis que surge à vista delas e de uns poucos passeantes, um ser enooorme em forma humans, nú e muito branco, membros inferiores mais longos do que o normal, inclusive seu apêndice procriador. O tronco vazado deixava as costelas à mostra e, eram oito de cada lado. A cabeça era em formato de ovo e a cabeleira era vermelha, nitidamente, o rosto era de Jadel Os passeantes foram sugados, para dentro das costelas da criatura aos gritos. Verdana e Juli, com os olhos arregalados, sentiam um calor delicioso invadindo os seus corpos, gemem como que sentindo um gozo visceral, desmaiam e ao despertar, não se lembram de nada do acontecido, tampouco de quem foi Jadel. A manhã seguinte no lago, acorda com fios de cabelos vermelhos, espalhados pela superfície de águas cristalinas.

 

 

V - AGULHAS

 

Silvanio e Laurita, se casaram no fim do mês de Abril, mudaram para o interior da Bahia, mas, não puderam usufruir do paraíso onde escolheram viver. Agulhas douradas apareciam enfiadas em seus corpos, de forma indolor e, quando pessoas ou animais deles se aproximavam, eram fincados por elas, desaparecendo em seguida, numa explosão de luzes verdes e prateadas. Não entendendo o que estava acontecendo com eles, foram se isolando do mundo, preferindo o meio da mata. Poucos meses se passaram, talvez uns quatro e eles estavam parecendo, uns porcos espinhos, o amor que neles residia ainda forte, os fez tomar uma  decisão, acabar com suas vidas. Só que os seus pares espinhentos no espaço cósmico, os teletransportaram para o seu verdadeiro mundo, onde lá, eles eram todos iguais.

 

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 23/10/2022
Reeditado em 24/10/2022
Código do texto: T7633945
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