O Destruidor de Sonhos
Amélia, mais uma vez ia deitar, um sono sublime e sereno de criança. Às vezes sonhava, outras vezes: pesadelos.
"— Hoje será você!" - dizia ela para o esposo.
Ele nunca compreendera a frieza da mulher, tinha ciência da importância e o quanto ser necessário o monitoramento dos sonhos da filha. Afinal, na sociedade aqui descrita, não era permitido sonhar, ou o sonho poderia acarretar rebeldia, e isto, não era permitido, e isto objeto de monitoração, cabia ao tutor legal, no caso aquele casal observar e adequar os sonhos conforme o que se esperava de uma boa conduta para viver em sociedade.
A filha nem imaginava que após contar a história e colocá-la para dormir. Dois pais observavam cada detalhe dos seus sonhos. Através de uma sala, projetada para decodificar as atividades neurais, e transpor as informações para uma realidade aumentada.
A mãe severa que já se acostumara e tudo aquilo se tornara um cotidiano. Disse deste modo:
— Este é permitido, só adéque colocando um professor que corrigirá esta postura inadequada. Alterava-se assim o sonho e trazia uma repetição da sequência corrigida.
— Este tempo deve ser mudado, e se retornar, deletamos a sequência.
Eu observava de modo silencioso, meu coração chorava por dentro, entendia perfeitamente que a mim também seria posto esta admoestação, a todos, isto após passar a adolescência, quando as experiências, já se adequara ao que se espera. Contava-se da tecnologia de adequação.
— Amor, disse-lhe, deixe comigo hoje, pois você esta cansada e já há semanas você não passa pelo rejuvelhecimento, parece tão cansada.
A esposa, tão loira e bela, quanto todas daquela colônia, observou no espelho e viu resquícios de velhice no semblante, era uma constatação bastante grave, ela estava muito ocupada com a filha que esquecera dela mesmo. Deixou o marido e foi para a sua câmara, onde descansaria enquanto a admoestação continuaria.
E continuaria
E continuaria...
Até a Inteligência Artificial, considerasse aquela criança apta, para passar para a outra fase. Entenda aqui leitor, que uma vida longínqua, precisa ser monitorada, e a mente humana, sempre foi algo que ocasionou os males para a sua própria existência. Viver trezentos, quiçá, quatrocentos anos, precisa-se, admoestar as emoções.
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Meus contos atuais são só conceituais de ideias que me vem na cabeça, uma liberdade criativa, rápida de enredos. Numa primeira escrita deixo as ideias fluírem sem pudores gramaticais, todavia, depois volto corrigir erros de português, ampliar o enredo. Entendam, não tenho a obrigação de ser perfeito, coeso, coerente e longínquo ao ato de escrever.
Escrever é uma terapia eu permito-me testar e escrever o que bem entender.
Compreendo que um conto ou escrito necessita de uma sequencia lógica, e também observo que muitos se ofendem de deixar um conto no ato do plot. Atento para tudo isto, entretanto, sei do meu momento, e voltar a escrever trás tantos medos e anseios, acho o ato sagrado. É o que eu posso entregar.
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Waldryano.