32. ILHA DO TREMOR - UMA ENTREVISTA NÃO OFICIAL
UMA ENTREVISTA NÃO OFICIAL
O jornalista anda nos passos de Agtor, pensando qual titolo seria a sua materia, talvez colocaria exclusivo, não é todo dia que se vê um marinheiro. No pensamento do jornalista qualquer palavra que Agtor falasse já daria para escrever uma página no jornal sem precisar inserir uma foto grande.
- Olá eu me chamo Nelson, sou jornalista do “jornal: fala o que pensa”. – Agtor se vira com um olhar nada agradável. – Gostaria de fazer uma entrevista com você.
- Não dou entrevista – O jornalista insistiu mais uma vez, provocando Agtor. Aquele momento foi demais para Agetor. Agtor solta berros e mais berro, falando muitas verdades ao jornalista. Dizendo que todas as matérias têm um viés político, que não condiz com a realidade que vão destorcendo toda a entrevista colocando o ponto de vista de quem convém.
O jornalista não precisou dizer mais nada. Agetor continuou andando e o jornalista parou de segui-lo. No bolço da camiseta do jornalista havia um gravador que capitou todas as palavras de Agtor. O jornalista pega o aparelho na própria calçada mesmo, verifica como ficou a gravação, certifica-se que a gravação está boa, Agtor tinha gritado muito alto, o áudio ficou melhor do que outras entrevistas.
Em seguida o jornalista Nelson, pega o seu fone de ouvido e vai até o escritório ouvindo as palavras de Agtor, que de certa maneira merecia alguns pontos de reflexão, mas o seu vício em fazer jornal é tanta que não se importou muito.
O “jornal: fala o que pensa”, tem um slogan muito usado “Sem interferi na sua opinião”. É claro que ela vai interferi na opinião de que dá entrevista. É a emissora que decide, o que vai ser publicado nos veículos de comunicação. Ainda mais em uma cidade que não existe concorrência.