Chapeuzinho roxo

Mais um dia de trabalho, preciso me apressar, para buscar a minha filha na casa da tia. Hoje as gorjetas foram boas, certamente poderei inteirar para conseguir pagar o colégio dela. Pelo menos este mês esta garantido. No entanto preciso de mais dinheiro.

— Sua pele não esta nada boa, estas olheiras aí afugentam clientes, dizia Margo. Trazendo um balde com água gelada.

— Vai, enfia esta cara aí, Pifa, para dar uma esticada nesta cara, pois a próxima é você. Odiava a Margo, estava com os meus vinte e três anos, e precisava sair desta vida urgente.

De rosto lavado, tomei uma dose de vodca, para ficar leve. E vesti o meu traje de trabalho.

Após. Coloquei um sobretudo preto. A música da minha apresentação começou a tocar.

Veio Margo, outra vez retocar um batom que tinha ficado meio borrado, e jogou um pouco de Glitter, no meu cabelo.

— Vai lá Pifa, domina este palco que é teu, aproveita que a tua carinha ainda é bem requisitada.

Dei uma risadinha sem graça, e disse: — Só mais um golinho, hoje preciso dobrar estas gorjetas.

Nem liguei para o olhar de reprovação das que eram as coadjuvantes. Beijei a foto da minha filha coloquei no meu peito, embaixo do sutiã e fui, precisava ser a Chapeuzinho Roxo, mais uma vez para aqueles marmanjos e precisava - e como - de dinheiro, e é do bolso deles que viria.

A música era inebriante, eu começava a observar, qual seria o pato da noite.

Alguns grupinhos de pobretões, sempre tinha, precisava em focar na grana, e não era por ali que encontraria.

Um homem misterioso começou a me observar.

No poli dance, começava a tirar vagarosamente as luvas, já aparecia o pato que eu tanto queria. Um que pelo entendi, na conversa inebriada a bebida, estaria se casando. Seria eu o presente de despedida de solteiro.

Olhei de longe, Margo fazia sinal que era para ele que precisava dar as minhas atenções.

O homem misterioso voltou a me olhar, desta vez vi bem, parecia que este tinha lentes de contatos, o olho dele era de gato.

Pera, o olho dele começava a transluzir, ao apagar e ascender das luzes, e quando a fumaça começou a tomar conta do show. Ele desapareceu.

Estava começando a ver coisas, provavelmente exagerei na bebida.

Já estava com o pato fisgado, pegava na sua gravata, rodando aqui e ali, era um pato novo, bonito, até me animei com ele pense?

A Margo frenética, pediu para uma ajudante vir buscar as gorjetas, eu olhava para ela com olhar de consternação, era muito dinheiro, e eu precisava do meu.

Desci até o chão tirei o meu sobretudo, estava no ponto alto da apresentação. Rolava no poli dance. A Margo, fez o sinal de parar, disse em meio aos códigos. Que conseguira Mil reais de gorjeta.

Engraçado? Não parecia tanto.

Dei uma mordida no queixo daquele desajeitado. E a música acabou, vesti o meu sobretudo, a tempo de dar uma leve chicotada no bumbum daquele depravado. — Aproveite a sua noiva, hoje, pequeno. Disse e sai em meio a aplausos e frenesi.

Margo veio e me disse:

— Pifa de onde veio tanto dinheiro, tome o seu, hoje você foi Diva!

Diva eu? "Bicha invejosa." Sorri peguei o dinheiro e sai daquela boate, afim de descansar, e buscar a minha filha Lorena, de seis anos, que estava na casa da tia.

Já tinha inventado milhares de desculpas para ela. Chegar às 2 da manhã para buscar a filha era muito arriscado.

Adentrei no beco escuro que morria de medo, porém era o modo mais rápido de chegar na casa da tia e desta vez a minha amiga, que sempre me acompanhava não estava. Era eu e Deus naquela escuridão.

Abri a bolsa e vi que o batom estava lá.

Apertei, era bem forte a voltagem, se alguém chegasse perto levaria um choque que derrubaria um boi, assim disse o vendedor, quando comprei.

— Seria hoje o dia de usar?

Guardei o dinheiro na meia calça embaixo do sapato. Até mesmo a Margo "Laza", poderia vir querer tirar mais de mim, pensei.

Estava completamente só naquele beco.

Apressei o passo, uma quadra e já subia buscar a filha.

De repente, uma escuridão. Um bendito apagão, logo naquele momento.

Olhei para trás era ele. Estava me seguindo.

Eu corri.

Olhei para trás, ele tinha sumido, o homem com olho de gato.

Suava frio.

Voltei a olhar para frente, e tropecei caindo no chão, rasgando a meia calça.

Senti ele me segurar.

O meu braço estava sendo machucado, peguei da bolsa que caíra ao chão, o batom e apertei.

Tentava alcançar o moço que disse:

— De nada adianta comigo isto moça. Preciso de você e agora.

Abriu uma fenda de luz, ele puxava-me com força para aquele espectro, que parecia sugar as coisas próximas.

— Não moço, pelo amor de Deus não! É dinheiro? Tirei o sapato arranquei da meia calça. Era bastante, ele precisava me liberar.

— Tome! Eu tenho uma filha, por favor não!

De nada adiantou, ele me puxou e ambos estávamos indo para aquela luz forte, e assustadora. Mal sabia eu o que iria encontrar.


3950 Caracteres 876 Palavras
Conto de Ficção Científica
Autor; Waldryano
Waldryano
Enviado por Waldryano em 11/07/2019
Reeditado em 20/07/2019
Código do texto: T6693851
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