Metrópoles, a vida em 2113

Bem-vindo à Cidade de Metrópoles no ano de 2113. Uma cidade aparentemente ideal. Seus moradores são membros de uma classe com grande poder aquisitivo e tem como prioridade a saúde. As pessoas que habitam metrópoles raramente ficam doentes, graças ao avanço médico e científico desta cidade. Aqui, eles têm acesso a equipamentos projetados para garantir uma qualidade de vida excelente. Existe um aparelho semelhante ao relógio chamado previsor imunológico, este fica acoplado ao pulso esquerdo e tem sensores elétricos interligados diretamente ao sistema nervoso que por sua vez tem acesso a informações enviadas por todo o corpo e as decodifica para concluir se a pessoa se encontra em um estado de saúde perfeita ou se algo está errado ou até mesmo se estará, pois a sua principal função é avisar previamente se uma doença se aproxima. Quando o previsor detecta algo errado, ele ativa um alarme sonoro e mostra de onde vem o problema, ao mesmo tempo em que envia para a central médica municipal informações sobre o paciente e o mesmo só precisa aguardar cerca de cinco minutos até que um enfermeiro robótico venha voando atende-lo e aplicar-lhe uma superinjeção preventiva recomendada de acordo com o diagnóstico. Quando algum metropolense precisa de cirurgia, as mesmas são realizadas em sua própria casa, um ambulatório flutuante em formato oval se desloca até o local com apenas dois cirurgiões robôs e o mesmo realizam os procedimentos mais complexos, como transplantes de qualquer órgão em minutos.

Além da identificação prévia de problemas de saúde e do tratamento eficaz, os habitantes de Metrópoles tem acesso constante a informação, graças a um aparelhinho chamado Mind-Radio, um equipamento acoplado atrás do ouvido direito que fica conectado 19 horas por dia, já que a terra agora gira mais rápido, devido a um deslocamento de massa da Oceania causado por um tsunami em 2073, que acentuou a velocidade de rotação terrestre de 1.600km para 2.000 km/h. O Mind-Radio transmite a qualquer momento, mensagens telepáticas personalizadas, cuja finalidade é dizer aos Metropolenses o que devem estar fazendo diariamente para garantir a saúde. Geralmente, são instruções de quais exercícios físicos são recomendados para cada cidadão e como devem ser feito, por isso, existem centros de exercício físico em todas as regiões da cidade-estado. Metrópoles possui uma característica que a coloca no topo da qualidade de vida, ela é coberta por uma gigantesca cúpula de vidro, que levou cerca de 20 anos para ser construída. Ela não garante apenas o isolamento físico da cidade em relação ao resto do mundo catastrófico de 2113, como também proporciona aos cidadãos um ambiente seguro e agradável para se viver. Considerada o ápice da tecnologia da habitação de Metrópoles, a chamada Estufa 38, controla a passagem dos raios solares ultravioletas através da tecnologia fotocromática e com gases de halogênio e pode ser ajustada de acordo com as necessidades da cidade. Os cientistas conseguiram através da estufa, reproduzir mecanicamente a fotossíntese e a mesma purifica, refrigera o ar e utiliza a energia solar absorvida.

Mas nem tudo são flores sob a estufa de Metrópoles. Um problema ainda compromete a vida de pelo menos quinze por cento de seus habitantes. A classe operária trabalha incansavelmente nas fronteiras da cúpula, nos chamados Edifícios de Controle. Esta é a zona que mantem a cúpula funcionando através de trabalho árduo. Embora já existam os robôs operários, o trabalho de funcionamento da Estufa 38 não pode ser confiado ainda às máquinas. Embora eles consigam realizar cirurgias complexas (com acompanhamento virtual humano), a legislação vigente em Metrópoles não permite que a vida de toda a cidade seja confiada aos robôs. O isolamento pode ser bom para evitar as epidemias comuns do século XXII, como a gripe marciana e a peste de mosquitos invisíveis, uma falha no controle do funcionamento poderia liquidar em segundos a vida de todos os metropolenses.

Os operários não vivem no mesmo sistema habitacional que a maioria dos cidadãos de Metrópoles, embora exerçam um trabalho considerado nobre, têm condições habitacionais inferiores, fora de padrões, diferenciada dos que vivem fora da zona de controle, vivendo às vezes até mesmo dentro dos edifícios em que trabalham. Quando estão de folga, não podem se afastar muito do local de trabalho, encontram-se em praças para praticar esportes, fazer exercícios ou outras atividades de lazer. Em troca de seus serviços honráveis, recebem dos metropolenses remédios que os mantem com o mesmo nível de saúde dos demais metropolenses. Eles têm acesso a todas as tecnologias médicas disponíveis e graças a elas, são dotados de energia e saúde para seguirem com suas funções, garantindo a segurança de Metrópoles.

Uma deficiência na organização social de Metrópoles vem da chamada regra do filho único. Todos que estavam devidamente registrados na cidade no dia em que a Estufa 38 começou a funcionar, mesmo dia em que a cidade se emancipou da vizinha, e agora extinta Atenas. Estes foram considerados metropolenses naturais, mas para manter o equilíbrio no sistema social, foi promulgada a lei de que cada casal poderia ter apenas um único filho durante toda a vida, este seria considerado metropolense. Caso ocorresse de um segundo filho, este seria considerado pseudo-metropolense e não teria o mesmo direito aos sistemas de saúde. Aos dez anos de idade seria expulso de Metrópoles para viver com outros bastardos sociais. A regra era implacável e caso alguém discordasse da mesma, teria de se decidir entre deixar a vida saudável em Metrópoles para acompanhar o filho fora da estufa ou confiar o segundo ou terceiro filho a própria sorte. Algumas destas crianças conseguiam viver ilegalmente em Metrópoles. Mas eram totalmente desconsiderados como cidadãos por isso não tinham acesso ao sistema de saúde. Não recebiam o previsor imunológico em seus pulsos, nem mind-radio em suas cabeças, por isso não poderiam jamais usufruir das regalias dos cidadãos naturais e embora vivessem no mesmo ambiente que os demais, vivendo até mesmo nos edifícios padronizados, tinham uma saúde comprometida e uma qualidade de vida baixa. Sem mencionar os danos em sua saúde mental, viviam constantemente aterrorizados pela possibilidade de serem descobertos e expulsos da cidade.

Do lado de fora de Metrópoles se encontra Exópoles, formada basicamente por cidadãos da agora extinta Atenas e por pseudo-metropolenses, expulsos da primeira. Estes, marginalizados, conhecidos pejorativamente em Metrópoles como bárbaros, por não terem a mesma educação dada em metrópoles, não possuem nenhuma qualidade de vida. Suas casas são amontoadas ao lado da gigantesca estufa, sobrevivem de alimentos sintéticos fabricados em Metrópoles que são trocados por matérias primas minerais encontradas do lado de fora da estufa, mercadoria que quando exportada para a cidade passa por um rigoroso processo de descontaminação. Os exopolenses vivem a mercê do que os metropolenses irão lhes “doar” e passam por longas temporadas de fome além de beberem água contaminada. Sua existência está relacionada àquilo que Metrópoles produz e descarta. Seu tipo de habitação são galpões plásticos, que não são eficientes contra as constantes mudanças de clima do século XXII. Vivem constantemente doentes, por isso, são totalmente proibidos de entrarem em Metrópoles, a segregação é garantida pelos militares da zona de controle. O índice de mortalidade fora da estufa é assustador, mesmo assim, este povo conseguiu sobreviver a surtos de gripe marciana e foram capazes de controlar a proliferação do mosquito invisível, causador de uma febre mortal.

Com esperanças de reerguerem a velha Atenas e de terem uma vida melhor, os exopolenses seguem lutando pela sobrevivência diariamente, olhando sempre para a gigantesca bolha que cobre e protege Metrópoles, sonhando com o dia em que poderão dormir a noite com plena consciência de que estarão vivos no dia seguinte.