bang bang frank

Hey Frank.

No galope marcial do alazão. Os olhos quase cerrados, mascando fumo. Uma cusparada sai tão rápido que mal a sente se desvencilhar de sua boca - boca que se vai em formato do "o", e são os lábios que fazem toda a força, "ptshh". Puxa a rédea com força, o cavalo relincha. Ao longe vê algo parecido com uma diligência, indo para as bandas do sul; mineiros talvez. O entardecer é bonito, e mais bonito fica ao se entrelaçar com a fumaça que saí da fogueira, dando um tom qualquer de lilás. Adormece com o chapéu na face e a cabeça em uma pedra, mãos entrelaçadas na barriga e pernas cruzadas. O sol lhe acorda com uma claridade irritante, murmurando; bochecha algum líquido e cospe logo em seguida, da mesma forma que havia feito no dia anterior. Enrola o fumo; e num movimento único sobe no alazão, fazendo-o dar um giro completo pra esquerda e seguir a passos rápido em direção oposta ao sol. No avanço incessante a civilização lhe parece mais palpável, gados soltos ali, casebres abandonados acolá, cachorros magrelos a rodear a carniça de algum bicho; sente já de longe o cheiro pútrido de gente - como odiava gente. Encontrava-se agora a um oitavo de milha da cidadela. Passou por entre seus portões; portas e janelas sendo fechadas, olhos curiosos por entre as cortinas, só o que se ouve são as ferraduras do alazão batendo seco no chão poeirento. Com toda a estirpe entra no saloon, a música burlesca tocando em um player piano; os risos abafados das meretrizes sem dentes no andar superior; o alto tom de voz usado pelos que estavam na mesa à direita da porta; o barulho irritante do bartender limpando o copo imundo, com seu bigode mal feito e manchas amarelas pela camisa antes branca, agora de um bege sem graça. Sentou-se na mesa vaga, sentou-se de costas. Levantou o dedo, e pediu uma bebida e algo para comer, enquanto esperava enrolou outro de seus cigarros e os tragou de forma intensa, sua inquietação era perceptível. Chega seu prato e uma garrafa transparente com o álcool que lhe enche até um pouco menos da metade. Agarra o garfo e come, bebe vorazmente também. De repente pára com o garfo no meio de seu caminho. Ouve atrás de si uma voz calma e serena dizer seu nome, e o cumprimentando: "Hey Frank"; logo após o estrondoso BANG BANG; uma risada seca e a última palavra do estranho no recinto: "Frank".