AMICITIA
Catarina chegou numa manhã cinzenta e fria. Tinha cabelos escuros cortados à altura das orelhas, e usava roupas muito estranhas. Calças grossas, de cor azul desbotado, e uma blusa que lhe chegava quase até os joelhos. Ela carregava uma enorme caixa. Colocou-a no chão e levantou os olhos para mim. Ficamos amigos naquele exato momento.
Ela era muito divertida. Às vezes trazia amigas ao nosso quarto, mas falavam baixinho, para que eu não escutasse. Eu me amuava, mas depois ela sorria e eu esquecia que estava zangado.
O que mais me irritou foi quando Amarília, uma menina magricela com cara petulante, fez troça do meu vestido. Ao invés de me defender, Catarina riu. Fiquei realmente triste. Mas quando o dia de seu aniversário estava próximo, ela pediu à mãe que fizesse um vestido igual ao meu. Daí, no dia da festa, rodopiou à minha frente, segurando as saias de renda branca. "Viu só? Agora somos gêmeos!" Fiquei muito orgulhoso.
Há uma semana atrás, Catarina ficou doente. Sua mãe veio vê-la diversas vezes, e depois veio um homem vestido de branco. Ele sacudiu a cabeça, e a mãe começou a chorar. Daí eles vieram e a colocaram em uma caixa muito bonita, toda branca e dourada. Ela estava muito linda, usando o vestido igual ao meu.
Chamei baixinho: "Catarina..." Ela sorriu e abriu os olhos. "Venha, vamos correr no jardim!" Catarina levantou, pegou minha mão e saímos pela porta aberta.
.......
D. Elizabete levou um susto quando escutou o estrondo. Acompanhada do marido, correu ao quarto de Catarina. E pararam à porta, assombrados.
Aos pés do caixão branco e dourado onde repousava Catarina, em meio a estilhaços de vidro e madeira, jazia a pintura do "Menino em Vestido de Festa".*
* ( Pintura de Gainsborough, Museu de Arte de NY, e que ilustra este conto.)
Catarina chegou numa manhã cinzenta e fria. Tinha cabelos escuros cortados à altura das orelhas, e usava roupas muito estranhas. Calças grossas, de cor azul desbotado, e uma blusa que lhe chegava quase até os joelhos. Ela carregava uma enorme caixa. Colocou-a no chão e levantou os olhos para mim. Ficamos amigos naquele exato momento.
Ela era muito divertida. Às vezes trazia amigas ao nosso quarto, mas falavam baixinho, para que eu não escutasse. Eu me amuava, mas depois ela sorria e eu esquecia que estava zangado.
O que mais me irritou foi quando Amarília, uma menina magricela com cara petulante, fez troça do meu vestido. Ao invés de me defender, Catarina riu. Fiquei realmente triste. Mas quando o dia de seu aniversário estava próximo, ela pediu à mãe que fizesse um vestido igual ao meu. Daí, no dia da festa, rodopiou à minha frente, segurando as saias de renda branca. "Viu só? Agora somos gêmeos!" Fiquei muito orgulhoso.
Há uma semana atrás, Catarina ficou doente. Sua mãe veio vê-la diversas vezes, e depois veio um homem vestido de branco. Ele sacudiu a cabeça, e a mãe começou a chorar. Daí eles vieram e a colocaram em uma caixa muito bonita, toda branca e dourada. Ela estava muito linda, usando o vestido igual ao meu.
Chamei baixinho: "Catarina..." Ela sorriu e abriu os olhos. "Venha, vamos correr no jardim!" Catarina levantou, pegou minha mão e saímos pela porta aberta.
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D. Elizabete levou um susto quando escutou o estrondo. Acompanhada do marido, correu ao quarto de Catarina. E pararam à porta, assombrados.
Aos pés do caixão branco e dourado onde repousava Catarina, em meio a estilhaços de vidro e madeira, jazia a pintura do "Menino em Vestido de Festa".*
* ( Pintura de Gainsborough, Museu de Arte de NY, e que ilustra este conto.)