Dourado: a cor da Cobiça
De onde estou,
Tudo vejo,
Tudo sei.
Sobre o lado oposto,
Sem divagar;
Vou com cuidado,
Espreitando a finitude,
Devagar.
... baforado pelo velho e ruidoso Dragão Midas, o fumacê esbranquiçado vinha lambendo lento, vagaroso, as cristas das colinas.
No correr dos meses, os pássaros silenciaram. As cachoeiras pararam de pororocar. Os ventos cessaram, as árvores tombaram, os bichos bateram em retirada. E as pedras não são vistas no fundo do rio.
Os peixes? Ora os peixes; peixes não significam a multiplicação de nada, senão, ser lambiscados pelas minhocas e arrastados pelas tarrafas e longas redes.
Com o afloramento do ouro, da prata e pedras preciosas, que emergiam das profundezas de cursos d'agua e montanhas, a paisagem daquele lugar, nunca mais fora como antes. Perdera por completo a magia contida na simplicidade; dando lugar aos desnudos e desolados cocorutos.
Contudo, produziam os ricos Reis; os quais, mesmos sem coroas, derramavam gargalhadas estrondosas pelos alcantilados, baixios e vales. E toda transformação se dera em nome do reino da Perdição, tanto quanto, do dourado, a cor da felicidade.
Longe, muito longe de lá, provavelmente - quem se submete à viagem imaginativa, dispensa a verdade absoluta - em Netuno, prevalece as sombras providas pelos luminosos raios de Sol e a placidez de uma Lua vaga. Nesse Planeta distante, impera o que outrora regia o mundo do lado de cá; e ruídos e algazarra, somente os da Natureza.
Pouco ou nada se sabe sobre Netuno, porém, o criado pela divagação imaginativa, lá deve haver um deus para cada espécie da fauna e flora; pois um único Deus não consegue dominar um Planeta com tantos Reis absolutistas.