'DESESTORIANDO' um conto maluquinho
Era Branca igual a neve e a tia Malévola a chamava de india...vá entender rsss...
Tinha lindos sapatinhos de cristal, só que eles machucavam os seus dedinhos, ela preferia as botas confortáveis d'um amigo gato, pois lhe davam a chance de saltar pra longe de gente chata como o chapeleiro estranho, que era amigo da sua coleguinha de escola Alice, sempre aérea e desligada. Vamos combinar...em quê maravilha de mundo aquela loirinha pensava que vivia? Totalmente fora a realidade.
Os seus quatro tios anões, na verdade eram só baixinhos e naquele país frio, com praias e matas quentes, as pessoas muito altas, chamavam a todos os outros de anões. A mineradora de pedras preciosas da qual eram donos, os tornou milionários ainda bem jovens. Por causa disso, as bruxas más voejavam em torno deles como se fossem harpias sedentamente gananciosas, mas, eles eram guerreiros ardilosos e bem treinados, por um mestre de armas chamado Oz...que nome era aquele Meu Odin! Rsss...eles também tinham devaneios delirantes e engraçados com umas lindas sereias, principalmente uma ruivinha, cujo o nome rimava com mel.
Branca acordou com um gosto de maçã na boca e não gostou muito da sensação, nem sabia o motivo pois apreciava a fruta, não dando muita atenção aquilo, escovou os dentes com alcaçuz e se jogou na vida...mais um dia glorioso e sua mente fervilhava de ideias.
Começou logo infernizando o despertar de seu primo Peter, tão infantil...parecia não querer crescer. Jogou sobre ele um pó mágico de abracadabra, que fazia as pessoas voarem e como ele estava nú por baixo das cobertas, morreu de vergonha. Peter estava passando férias na casa dela, junto com sua outra prima Moana e não gostou nada da brincadeira. Aquele passeio estava sendo delicioso, só Branca teimava em ridicularizá-lo de alguma forma, mas, depois se entendiam
Moana era cabeça fresca como um mar sempre inconstante, ria de tudo e se desafiava em brincadeiras pouco comuns para mocinhas, um dia até deu uma de doida, colocou uma sainha de filó de balé e rolou que nem um ovo encosta abaixo...o que ela tinha de alegria não suplantava a falta de juízo. O irmão adotado dela e por consequência também primo de Peter, que não quis ir naquela viagem, era um pato com voz esganiçada tremendamente mau humorado, que não gostava muito das brincadeiras de Branca.
Meus tios Barney e Vilma, adoravam diversidade e inclusão, então, além de Moana, adotaram uma galinha pintadinha e uma ratinha que usava sempre com laço na cabeça e era amiga inseparável da galinha.
A pré adolescência deles era recheada de brincadeiras, magias e descobertas. Muitas peraltices e algumas decepções também, mas, isso faz parte do crescimento.
Branca entardeceu depois do lanche delicioso da Vó Anástacia, com chás gelados, biscoitos de araruta, bolo com doce de leite, suco de frutas e pão recheado de peixe cozido e maionese caseira hummm! Bom demais.
Às tardes aguçavam a tempestade que habitava a mente de Branca, seu amigo urso Fred tinha um tapete mágico que um dia, quase derrubou a Vó Anastácia num voo rasante, acabou por receber uma punição braba dos pais...sem ovos de gema mole e bacon no café da manhã, coisas que ele simplesmente amava.
Num outro dia, Branca pegou o tapete às escondidas e voou direto para o castelo cinzento e o dono dele Frankenstein, odiou a invasão e com o dedo em riste a expulsou de lá, só que o movimento brusco fez sua mão cair, mas, ele a atarrachou de novo no lugar e ficou tudo bem.
Não satisfeita Branca ainda fez um voo baixo sobre a Terra do Sempre e foi atacada por muitas estilingadas das meninas perdidas, acabou sendo atingida por algumas azeitonas e doeu um bocado, fazendo com que ela fugisse rapidinho de lá.
A notícia chegou rápido ao castelo da Vó Anastácia e o castigo dela foi mais sério...nada de sair do quarto por dois dias, nem comer junto com os primos estava permitido, naquele dia acabou anoitecendo possessa, depois o sentir ruim passou. Dormiu e sonhou com macaquinhos carinhosos coloridos.
Peraltices a parte, eles aproveitaram bem as férias, muitas novas memórias agradáveis hão de ficar guardadas para sempre. Dois dias antes das férias acabarem, puderam assistir um concerto com esquilos cantores, muito divertido. Só sentiram um pouco de falta de um amigo deles, o lobinho Pig um pouco mais velho do que eles, que morava na região mais ao sul daquele lugar. Neste ano ele não pode participar de todas as brincadeiras, porque precisou ficar cuidando por algumas semanas da tia Aurora, saudável, mas, já velhinha e meio doidinha. Ela vivia gritando nos sonhos
- Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe a cabeça!
Também não tirava um surrado chapéuzinho vermelho da cabeça por nada, nem mesmo para lavar...coisas da idade.
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