Príncipe Thomas

Príncipe Thomas

Escrito por Waldryano

Thomas está no seu castelo com Alfred seu fiel mordomo, tudo está pronto, ele irá passear, mas não é um passeio regado a carruagens e a nobreza, será uma visita a um país da América do Sul, Brasil.

— Alfred, tudo em ordem meu material de montanhismo?

— Sim, príncipe Thomas, confesso que penso ser uma bobagem da sua parte ir fazer este esporte radical em um país distante. Aqui na Europa não possui atrativos que já o deixaram de cabelo em pé?

— E outro detalhe, haverá a sua nomeação para reinar você já está se tornando maior de idade.

— Mas companheiro; este ano é diferente.

Thomas tinha terminado com a namorada, todos os seus planos, foram por água abaixo após ele descobrir que ela o traiu.

— Tudo pronto, conferia a mala, e o material. Alfred era bem jovem com seus 30 e poucos anos, já Thomas 20 aninhos (quase chegando a tão temível maioridade) ambos eram companheiros inseparáveis. De aventuras, de protocolos...

Ainda bem que você vai viajar comigo. Não quero que ninguém fique sabendo. O reino de Varsóvia pode ficar uns diazinhos sem o seu príncipe, então: — Borá Brasil!

A viagem foi em segredo como Thomas queria Alfred, fiel empregado, não o contestou, mas relutou em ir.

No avião Thomas pensa na escolha que fez. -Meu Deus como era ela fútil e interesseira. Nunca mais caio nessa. A sua até então namorada o traiu com outro príncipe, de um país maior de posses melhores. Ele olhava a foto. Alfred pega-a dele e diz:

— Thomas se não tem coragem faço eu, pegou a foto, jogou para fora do avião, a aeromoça veio e fez referência à travessura, Thomas riu, trancou a janela, o avião embarcou, Thomas fechou os olhos. A viagem era longa...

No Brasil, dois desconhecidos mochileiros passeiam por uma cidade de interior.

— Não foi uma boa escolha o Brasil, aqui não tem grandes desafios. Alfred continuava contestando as escolhas de Thomas.

— Mas há lindas mulheres aqui, não é?

— Você não toma jeito jovem príncipe.

— Você acha que o Thomas aqui vai ficar curtindo uma fossa e ainda mais quando está chegando a minha maioridade, iniciar a vida de adulto com uma princesa para se tornar rainha que tal?

— Mas você não quer dar um tempo depois dazinha que arranjou.

— Quero nada, vou escolher a minha princesa e será neste país.

A cidade era de interior, tipo planície, Thomas e Alfred como bons instruídos que são falam com certa desenvoltura o idioma nativo; O português. Eles se hospedaram em um hoster e estavam indo neste momento para uma nova aventura: -Escalar um morro no cerrado brasileiro.

O guia os levou, era véspera de natal.

— Deixo-os aqui, tenho família, que malucos vocês! Vocês realmente tem coragem de encarar uma descida íngreme destas?

A descida era íngreme mesmo, os dois aventureiros, colocando o cinto e o talabarte certificando os itens de segurança como de costume e começavam a aventura.

A ideia era simples, descer o morro e depois encarar a trilha.

Adrenalina na veia.

Mas no meio do morro veio a chuva, que tempestuosa e do nada. Alfred e Thomas não conseguiram prevê-la tornando a descida perigosa, houve um descuido, Thomas soltou o pino que o fixava, Alfred Gritou: — Jovem príncipe. — Não!

O rapaz foi içado para o outro lado, com um movimento brusco ele consegue controlar o impacto com as pernas, estava a uns 200 metros do chão.

Alfred com muito custo conseguiu chegar próximo ao príncipe, era uma vegetação densa, ele depois do ocorrido ficou alojado numa fresta no morro, Thomas machucou a perna, o equipamento se foi, caiu morro abaixo.

Alfred fez o primeiro socorro, na perna, era um pequeno corte, porém qualquer corte, como ele bem sabia próximo da veia femoral era muito perigoso. Feito o torniquete de modo rústico o Mordomo não observou outra solução “Pedir ajuda. Deixou-o ali tendo o cuidado de deixar uma garrafa de água.”

Thomas sentia a chuva que caia de modo voraz, ficou feliz, pois ao apoiar-se sozinho fez cair a garrafa de água, estava só, a noite veio, ele com medo, pensou. “— Tenho todo o dinheiro do mundo, minha herança poderia comprar este morro inteiro, súditos ao meu dispor, mas estou indefeso neste lugar afastado.”

Os grilos o fizeram companhia, ele adormeceu, os ferimentos precisava ser tratados, isto ele não sabia, a febre veio. O silêncio era quebrado, o amanhecer chegou, uma ave de rapina estava se aproximando, provavelmente o cheiro do sangue poderia ter a atraído. Thomas abriu os olhos estava inebriante a visão, ele viu a ave, ele escutou galhos quebrando, ele não aguentou e voltou a fechar os olhos.

Ao abri-los de novo estava deitado, parecia em palha não soube precisar, estava imóvel, não conseguia mexer as pernas, não conseguia falar, só movia os olhos. Estava com umas folhas que cobriam as vergonhas e só.

Precisava de ajuda. Estava indefeso, não sentia dor, sentia sede, mas não conseguia nem pedir água.

Uma fumaça entrou naquilo que lhe parecia ser uma casa de índio, sim ele definiu aquele lugar uma casa de índio, a fraqueza lhe fez não conseguir prestar atenção, a fumaça passou, ele voltou a fechar os olhos e adormecer.

Acordou novamente, desta vez uma água amarga veio a sua boca.

— Quem a colocava? Uma linda índia, e por incrível que pareça, falava uma língua compreensível a ele, dizendo:

— Calma, Calma. Passava um creme meloso no ferimento, ele não soube precisar, a fraqueza veio novamente, ele continuava não sentindo as pernas, ele não conseguia se mover o corpo para baixo.

Ele queria o Alfred, ou alguém conhecido, ele chorou.

A moça falou com alguém em outra língua, voltou, colocou-o no colo, e o seus cabelos sedosos, invadiram a face, ela estava vestida de adornos que pareciam penas. E disse. Calma, eu vou cuidar de você.

Foram dias meses naquela cama, se é que posso chamar assim. Uma vez por semana o Pajé, assim intitulei, entrava no quarto de índio e saia uma fumaça e ele fazia algo que nunca saberei precisar.

A moça era sempre doce, ela colocava-me no colo e ela ninava uma canção na língua de índio.

Com o tempo a ferida cicatrizou somente a fala e os movimentos não voltavam.

Aprendi a amar, aquela moça.

Certo dia escutei um alvoroço na aldeia, Olhei de longe, era ele o Alfred que chegara, ele veio me buscar, os índios não queriam me entregar eu não compreendia o porquê. A moça disse:

— Somente eu falo a sua língua, você é o Tupã que veio do céu para salvar a aldeia. Meus olhos marejaram. Eu não conseguia falar, nossa despedida se deu desta maneira. Enquanto a equipe que me veio resgatar me acomodada em uma maca ela em desespero pegava nos meus braços dizendo:

— Não nos deixe.

O Alfred me levou, estava com policiais do IBAMA.

Depois de um ano já recuperado voltei, novamente a aldeia precisava fazer isto.

Descobri alguns aspectos daquele lugar era um local de preservação onde não era permitida a presença de pessoas da cidade. Com muito custo e autorizações consegui adentra-la estava acompanhado a um guia da cidade que parecia conhecer a moça que fez retornar àquele lugar:

A Sua descrição confere com uma indiazinha que precisou de tratamento de saúde na cidade, falava-me o guia. Ao entrar a aldeia fomos bem recebidos, perguntei ao pajé, o guia traduziu.

— Como me salvarão? A aldeia era um tanto longe do local da minha queda. Ave de minha filha Potira avisou que o Salvador estava na montanha da perdição.

A aldeia estava sendo tomada por garimpeiros, e eram poucos os sobreviventes, mesmo o IBAMA, órgão de proteção aos índios não conseguia vencer tanta barbárie.

A índia delgada dos cabelos sebosos, veio e me abraçou, senti o amor correr nos meus pulsos. Tive que tomar uma decisão. Meu coração estava naquela aldeia, era natal. Minha família relutou, o devaneio de um jovem príncipe, mas hoje o local é preservado, fruto do dinheiro real, e eu tenho o amor da minha salvadora todos os dias nos meus braços. Alfred, pedi para ele voltar,e dar a minha decisão.

Waldryano
Enviado por Waldryano em 26/06/2019
Código do texto: T6682342
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