O Real Valor de 1 Amigo

O fulano havia comido coisas além do permitido pela gula; motivo do estômago sair-lhe pela boca. E caminhando para aliviar os gases, acelerar o processo químico/metabólico e mitigar o empachamento tão comum, originado pela fermentação das proteínas e demais nutrientes nesses casos, correu ao encontro da primeira moita.

O bucho sacudia a criança mal formada, a barriga roncava desesperada e o bolo alimentar chegava intempestivamente à plataforma. Ninguém na estação. Sozinho, arriou as calças e soltou o pássaro preso; que voou os ares. Pios e sorrisos se misturavam ao sabor da liberdade. Em seguida juntou um maço de folhas que saboreou as sobras, lambendo as beiradas.

A coceira desmedida e imediata fez de seu soprador uma rosa em botão deflorada. Quanto mais coçava, mais o prazer de coçar consumia sua tristeza e desconforto. Não sabia se ria ou chorava.

Levantou as calças. Afivelou o cinto, pois acreditava que machismo inicia pelo ajuste do cinto.

Deu dois passos em direção ao inusitado. Olhou para a construção do castelo. Obra rechonchuda, bela, imponente, suntuosa; porém, o que mais lhe causou estranheza, foram os dentes arreganhados do jacaré, cujos olhos brilhavam à procura da presa que sumira de suas vistas. Por sorte escapara de um, mas não escapara de ser abocanhado pelo seu, o qual levaria consigo, na sola do sapato.

Desolado e ao mesmo tempo alegre por dentro, gesticulou um tchauzinho para quem ficava e acompanhado pelas moscas, retomou o caminho; seguindo o seu destino, pois encontros e despedidas nunca lhe saíram da mente. Menos ainda do bucho. Em contrapartida, o ânus politicamente correto, solto e desinibido, seu fiel amigo e escudeiro, cumprira com o seu papel, que foi desocupar a ferrovia para passagem da maria fumaça. Tal presságio o fez suspirar o pensamento que embora irreconhecido, o verdadeiro e honesto amigo existe para salvar o outro de situações difíceis. E ambos pertencem a mesma saga anatômica.

... um "ânus pleno e desinteressado" deveria ser visto pelo altruísmo dedicado a quem de direito, pelas relevantes obras prestadas ao seu dono; e não pelo busto envelhecido em praça pública, que muitas vezes, é hereditário e passado de pai para os filhos. Definitivamente, um ânus atualizado, prestimoso e benevolente, tem seu valor e deve ser reconhecido perante o bom senso e paciência dos ponteiros dos relógios. Aliás, um ânus que não vomita, que não sopra o sentimento egóico de seu dono, além de valer ouro, é o próprio relógio, marcando os encontros e despedidas biológicas do usuário.

Por tudo isso, deve-se valorizar as amizades que valorizam o real Valor de 1 Amigo. Deveras é redundante, extremamente repetitivo, mas quem possui um amigo de verdade, não se decepciona com os perrengues de um intestino lento, preguiçoso, sonolento; e exclui o uso de supositórios, banho derivativos e clísteres; pois, afinal, embora estejam ofertando gratuitamente aos tortos e retos, virgindade ainda é tabu e portanto, deve ser preservada. Convenhamos, por mais que alarguem as saídas fronteiriças e expanda o comércio exterior, por que chamar os penetras e deseducados e através da deselegância deles, estragar uma amizade saudável e relevante que levou anos para ser constituída?