O Sábio Druída - A Saga de Odeon

ÚLTIMO ABRIGO (Capítulo I)

Escrevo desde Lustron, terra das brumas:

Lustron, 15 luas de 28 dias do ano mago lunar branco

Kerwyn era um velho mago que vivia no lado sul de Plêiade, uma aldeia druida que beijava o mar, onde a natureza sentava-se todas as tardes para ver esse encontro.

O sábio tinha três filhas que procurava criar com extremo cuidado respeitando acima de tudo as leis do clã a respeito de suas mulheres. A sociedade druída endeusava as mulheres místicas e as reverenciavam em toda sua sabedoria.

Viúvo, Kerwyn contava com a ajuda de Athdara, sua filha mais velha, que dividia com ele as responsabilidades familiares.

Em época de colheita, quando a noite vestia-se de festa, sua casa era honrada com as mais nobres iguarias – homenagem dos aldeões ao velho sábio por suas curas, orações e préstimos acolhedores que ofertava ao povo.

Infelizmente encontrou a morte em uma dessas manhãs em que as nuvens cantam lágrimas e a chuva presenteia a natureza.

Seu túmulo ao pé do carvalho exibia esta inscrição:

Tuatha De Taranis * O Povo da Deusa Taranis –deusa da profecia, inspiração, sabedoria e morte.

Kerwyn

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Athdara Morgana tinha os olhos da noite e da íris fazia sua estrela guia, e por onde passava deixava seu rastro mágico. Desde cedo demonstrava poderes extra - sensoriais, e com o passar do tempo, somados aos conselhos e sabedoria do pai, a moça adquiriu o equilíbrio necessário sobre eles.

Athdara

Crescia a menina entre essências e fragrâncias, fazendo da alquimia sua cúmplice. Em noites solitárias, quando o sono brincava de esconder deixando-a sóbria, Athdara estudava livros e pergaminhos deixados por seu pai que revelavam segredos de poções benéficas e curativas, beneficiando os enfermos da aldeia.

Conhecida como a bela milagrosa, título que abominava, pois seu caráter humilde e puro era desprovido dessas vaidades. Protetora ferrenha das irmãs, pois foi o último desejo de seu velho pai.

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A apresentação de Athdara se faz necessária para que haja um raport com o leitor. Em outras palavras, "Athdara e leitor se aproximem através das dobras do tempo."

Há muito (ainda)o que falar sobre essa mulher druída, cuja vida terá grande importância dentro da saga de Odeon.

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“O véu da maldade encobriu tudo e as ervas daninhas cercaram todo o caminho em volta. Por que o desespero? Você escolheu viver em um mundo que não era s

AS TRÊS IRMÃS

(capítulo II)

Após a morte de seu pai, Athdara reuniu as irmãs sob a selenita luz (mãe prateada), em clareira costumeira ao pé do carvalho - agora morada de seu pai.

O vento apiedou-se enviando uma brisa carinhosamente cheirando a mirra, enquanto a noite, envolvia as moças no acalanto das horas.

Deméther, a irmã mais nova iniciou a reunião soprando a doce melodia das virgens, enquanto Calíope e Athdara empilhavam gravetos para em conjunto com o brilho da chama que logo mais ganharia vida, pudessem juntas falar de seu futuro.

Ao som da flauta Deméther ganhava a renovação de algumas lembranças de infância e acabou por lembrar-se de passeios matutinos com seu pai a colher aromas e ervas entre os jardins da ilha para mais tarde realizarem suas alquimias que lhes renderiam águas perfumadas e coloridas.

Kerwyn orgulhava-se desta menina por sua candura e generosidade gratuitas e benfazeja para com as mulheres gestantes da aldeia, pois a moça fazia questão em participar do nascimento de mais um futuro druida ou quem sabe, o rebento viesse em forma feminina, cheirando a miosótis.

Deméther mais parecia um anjo de porcelana. A pele , feita de auroras trazia o frescor das manhãs que eram rosadas como sua face. Os cabelos, deslizavam sobre os ombros em cachos dourados. Trazia sempre no alto da cabeça um diadema de flores do campo e seus olhos exalavam o sorriso doce na cor do mel.

Deméther

Preferia vestir-se como sua mãe, uma Sacerdotisa imponente e respeitada por sua sabedoria e prudência. E por isso suas vestes eram longas e claras com nuances exóticas escondidas sob as pregas do tecido.

Assim era Deméther e sua iniciação como sacerdotisa já estava prevista para quando completasse a idade da justiça e compreensão segundo a lei druida aos 25anos , mas ainda havia tempo para essas regras atingir pois era menina e liberta corria pelos campos e tinha apenas 17 anos.

Logo o devaneio da moça foi quebrado pela voz contundente de Calíope, a irmã do meio, que a sacudia em tom lacônico dizendo:

“- acorda criatura dos prazeres! Pensa que a vida se resume em soprar notas por esse caninho nojento e mal cheiroso? Venha depressa que Athdara, tem algo a nos dizer e eu estou (hoje) sem paciência!”

Então de mãos dadas as três mulheres sentaram-se em volta da chama e ali sob a vigilância da lua, deram início ao que seria feito dali por diante e qual seria o papel de cada uma nessa nova etapa de vida sem a presença do pai.

Athara sentia o clima pesado e nada harmonioso, e neste momento fitou Calíope, percebendo que de seus olhos saíam chispas de um fogo-fátuo desenhando tempestades de esmeraldas.

A noite foi longa, porém produtiva na medida em que cada uma sentenciou seus desejos que por conseguinte deveriam passar pelo grifo de Athdara , e esta por sua vez conduzir por escrito que Calíope, mulher feita poderia dar um rumo à sua vida enquanto que Deméther ainda ficaria sob os cuidados da irmã mais velha.

(...) continua

Lucinha Oliveira
Enviado por Lucinha Oliveira em 31/03/2016
Código do texto: T5590710
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