Le Pitoquê e sua Turma

Os gatos de Prudentes, são mesmo fantásticos. Reunidos, são uma sociedade avançada. Os bueiros da cidade são locais de encontro, onde revoluções são tramadas e caçadores experientes mostram toda sua habilidade, se fartando de presas de nível intelectual reduzido. Le Pitoquê, consegue manter-se em casa, procurando pequenos pássaros para sua diversão. Divide o tempo entre brincadeiras com jogos que estimulam seu intelecto, filmes e livros. Começa a apreciar algumas iguarias da alta culinária. Já tratado com as vacinas que garantem seu bem estar, caminha soberano pelo pátios de sua moradia. Costuma manter contato com seu amigo, Don Tom. Tom, como é conhecido pelos íntimos, e Tonico para sua mãe em momentos de estresse, faz ar de seboso, quando algum intruso chega. Mas logo se solta e começam a rolar pelo chão com brincadeiras pela mobilha da casa. Uma ótima maneira de afiar as garras são os sofás.

Don Tom segue dando seus passos pela casa, visitando o bueiro em busca de informações. Só em momentos de interesse por fontes seguras, que se dispõe a sair de sua mansão, deixando claro aos outros a diferença entre eles. Todos fazem parte de um ciclo fechado, um clã de gerações de gatos, os nomes se perderiam em uma grande lista. Mas um dos mais magníficos, chamado Bento, se imortalizou. Sir Bento. Com sua belíssima pelagem cinza e descendência francesa, caminhava pelo terreno com segurança. Sua força de espírito intimidava os cães, fazendo com que entrasse em canil e amedrontasse caninos. Fazia a inspeção de visitantes para dizer se teriam seu aval ou não na residência. Conhecia os locais da casa mais secretos, sabendo se camuflar e se exibir quando desejava. Alguns diziam que chegou em certas ocasiões a falar, devido ao avanço de sua capacidade cognitiva. Acolheu Don Tom e promovia na região um controle felino sobre o território. Dominava sem igual, até uma fatalidade ainda misteriosa, quando desapareceu sem deixar vestígio. Ainda se cogita rapto ou algum crime de uma mente invejosa. O fato é que provavelmente esteja no Paraíso dos gatos.

Le Pitoquê também se engraçara com Salomé, conhecida como A Cagona, com quem dividiu seu teto, com todo amor possível. Chegando a chamar por seu nome após a partida esperada. Salomé era muito saliente e não se contentava com as coisas mais simples, procurando criar situações inusitadas com sua mentalidade criativa. Don Tom chegara a convidar Le Pitoquê para um chá da tarde, regado a saches de atum e potes com água vinda da Escandinávia. Um dos membros mais antigos do clã, é a gata Lili. Dona Lili usa sua idade como subterfúgio para obter privilégios. Sua alimentação é a base de queijo trazido de vacas holandesas. Expert em aprisionar pássaros, com vasta lista de vítimas. Seu miado percorre todo o bairro, como um eco nas madrugadas. Não aceita a convivência com outros felinos e esnoba Le Pitoquê e Don Tom. Sente-se magnânima em sua mansão, onde possui regalias incontáveis. Dispensa rações e busca iguarias que estimulem seu paladar apurado.

Outro membro veio a fazer parte desse clã. Oscar o Niemeyer. Vindo de uma família de arquitetos, possui o hábito de explorar toda forma de cenário, se dependurando em esculturas. Oscar não consegue ficar parado, possui muita energia para extravasar. A criatividade de Oscar somada ao requinte de Don Tom forma um cenário diário de agitação em um luxuoso cenário chamado de Jardim Santa Olga. As conspirações são feitas. Don Tom já foi visto percorrendo os campos em busca de pistas. Le Pitoquê, vasculha livros e procura criar teses. Oscar já desenha um plano. Lili aceitou participar, mas não em nome do grupo, e sim por saber que também se trata de sua própria segurança. Parecem que estão unidos em um plano de tomar as rédeas mundiais. Ficaram inspirados com o filme contado por Le Pitoquê, chamado “Planeta dos Macacos”. Ainda é cedo para sabermos o que irão fazer. Mas estão conseguindo mobilizar um exército. Baixas começaram a ocorrer. Um membro da vizinhança foi envenenado e procuram se manter mais discretos em suas reuniões. O Bueiro se tornou a Maçonaria desses bichanos e não se sabe o que se trama ali dentro.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 19/01/2014
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