A Morte das Nuvens
A beleza da nuvem esta em seu panorama que é visto e feito de céu. Ao longo de sua vida, vai agregando matéria, com vapores que irão inflar sua substância. Algumas duram mais do que outras e podemos ver o resultado, sendo mais concentrada essa e mais esparsa aquela. Podem ser vistas acima delas, em aviões que possibilitam essa outra perspectiva, fazendo delas um tapete voador. Associadas a morada de deuses, por sua posição etérea. O desejo do homem em habitar esse plano superior. A morte de uma nuvem e dá através da chuva, que a desintegra ao se liquefazer. Beneficiando ou casando alguma conseqüência desastrosa a quem recebe sua graça. Fertiliza e devasta. Quando muitas nuvens morrem, temos uma tempestade. O trovão é o anúncio e o raio a resistência.
Quando morremos, somos parecidos. Desintegramos embaixo da terra e com isso somos reaproveitados pelos que ficam. Em grandes quantidades chegamos a ser pestilentos. Mas nossos despojos, como toda matéria, buscam se reintegrar ao meio para continuar o ciclo de transformação da vida, que precisa da morte, como se fosse sua revolução. Cada ser humano nuvem, tem como destino se tornar chuva. O choro é a o trovão e a força dos que resistem à partida, um relâmpago certeiro promovido pela ligação da saudade. As nuvens no céu e nós na terra, promovendo essa sintonia entre alto e baixo. A outra perspectiva, que do alto é do avião, na terra será dos microorganismos que embaixo vivem, muitos desprovidos até da claridade.
Como terceiro ato, o encontro. O desejo de se tornar nuvem, faz desejar o céu. Eis que surge a fé de ali habitar e o poder de cair sobre os que na terra estão. E assim o fazemos. Já que as emanações do solo irão habitar os céus, caindo com suas graças sobre os que caminham no mundo, com ventos que te levarão, como belos espíritos, para direções diversas. Do pó vieste e a ele retornarás, mas não signifique que permanecerá nele. Poderá voar pela amplitude desse Olimpo e pousar sobre o dorso de um magnífico pássaro, como cair sereno sobre a face de uma infância. Quem sabe inspirar um casal enamorado. Estados passageiros que nos fazem homens hoje, que olham para o céu, que amanhã serão pó e mais adiante, no amanhã do amanhã, chuva, que irá fazer novos homens olharem para o céu.