Infindáveis Dias
Amavam-se como loucos e jamais suspeitavam da já acontecida desilusão. O tempo é contumaz, gira rápido, não se pode perder de vista o desejado, nunca.
Como poderia ele ficar sabendo, ainda mais ele, um bucólico e eterno apaixonado, nunca poderia adivinhar
ou suspeitar que, aquela em que tinha nos braços envolta em tanto amor e carinho, fosse traí-lo de forma tão suja, tão ordinária.
Tantos anos que passaram, mas não se supunha e nunca se percebeu que, ela fosse tão cruel em suas atitudes. Quantas traições, quantas vezes, nem ela saberia relatar, como que, com os olhos vendados desferia várias e várias tentativas num vôo cego, como que caísse em uma arquibancada cheia de nojentos torcedores.
Não lhe escapava nada, nem hora ou lugar, sem pudores, exagerava e arriscava não importando quem seria que possuísse seu prazer. Cheia de si bradava aos seus cúmplices que mal conhecia, eu tenho prazer de trair aquele que tanto me ama e confia em mim, falava de suas glórias de mulher infiel a quem quisesse ouvir, nunca lhe passou nos pensamentos que seus dias de traição estavam contados, cairia então em desgraça absoluta tomada pelo próprio veneno.
Quando poderia imaginar, que querendo dar o máximo de si não percebeu que ela mesma seria sua próxima vitima. Num ato extremo de prazer e desejos, ela ajeitou-se em armar com um grupo que participariam de uma festa, esta que teria pessoas de várias tendências e todas fantasiadas ou pelos menos mascaradas.
Noite adentro fez de tudo um pouco, se divertiu como nunca. Dentro da sua vaidade de que tanto exaltava, nunca admitiria ser pega em seus atos tão libidinosos, mas o fim estava mais próximo que se pudesse imaginar. Quando ao amanhecer chegando a casa, qual foi sua surpresa, nunca poderia imaginar que aquele que tanto a amava e a envolvia em carinhos e tanto lhe protegia, há muito sabia de tudo e não se importava com que fizesse. Descobriu também uma mascara igual a tantas outras que havia na festa, seu marido era gay.
Eduardo Gragnani 2006-01-15