De lá pra cá...
Sempre ouvi dizer que pulei nesse mundo numa manhã de muita chuva.
1964 - Seriam chuvas intencionalmente vindas dos céus, jorradas por alguém que quisesse apagar algumas bombas, fumaças, pólvoras que, reza a lenda, haviam sido detonadas também naquela madrugada?
A certa altura da vida resolveram me contar que o sonho do meu pai era que eu fosse um menino. Claro que o cobri de razão. Imaginem a aflição, coitado, pois as quatro gestações anteriores à que seria do último bebê da família, já haviam trazido quatro meninas "de carreirinha", uma a cada ano. Penso que ele tenha dado o intervalo de cinco anos já planejando que um belo temporão pudesse quebrar aquele reinado feminino no qual ele vivia, e, provavelmente, do qual fatalmente poderia se tornar vítima. Muita mulher numa casa só...
Fui crescendo e, nesse detalhe, cheia de solidariedade e compreensão ao que tinha caído sobre a cabeça dele. Não bastasse o sonho não realizado, a frustração por aquele bando de mulheres ao seu redor, venho eu, resolvo nascer numa manhã chuvosa e barulhenta de um 1º de abril. Fácil deduzir que tipo de brincadeira fizeram com ele, não é? De mau gosto? Não sei... Ele sempre foi o rei das brincadeiras.
Meu pai era um guerreiro. Acreditam que ainda assim ele me amou por toda vida? Coração nobre e sentimentos incondicionais. Só pode...
De lá pra cá, vou vivendo oscilando entre questões pacificadoras, conceitos nem pre nem pós surgidos - procuro não julgar, não fechar questão nas coisas que penso, vou esbarrando em opiniões revolucionárias (assim costumam chamar algumas que emito - mas, em todas prefiro flores a bombas - nem mesmo estalinhos). Sigo colecionando aversões a um ou outro senso comum, uma ou outra convenção baseada num nada gelatinoso, e assim ando em frente.
Se no final, no mínimo meus filhotes, minhas crias, puderem concluir para eles mesmos que pelo menos algumas coisas boas aprenderam, e que serão coisas úteis em suas vidas, tudo terá valido a pena.
Resumindo: lamento o que de ruim aconteceu, mas permitam-me, adoro 1º de abril de 64!
Sempre ouvi dizer que pulei nesse mundo numa manhã de muita chuva.
1964 - Seriam chuvas intencionalmente vindas dos céus, jorradas por alguém que quisesse apagar algumas bombas, fumaças, pólvoras que, reza a lenda, haviam sido detonadas também naquela madrugada?
A certa altura da vida resolveram me contar que o sonho do meu pai era que eu fosse um menino. Claro que o cobri de razão. Imaginem a aflição, coitado, pois as quatro gestações anteriores à que seria do último bebê da família, já haviam trazido quatro meninas "de carreirinha", uma a cada ano. Penso que ele tenha dado o intervalo de cinco anos já planejando que um belo temporão pudesse quebrar aquele reinado feminino no qual ele vivia, e, provavelmente, do qual fatalmente poderia se tornar vítima. Muita mulher numa casa só...
Fui crescendo e, nesse detalhe, cheia de solidariedade e compreensão ao que tinha caído sobre a cabeça dele. Não bastasse o sonho não realizado, a frustração por aquele bando de mulheres ao seu redor, venho eu, resolvo nascer numa manhã chuvosa e barulhenta de um 1º de abril. Fácil deduzir que tipo de brincadeira fizeram com ele, não é? De mau gosto? Não sei... Ele sempre foi o rei das brincadeiras.
Meu pai era um guerreiro. Acreditam que ainda assim ele me amou por toda vida? Coração nobre e sentimentos incondicionais. Só pode...
De lá pra cá, vou vivendo oscilando entre questões pacificadoras, conceitos nem pre nem pós surgidos - procuro não julgar, não fechar questão nas coisas que penso, vou esbarrando em opiniões revolucionárias (assim costumam chamar algumas que emito - mas, em todas prefiro flores a bombas - nem mesmo estalinhos). Sigo colecionando aversões a um ou outro senso comum, uma ou outra convenção baseada num nada gelatinoso, e assim ando em frente.
Se no final, no mínimo meus filhotes, minhas crias, puderem concluir para eles mesmos que pelo menos algumas coisas boas aprenderam, e que serão coisas úteis em suas vidas, tudo terá valido a pena.
Resumindo: lamento o que de ruim aconteceu, mas permitam-me, adoro 1º de abril de 64!