Colo

Não parece mais uma mulher, mas uma arma preparada para a guerra. "Que guerra?", se pergunta sempre. E continua a preparar-se.

Os cabelos castanhos encaracolados, que antes delineavam o rosto, agora estão presos, e as pérolas ao redor do pescoço e nas orelhas estão jogadas à mesa de canto, no quarto. Uma faixa vermelha de tinta pinta a área dos olhos claros sobre a pele clara. O olhar é fumegante e arde aos outros.

"Sou um pequeno gafanhoto. Você admira meu mestre." Seu mestre é careca, não tem barba branca, mas cabelos grisalhos. Não é um senhor, mas um homem com a pele queimada e rugas do sol da guerra. - Mas é a mim que ele chama e conta seus segredos, e é a mim que depois de fazer carregar baldes e socar o cérebro contra o crânio que ele abraça e diz que ama.

"Foi a mim que ele pegou no colo e foi dele que ouvi pela primeira vez 'eu te amo', assim descobri. É a partir dele que sei como a vida vai ser."

Sabrina Vieira
Enviado por Sabrina Vieira em 11/07/2010
Reeditado em 28/09/2012
Código do texto: T2371194
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