Mais Uma Visita.



 Fui sozinha para o Brasil e lá estava me esperando toda uma maratona que vou contar em outra oportunidade, para não desviar o rumo da nossa conversa.

Mas resumindo, de junho a novembro eu tomei a decisão de não mais vender a casa que tenho no interior de São Paulo e sim reformá-la.

Passei todos esses meses às voltas com pedreiros, marceneiro, pintores.
Um horror, nem quero lembrar!

E tendo que lidar com outros problemas relacionados ao meu filho Armando e ao filho adotivo que apareceu em minha vida: José.
Mas essa estória eu conto depois!

Pois bem, em dezembro estava tudo pronto para a chegada do Jerry.

Ele veio para passar o Natal e o Ano Novo e no inicio de janeiro fomos juntos para Las Vegas; combinamos que eu ficaria lá por três meses: janeiro, fevereiro e março.

A minha terapeuta Ergília, uma pessoa especial que conheci em SanCity, tinha me receitado um floral para me ajudar a dissolver os problemas ligados à família, árvore genealógica, e descendentes: o leucantha de Saint Germain.

Eu até mandei preparar o floral, levei-o comigo, mas hesitei em tomar porque pensei que poderia desencadear aqueles pânicos que eu tinha sentido da outra vez.
Não tomei.

E agora vejo que por causa dessa decisão minha todo um trabalho espiritual que estava planejado e agendado para aqueles três meses em Las Vegas teve que ser adiado: eu só poderia continuar realizando esses atendimentos se estivesse tomando o floral!

Isso eu só fui descobrir depois; na época eu nem suspeitava de nada.

O único fato ligado à família foi no aniversário dele, em 7 de março: fomos para Seattle, conhecer a filha dele, do primeiro casamento com Dorothy: Marjorie.

Uma moça linda, com o mesmo sorriso do pai, casada com o Chris e mãe de duas lindas crianças que eles adotaram: Paul de 6 anos e a recém adotada Alice com 2 aninhos.

Marjorie é muito especial e a adoção das crianças lhe trouxe a felicidade e a realização completa como mãe.

Em sua casa conheci Dorothy, a primeira esposa.
Uma mulher sofrida, ainda perturbada pela perda da outra filha, Terese, que morreu nas garras das drogas e deixou os dois filhos pequenos, Dillon e Chesley.

Dorothy me recebeu bem, conversou comigo, e eu conseguia entendê-la apesar de ela falar comigo em inglês.
Mostrou-me as fotos da família e chorou ao falar de Terese.

Num dado momento, enquanto todos conversavam na sala, ela soltou, na minha frente:
-Agora que você ficou viúvo, eu vou morar com você em Las Vegas, não é Jerry?

Ninguém deu muita importância; ela era visivelmente uma mulher frágil e perturbada.

Voltamos ao Brasil em abril; desta vez o Jerry ficaria por três meses: abril, maio e junho. Eu comecei a tomar o floral em abril.
 
No inicio de julho, quando retornamos aos Estados Unidos, pude conhecer toda a família dele que mora em New York, New Jersey e Long Island : as quatro irmãs, um irmão e suas famílias, uma filha da segunda esposa Olivia (que adotou os filhos de Terese!) e os mais especiais: Tio Tom e Tia Emily., um casal de tios de 90 anos que moram em uma linda casa em Cotchogue, uma cidadezinha a beira mar.
Foi uma viagem inesquecível, que vou contar em outra ocasião...

Pois bem, só depois, estando em Las Vegas, os atendimentos familiares continuaram a acontecer: eu estava tomando o abençoado floral!

Vamos a eles, que, afinal, são o assunto destas estórias!

Em Las Vegas, todos os sábados nós costumamos ir à missa.

Eu sou Católica de nascimento e, apesar das minhas buscas e andanças por todos os tipos de religiões e conhecimentos espirituais, nunca deixei de amar e respeitar minha religião de origem: sei das criticas que são feitas ao tradicionalismo e à estrutura da Igreja Católica, mas na hora da missa sinto que a verdadeira energia Crística ali se encontra presente, independente das pessoas que ministram os sacramentos.

Antes de sairmos para a missa, eu me sentei para escrever, pois senti que alguém seria trazido para ser ajudado e que devia rezar por ele durante a missa.

Assim que me sentei em frente ao computador já percebi:
 
“Eu tenho muita raiva! Mas muita mesmo! E é daquele que está dormindo lá na sala!
Sim, ódio dele!
É por isso que eu acordo ele; aliás, tem mais gente acordando ele, não sou só eu não!
Eu quero contar a minha estória agora.
Mas vocês vão à missa e na volta eu conto.
Vou ficar aqui esperando.”
 
 
Durante a missa eu orei, pedindo por essa pessoa, mesmo ainda não sabendo quem era.
Eu pressentia que era algum familiar do Jerry, podendo ser encarnado ou desencarnado.
Sim porque mesmo as pessoas vivas podem se deslocar em outro nível de consciência e se manifestarem de diversas formas.

A maioria das famílias é constituída de pessoas que tiveram problemas no passado e que reencarnam juntas para terem a oportunidade do perdão e da reconciliação.

Quando retornei à frente do computador, já se manifestou:
 
“Vou contar a minha estória e depois vocês podem julgar se estou errado em perseguir esse infeliz.
Éramos dois irmãos. Só dois filhos do casal mais rico da cidade.
Onde? Alemanha.
Nosso pai era o que chamamos prefeito da pequena cidade.
Nossa principal diversão era caçar. Tínhamos armas de fogo sim, pois a caça era o esporte tradicional da região.
Gostávamos de sair para caçar, acompanhados de nossos cães.
Nessa manhã de domingo saímos bem cedinho, antes de o sol raiar. Preparamos nosso farnel, nossas espingardas, vestimos nossas grossas calças, os casacos e as botas de cano alto. Montamos nossos cavalos e começamos a subir a estradinha que ia montanha acima.
O ar ainda estava gelado; os pássaros começavam a despertar com seus trinados.
Quando chegamos lá no alto, avistamos um veadinho ligeiro e ficamos ansiosos por abatê-lo: seria excelente para o almoço com toda a família e iríamos nos gabar do nosso feito.
O bicho correu assustado e eu me lancei atrás dele a pé, pois os cavalos não podiam entrar na mata fechada.
Qual não foi o meu espanto quando ouvi o estrondo bem atrás de mim, aquele golpe quente e a dor lancinante que transpassou as minhas costas.
Demorei a entender o que tinha acontecido. Custei muito a despertar aqui nesta outra dimensão. Minha jovem vida tinha sido ceifada pelo meu próprio irmão!
Ele tinha se embrenhado na floresta correndo atrás de mim e, no afã de conseguir a presa antes de mim, confundiu-me com o animal ao perceber um movimento no meio do matagal.
E isso porque ele queria de qualquer forma vencer-me em todas as competições, desde que éramos bem pequenos.
E desta vez não foi diferente: ávido por acertar a caça antes de mim, acabou me acertando!
 
Estou aqui para cobrar dele uma reparação. Ele nunca me pediu perdão, nem em pensamento! Eu nunca senti por parte dele o menor arrependimento.
Eu sei que não foi proposital, mas ele não se sente nem um pouco culpado!
Ele é duro!
E eu o amava muito, ele era o meu irmão mais velho, o meu modelo, o meu herói!
E ele não me deixava ganhar nunca!
O que eu quero agora?
Quero que ele fale comigo, que me peça perdão, que me abrace.
Mas ele é duro!
Ele é muito duro!”
 
Fui intuída de quem era: o filho mais velho do Jerry: Padrig.

Ele está bem vivo, mora sozinho em outro estado, nunca se casou nem teve filhos e já tem mais de 50 anos.

Eu já tinha percebido uma frieza, uma distância entre os dois e agora aqui estava ele.

Perguntei se ele sabia quem ele era nesta vida atual e ele disse que estava sabendo sim, e que o pai era ainda aquela pessoa dura e distante como tinha sido antes.
 
Fui orando e pedindo que houvesse uma harmonização e um perdão, aos poucos fui sentindo uma leveza, e o filho se retirou.
 
Sei que nem tudo se resolve em uma única sessão, mas um desabafo como esse já traz muito alivio e a oportunidade de reflexão e perdão.
 
O que eu não sabia era o que ainda estava por vir... Outros familiares ainda seriam atendidos...

                     continua...                            
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Malu Thana Moraes
Enviado por Malu Thana Moraes em 21/10/2009
Reeditado em 18/04/2017
Código do texto: T1879278
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