Breve relato de um desfecho tocante
Sentindo o fim aproximar-se, Vayos escorou-se entre as rochas e ficou em silêncio. Perscrutou os arredores com os olhos de águia e, tentando manter a calma, concentrou-se para que suas próprias energias não o delatassem. Inútil: a presença dele decerto já fora sentida por aqueles que o caçavam; uma questão de tempo para que o encontrassem. Quando isso acontecesse, não restaria nenhuma opção, a não ser lutar. Lutar como vinha planejando há meses, desde que fora incumbido de um fardo do qual cria não ser digno. O último mago daquele mundo selvagem. Seria ele um covarde? No fundo, tentava adiar o momento do confronto, mas agora este já se tornava inevitável. Iria ficar ali, parado como um animal encurralado? Não. Era hora de mostrar-lhes a amplitude do poder de um mago.
Voltou sua atenção para o ambiente em volta. Com um movimento de sua mão, a terra começou a tremer. Correu em direção aos campos abertos; fazendo isso, havia-se denunciado. Agora, entretanto, era esse o seu desejo. Mais à frente, dezenas, quiçá centenas das Bestas Crojans, a raça que deixara aquelas terras ainda mais caóticas do que o habitual. Aqueles que, por meio de seus terríveis poderes, foram responsáveis pelo extermínio de todos os magos. Exceto ele.
Apressou o passo, mas podia ter poupado o esforço: ao notarem a presença da caça, as feras partiram para o ataque numa velocidade mortífera. Foi aí que, por um segundo, Vayos se arrependeu do ímpeto que o trouxera até ali. Tarde demais. Pôs-se a combater. A energia emanada por ele levou vários ao chão; todavia, a cada nova baixa, pareciam surgir mais dez criaturas. Houve uma confusão de gritos, raios e luzes. O número de abatidos foi grande, mas não demorou muito para que ele fosse cercado por todos os lados. O poder de drenagem dos Crojans começou, finalmente, a entrar em ação, de forma a bloquear qualquer possibilidade de ataque ou defesa.
Acima dali, cingindo com rapidez o local do tumulto, duas fadinhas discutiam. Uma disse:
– Que destino infeliz, o daquele pobre coitado... Ser morto de uma forma tão horrenda!
A outra retrucou, indignada:
– Não acredito no que acabo de ouvir! Só podia ter vindo de uma tonta como você... Esses magos sempre se acharam os detentores de todo o conhecimento e os únicos capazes de compreender os mistérios do universo, desprezando as fadas e os demais seres... Francamente! Com quem os imbecis, de fato, aprenderam a usar magia? “Com os deuses?” Me poupe!
E, enquanto o corpo do último mago era estraçalhado, a fadinha vingativa riu por dentro, mesmo ciente de que, mais cedo ou mais tarde, surgiria uma nova classe de humanos aptos a praticar magia. Humanos são tão complicados, pensou. Preciso me lembrar de sugerir à Rainha-Mãe que os extinga, antes que eles nos extingam.
Sentindo o fim aproximar-se, Vayos escorou-se entre as rochas e ficou em silêncio. Perscrutou os arredores com os olhos de águia e, tentando manter a calma, concentrou-se para que suas próprias energias não o delatassem. Inútil: a presença dele decerto já fora sentida por aqueles que o caçavam; uma questão de tempo para que o encontrassem. Quando isso acontecesse, não restaria nenhuma opção, a não ser lutar. Lutar como vinha planejando há meses, desde que fora incumbido de um fardo do qual cria não ser digno. O último mago daquele mundo selvagem. Seria ele um covarde? No fundo, tentava adiar o momento do confronto, mas agora este já se tornava inevitável. Iria ficar ali, parado como um animal encurralado? Não. Era hora de mostrar-lhes a amplitude do poder de um mago.
Voltou sua atenção para o ambiente em volta. Com um movimento de sua mão, a terra começou a tremer. Correu em direção aos campos abertos; fazendo isso, havia-se denunciado. Agora, entretanto, era esse o seu desejo. Mais à frente, dezenas, quiçá centenas das Bestas Crojans, a raça que deixara aquelas terras ainda mais caóticas do que o habitual. Aqueles que, por meio de seus terríveis poderes, foram responsáveis pelo extermínio de todos os magos. Exceto ele.
Apressou o passo, mas podia ter poupado o esforço: ao notarem a presença da caça, as feras partiram para o ataque numa velocidade mortífera. Foi aí que, por um segundo, Vayos se arrependeu do ímpeto que o trouxera até ali. Tarde demais. Pôs-se a combater. A energia emanada por ele levou vários ao chão; todavia, a cada nova baixa, pareciam surgir mais dez criaturas. Houve uma confusão de gritos, raios e luzes. O número de abatidos foi grande, mas não demorou muito para que ele fosse cercado por todos os lados. O poder de drenagem dos Crojans começou, finalmente, a entrar em ação, de forma a bloquear qualquer possibilidade de ataque ou defesa.
Acima dali, cingindo com rapidez o local do tumulto, duas fadinhas discutiam. Uma disse:
– Que destino infeliz, o daquele pobre coitado... Ser morto de uma forma tão horrenda!
A outra retrucou, indignada:
– Não acredito no que acabo de ouvir! Só podia ter vindo de uma tonta como você... Esses magos sempre se acharam os detentores de todo o conhecimento e os únicos capazes de compreender os mistérios do universo, desprezando as fadas e os demais seres... Francamente! Com quem os imbecis, de fato, aprenderam a usar magia? “Com os deuses?” Me poupe!
E, enquanto o corpo do último mago era estraçalhado, a fadinha vingativa riu por dentro, mesmo ciente de que, mais cedo ou mais tarde, surgiria uma nova classe de humanos aptos a praticar magia. Humanos são tão complicados, pensou. Preciso me lembrar de sugerir à Rainha-Mãe que os extinga, antes que eles nos extingam.