Um sopro de esperança
(seqüência de A moça do amaranto)
Algum tempo se passara desde que Carolina deixara o Brasil. Mais especificamente, cinco anos. Nesse período – ínfimo para alguém como ela –, viajou pelos quatro cantos do planeta. Mesmo tendo vivido por milênios, havia muitos lugares que gostaria de conhecer, mas não teve a oportunidade para tal. A última cidade na qual fixou residência fora Barcelona, lugar que despertava nela, ao mesmo tempo, lembranças tristes e alegres.
Foi lá que, por um tempo, morou junto com Miguel Saverjo. O pintor lhe proporcionara momentos inesquecíveis, mas acabou mostrando-se uma pessoa muito volúvel. Hoje, Carolina já não lamentava mais seu suicídio. Segundo o que ele sempre dizia, cada um sabe o que é certo fazer e deve arcar com as conseqüências de seus atos. Saverjo cometera o maior erro de sua vida ao traí-la, mas não foi forte o suficiente para agüentar as implicações de suas escolhas, e ela não podia mudar isso.
Ao menos algo guardara do homem que amara: a fortuna deixada por ele, secretamente, antes de morrer. Com o passar do tempo, Carolina investiu-a em imóveis e ações, valendo-se de “laranjas” e outros ardis, o que fez com que o dinheiro perpetuasse. Procurava não fixar-se num mesmo lugar por muito tempo, a fim de que sua identidade não fosse descoberta, mas desembarcara em Barcelona há menos de dois meses, e, no momento, só queria aproveitar.
Por conveniência, prefiro continuar chamando-a de Carolina; entretanto, esse foi apenas um nome fictício que ela adotara para se integrar à sociedade. Lejerynn-fisz Krojerezá nasceu cinco mil anos antes, na então próspera Atlântida. Quando as guerras internas de seu povo começaram a aflorar, mudou-se, com alguns outros companheiros, para Lemúria. Infelizmente, viria a descobrir que seu novo lar teria o mesmo destino de Atlântida: seria praticamente extinta por um dilúvio, do qual ela escapou por pouco. Certamente, tinha os deuses e deusas muito em conta por eliminarem tanta sujeira e corrupção.
Nos tempos atuais, mal tivera notícias de outros Imortais, e pouco se preocupava com isto. Ela estando bem era o que importava. E, realmente, a fase pela qual passava era uma das mais tranqüilas de sua existência. Seguia a vida de um jeito prazeroso, fazendo planos para o futuro e aproveitando ao máximo todos os confortos de que se possa imaginar.
Tudo corria bem, até a noite de 23 de novembro de 2012. Após um delicioso jantar preparado por ela mesma, colocou a louça na máquina e ligou o moderno aparelho de som da sala, cantarolando ao som de Frank Sinatra. Algo nas canções dele fazia com que se lembrasse dos tempos prósperos de Atlântida e de Lemúria... Ficou ali, perdida em memórias e pensamentos, até que a energia da casa repentinamente caiu, cessando bruscamente o som.
Não soube por que, mas uma apreensão que não sentia há muito tempo invadiu seu peito. Podia enxergar razoavelmente no escuro; mesmo assim, preferiu mentalizar uma palavra mágica, que deu brilho à lâmpada do teto. O ambiente parecia calmo, mas logo ela ouviu sons estranhos vindos da garagem, no andar inferior.
Tomou o caminho para a escada. Se fossem ladrões, era melhor não utilizar luz, para poder surpreendê-los. Desceu, passo a passo, os degraus de madeira. Ao tocar o último, pressentiu problemas. Foi quando alguém se jogou para cima dela.
Com um feitiço, repeliu esse alguém, que caiu estatelado no chão. Olhou para os lados: quatro outras pessoas a cercavam, apontando pistolas para ela. Aparentemente, também não tinham muitos problemas com a falta de luz.
Houve disparos, seguidos a quebra dos vidros do carro e da ruptura dos armários de madeira, tamanha a pressão das balas. Carolina desviou-se agilmente, erguendo a mão e, assim, fazendo o coração de um dos invasores explodir.
Eles atiraram novamente, e, mais uma vez, não a acertaram. A mulher tratou de se esquivar, dando cabo de mais um deles, e depois de outro. Por fim, conferiu se o primeiro que acertara estava realmente morto e, então, encarou aquele que sobrara. Com uma batida de suas palmas, as luzes da garagem se acenderam.
O remanescente vestia, assim como os outros, estranhos trajes cinza, grudados ao corpo. Antes mesmo de ele tirar a máscara, Carolina soube de onde viera. Mas, quando ele o fez, a moça do amaranto não conteu o assombro.
Olhava para um rapaz de, no máximo, uns vinte anos. E era extremamente parecido... Com... Com... Cláudio! Não pode ser! Estava diante do sósia do homem que ela matara a cinco anos, visando proteger a própria vida!
– Vejo que está espantada, aberração. Meu nome é Henrique, Henrique de Castilhos, e estou aqui, em nome da Sociedade de Lastofar, para pôr fim à missão que meu pai deixou pendente, já que foi morto por você!
Quanta teatralidade!
Ele não parecia temeroso pelo fato de seus quatro companheiros terem sido mortos tão facilmente.
– Ora, seu fedelho pretensioso! – riu Carolina, recuperando-se do susto. – Pensa que pode ir entrando na casa dos outros sem pedir licença e sair quebrando tudo? Vocês, “cientistas e filósofos”, nunca aprendem a lição, não é mesmo? Aliás, você não pode ser chamado nem de um, nem de outro... Me parece saído do jardim de infância, isso sim!
O comentário irritou-o claramente.
– Saiba que eu fui o primeiro colocado no curso de Medicina da UFRGS, e, mais do que isto, após completar dezenove anos, consegui ser aprovado na Sociedade, tendo, a partir de então, os conhecimentos e as armas necessárias para varrer as anomalias deste planeta, principalmente você.
– Oh, não me diga! As armas ainda têm balas de Teruscan?
– Não. Desta vez, conseguimos desenvolver algo verdadeiramente letal. Algo que deu conta de todos os seus semelhantes.
A princípio, ela não se chocou, pois lhe parecera pura vanglória, mas depois...
– Sim, Carolina... Ou deveria te chamar de Lejerynn-fisz?
Ela gelou. Como ele sabia o seu verdadeiro nome?!
– Você é a última dos Imortais. Com a sua morte, a nossa principal missão estará cumprida, afinal!
Não podia demonstrar insegurança perto daquele moleque. Por isso, falou:
– O que te faz supor que vai conseguir me destruir?
– Os outros de sua espécie sucumbiram, por que você não iria, também?
– E o que é tão letal assim a ponto de matar Imortais?
– Já que são os seus momentos finais, vou me dignar a responder. Desde a morte de meu pai, os pesquisadores da organização estiveram empenhados em descobrir o ponto fraco de vocês. Utilizamos algumas cobaias, que foram mantidas vivas até a conclusão dos experimentos... O seu algoz tem a forma de um novo tipo de vírus, que surgiu devido à recombinação de três espécies perigosíssimas. Ele se espalha pelo corpo em um tempo mínimo, contaminando as células vitais e fazendo-as morrer. Infiltramo-las nas balas, e pá! Isto basta para você?
Carolina estava chocada. Seria aquilo verdade, ou Henrique estava blefando? Provavelmente a primeira opção, e ela não estava disposta a ser vítima do suposto vírus.
– Pronta para morrer? – perguntou o rapaz.
– Eu é que te pergunto!
Ao mesmo tempo, os dois atacaram. Henrique sacou duas pistolas, tentando alvejar a mulher com tiros em seqüência. Ela, por sua vez, lançou raios energéticos contra ele. Ambos desviaram-se dos ataques, ao que o carro e a garagem iam ficando cada vez mais destruídos.
Esgotadas as munições, ele lançou as armas ao chão e puxou mais duas armas de suas vestes, voltando a atirar. Novamente, os dois tentaram acertar um ao outro, sem sucesso.
– Desista, pirralho! – provocou ela, evitando uma bala e lançando mais um feitiço, que abriu um rombo na lataria do automóvel.
– Sua cadela, eu vou te matar!
Henrique abaixou-se para evitar mais um feitiço, perdendo o equilíbrio e disparando sem querer. A bala foi de encontro à Carolina, que tentou desviar-se, em vão: foi atingida na perna direita.
Quase paralisada pelo pavor, ela ainda teve tempo de lançar o mais poderoso encanto destrutivo que conhecia, atingindo o jovem bem no peito.
A mulher desabou no chão, sentindo o vírus espalhar-se por seu corpo. Restavam-lhe poucos segundos de consciência, nos quais balbuciou:
– Não acaba aqui, criança!
Com o que restava de suas forças, formou um pequeno globo de luz verde logo acima de sua cabeça, em seguida soprando-o e desfazendo-o no ar. Se tivesse tempo, iria se espantar com o modo racional com o qual encarou a situação. Conseguira, em seus momentos finais, passar sua mensagem adiante.
– Seus amiguinhos estão condenados!
Mas o rapaz já não a ouvia, pois morreu assim que foi atingido pelo feitiço. Lejerynn-fisz Krojerezá – a moça do amaranto – riu fracamente antes de fechar os olhos para nunca mais abri-los.
Com ela, a raça dos Imortais de Atlântida e Lemúria estava extinta, como almejavam os membros da Sociedade de Lastofar. Ou será que não? As nuvens de Barcelona estavam fechadas, como que de luto por aquelas mortes. Ou, talvez, como prenúncio de que problemas estavam por vir.
(seqüência de A moça do amaranto)
Algum tempo se passara desde que Carolina deixara o Brasil. Mais especificamente, cinco anos. Nesse período – ínfimo para alguém como ela –, viajou pelos quatro cantos do planeta. Mesmo tendo vivido por milênios, havia muitos lugares que gostaria de conhecer, mas não teve a oportunidade para tal. A última cidade na qual fixou residência fora Barcelona, lugar que despertava nela, ao mesmo tempo, lembranças tristes e alegres.
Foi lá que, por um tempo, morou junto com Miguel Saverjo. O pintor lhe proporcionara momentos inesquecíveis, mas acabou mostrando-se uma pessoa muito volúvel. Hoje, Carolina já não lamentava mais seu suicídio. Segundo o que ele sempre dizia, cada um sabe o que é certo fazer e deve arcar com as conseqüências de seus atos. Saverjo cometera o maior erro de sua vida ao traí-la, mas não foi forte o suficiente para agüentar as implicações de suas escolhas, e ela não podia mudar isso.
Ao menos algo guardara do homem que amara: a fortuna deixada por ele, secretamente, antes de morrer. Com o passar do tempo, Carolina investiu-a em imóveis e ações, valendo-se de “laranjas” e outros ardis, o que fez com que o dinheiro perpetuasse. Procurava não fixar-se num mesmo lugar por muito tempo, a fim de que sua identidade não fosse descoberta, mas desembarcara em Barcelona há menos de dois meses, e, no momento, só queria aproveitar.
Por conveniência, prefiro continuar chamando-a de Carolina; entretanto, esse foi apenas um nome fictício que ela adotara para se integrar à sociedade. Lejerynn-fisz Krojerezá nasceu cinco mil anos antes, na então próspera Atlântida. Quando as guerras internas de seu povo começaram a aflorar, mudou-se, com alguns outros companheiros, para Lemúria. Infelizmente, viria a descobrir que seu novo lar teria o mesmo destino de Atlântida: seria praticamente extinta por um dilúvio, do qual ela escapou por pouco. Certamente, tinha os deuses e deusas muito em conta por eliminarem tanta sujeira e corrupção.
Nos tempos atuais, mal tivera notícias de outros Imortais, e pouco se preocupava com isto. Ela estando bem era o que importava. E, realmente, a fase pela qual passava era uma das mais tranqüilas de sua existência. Seguia a vida de um jeito prazeroso, fazendo planos para o futuro e aproveitando ao máximo todos os confortos de que se possa imaginar.
Tudo corria bem, até a noite de 23 de novembro de 2012. Após um delicioso jantar preparado por ela mesma, colocou a louça na máquina e ligou o moderno aparelho de som da sala, cantarolando ao som de Frank Sinatra. Algo nas canções dele fazia com que se lembrasse dos tempos prósperos de Atlântida e de Lemúria... Ficou ali, perdida em memórias e pensamentos, até que a energia da casa repentinamente caiu, cessando bruscamente o som.
Não soube por que, mas uma apreensão que não sentia há muito tempo invadiu seu peito. Podia enxergar razoavelmente no escuro; mesmo assim, preferiu mentalizar uma palavra mágica, que deu brilho à lâmpada do teto. O ambiente parecia calmo, mas logo ela ouviu sons estranhos vindos da garagem, no andar inferior.
Tomou o caminho para a escada. Se fossem ladrões, era melhor não utilizar luz, para poder surpreendê-los. Desceu, passo a passo, os degraus de madeira. Ao tocar o último, pressentiu problemas. Foi quando alguém se jogou para cima dela.
Com um feitiço, repeliu esse alguém, que caiu estatelado no chão. Olhou para os lados: quatro outras pessoas a cercavam, apontando pistolas para ela. Aparentemente, também não tinham muitos problemas com a falta de luz.
Houve disparos, seguidos a quebra dos vidros do carro e da ruptura dos armários de madeira, tamanha a pressão das balas. Carolina desviou-se agilmente, erguendo a mão e, assim, fazendo o coração de um dos invasores explodir.
Eles atiraram novamente, e, mais uma vez, não a acertaram. A mulher tratou de se esquivar, dando cabo de mais um deles, e depois de outro. Por fim, conferiu se o primeiro que acertara estava realmente morto e, então, encarou aquele que sobrara. Com uma batida de suas palmas, as luzes da garagem se acenderam.
O remanescente vestia, assim como os outros, estranhos trajes cinza, grudados ao corpo. Antes mesmo de ele tirar a máscara, Carolina soube de onde viera. Mas, quando ele o fez, a moça do amaranto não conteu o assombro.
Olhava para um rapaz de, no máximo, uns vinte anos. E era extremamente parecido... Com... Com... Cláudio! Não pode ser! Estava diante do sósia do homem que ela matara a cinco anos, visando proteger a própria vida!
– Vejo que está espantada, aberração. Meu nome é Henrique, Henrique de Castilhos, e estou aqui, em nome da Sociedade de Lastofar, para pôr fim à missão que meu pai deixou pendente, já que foi morto por você!
Quanta teatralidade!
Ele não parecia temeroso pelo fato de seus quatro companheiros terem sido mortos tão facilmente.
– Ora, seu fedelho pretensioso! – riu Carolina, recuperando-se do susto. – Pensa que pode ir entrando na casa dos outros sem pedir licença e sair quebrando tudo? Vocês, “cientistas e filósofos”, nunca aprendem a lição, não é mesmo? Aliás, você não pode ser chamado nem de um, nem de outro... Me parece saído do jardim de infância, isso sim!
O comentário irritou-o claramente.
– Saiba que eu fui o primeiro colocado no curso de Medicina da UFRGS, e, mais do que isto, após completar dezenove anos, consegui ser aprovado na Sociedade, tendo, a partir de então, os conhecimentos e as armas necessárias para varrer as anomalias deste planeta, principalmente você.
– Oh, não me diga! As armas ainda têm balas de Teruscan?
– Não. Desta vez, conseguimos desenvolver algo verdadeiramente letal. Algo que deu conta de todos os seus semelhantes.
A princípio, ela não se chocou, pois lhe parecera pura vanglória, mas depois...
– Sim, Carolina... Ou deveria te chamar de Lejerynn-fisz?
Ela gelou. Como ele sabia o seu verdadeiro nome?!
– Você é a última dos Imortais. Com a sua morte, a nossa principal missão estará cumprida, afinal!
Não podia demonstrar insegurança perto daquele moleque. Por isso, falou:
– O que te faz supor que vai conseguir me destruir?
– Os outros de sua espécie sucumbiram, por que você não iria, também?
– E o que é tão letal assim a ponto de matar Imortais?
– Já que são os seus momentos finais, vou me dignar a responder. Desde a morte de meu pai, os pesquisadores da organização estiveram empenhados em descobrir o ponto fraco de vocês. Utilizamos algumas cobaias, que foram mantidas vivas até a conclusão dos experimentos... O seu algoz tem a forma de um novo tipo de vírus, que surgiu devido à recombinação de três espécies perigosíssimas. Ele se espalha pelo corpo em um tempo mínimo, contaminando as células vitais e fazendo-as morrer. Infiltramo-las nas balas, e pá! Isto basta para você?
Carolina estava chocada. Seria aquilo verdade, ou Henrique estava blefando? Provavelmente a primeira opção, e ela não estava disposta a ser vítima do suposto vírus.
– Pronta para morrer? – perguntou o rapaz.
– Eu é que te pergunto!
Ao mesmo tempo, os dois atacaram. Henrique sacou duas pistolas, tentando alvejar a mulher com tiros em seqüência. Ela, por sua vez, lançou raios energéticos contra ele. Ambos desviaram-se dos ataques, ao que o carro e a garagem iam ficando cada vez mais destruídos.
Esgotadas as munições, ele lançou as armas ao chão e puxou mais duas armas de suas vestes, voltando a atirar. Novamente, os dois tentaram acertar um ao outro, sem sucesso.
– Desista, pirralho! – provocou ela, evitando uma bala e lançando mais um feitiço, que abriu um rombo na lataria do automóvel.
– Sua cadela, eu vou te matar!
Henrique abaixou-se para evitar mais um feitiço, perdendo o equilíbrio e disparando sem querer. A bala foi de encontro à Carolina, que tentou desviar-se, em vão: foi atingida na perna direita.
Quase paralisada pelo pavor, ela ainda teve tempo de lançar o mais poderoso encanto destrutivo que conhecia, atingindo o jovem bem no peito.
A mulher desabou no chão, sentindo o vírus espalhar-se por seu corpo. Restavam-lhe poucos segundos de consciência, nos quais balbuciou:
– Não acaba aqui, criança!
Com o que restava de suas forças, formou um pequeno globo de luz verde logo acima de sua cabeça, em seguida soprando-o e desfazendo-o no ar. Se tivesse tempo, iria se espantar com o modo racional com o qual encarou a situação. Conseguira, em seus momentos finais, passar sua mensagem adiante.
– Seus amiguinhos estão condenados!
Mas o rapaz já não a ouvia, pois morreu assim que foi atingido pelo feitiço. Lejerynn-fisz Krojerezá – a moça do amaranto – riu fracamente antes de fechar os olhos para nunca mais abri-los.
Com ela, a raça dos Imortais de Atlântida e Lemúria estava extinta, como almejavam os membros da Sociedade de Lastofar. Ou será que não? As nuvens de Barcelona estavam fechadas, como que de luto por aquelas mortes. Ou, talvez, como prenúncio de que problemas estavam por vir.