A roda da eternidade
Quando chegou o Fim dos Tempos, eu estava ciente daquilo que tinha de ser feito. O caos não demorou a chegar, destruindo as esperanças da humanidade. Gritos, dor, sangue, agonia e infinitos suplícios. A sinfonia da destruição: tudo fora dos eixos, como havia de ser.
No sétimo dia de Tormenta, após estar farta de refestelar-me com a dor alheia, sentei-me ao lado do Glorioso Senhor, cujo destino ninguém sabia, exceto eu. Ele assistia à destruição de Sua Criação com lágrimas nos olhos, aflito por não ter o poder de impedi-la.
– Satisfeita? – perguntou-me Ele, amargurado. – Diga-me: você sente prazer em testemunhar esta calamidade, em ser a causa dela?
– Nada me alegra mais. Esperei muito tempo por esse momento.
Eu sorria, deleitada com meu triunfo. Ele, sentindo o amargo gosto da impotência, inqueriu:
– Por que você fez isto? Que razões tinha para Me trair? Eu lhe ensinei tudo o que você sabe! Eu...
– Você fracassou. A hora de pôr um fim em Seu incomensurável erro chegou.
– Se você Me destruir, sabe o que vai acontecer. Não pense que continuará a existir sem Mim!
– Quer pôr isto à prova?
Ele hesitou.
– Por favor... Reconsidere!
– Você me enoja, meu Senhor.
O lamento de Deus perfurou meus ouvidos, mas não senti pena Dele. Ao meu sinal, a realidade que todos conheciam caiu na inexistência, e o Todo-Poderoso dissipou-se qual areia ao vento.
Uma vez, chamaram-me de ambiciosa. Devo concordar plenamente. Naquele momento, minha maior ambição se realizara, por fim. Orgulhosa de meu feito, pus-me a dormir, aguardando a hora do meu despertar. Acordando, criaria uma nova realidade, sustentaria a Criação sob Meu poder e, como era de se esperar, esqueceria de meus atos passados. Moldaria, então, o Meu servo, que, quando chegasse o momento, iria rebelar-se e trair-Me, pondo fim à Minha existência.
Afinal, o ciclo precisava ser mantido e a roda não podia travar.
Quando chegou o Fim dos Tempos, eu estava ciente daquilo que tinha de ser feito. O caos não demorou a chegar, destruindo as esperanças da humanidade. Gritos, dor, sangue, agonia e infinitos suplícios. A sinfonia da destruição: tudo fora dos eixos, como havia de ser.
No sétimo dia de Tormenta, após estar farta de refestelar-me com a dor alheia, sentei-me ao lado do Glorioso Senhor, cujo destino ninguém sabia, exceto eu. Ele assistia à destruição de Sua Criação com lágrimas nos olhos, aflito por não ter o poder de impedi-la.
– Satisfeita? – perguntou-me Ele, amargurado. – Diga-me: você sente prazer em testemunhar esta calamidade, em ser a causa dela?
– Nada me alegra mais. Esperei muito tempo por esse momento.
Eu sorria, deleitada com meu triunfo. Ele, sentindo o amargo gosto da impotência, inqueriu:
– Por que você fez isto? Que razões tinha para Me trair? Eu lhe ensinei tudo o que você sabe! Eu...
– Você fracassou. A hora de pôr um fim em Seu incomensurável erro chegou.
– Se você Me destruir, sabe o que vai acontecer. Não pense que continuará a existir sem Mim!
– Quer pôr isto à prova?
Ele hesitou.
– Por favor... Reconsidere!
– Você me enoja, meu Senhor.
O lamento de Deus perfurou meus ouvidos, mas não senti pena Dele. Ao meu sinal, a realidade que todos conheciam caiu na inexistência, e o Todo-Poderoso dissipou-se qual areia ao vento.
Uma vez, chamaram-me de ambiciosa. Devo concordar plenamente. Naquele momento, minha maior ambição se realizara, por fim. Orgulhosa de meu feito, pus-me a dormir, aguardando a hora do meu despertar. Acordando, criaria uma nova realidade, sustentaria a Criação sob Meu poder e, como era de se esperar, esqueceria de meus atos passados. Moldaria, então, o Meu servo, que, quando chegasse o momento, iria rebelar-se e trair-Me, pondo fim à Minha existência.
Afinal, o ciclo precisava ser mantido e a roda não podia travar.