Ela Parte descarte

Existe nela um quê de aspereza tácita.
Um quê de Arpoador em pleno sol de maio.
A angústia novelada em seu ser, desfaz-se agora diante o espelho imaginário da tela do computador
Ela sobrevive entre linhas, se desarvora e chora, entre ponto e vírgulas, reticências...
A cada suspiro da filha que dorme no quarto ao lado, relembra seus anseios, seus medos e no quanto se importa com elas (as filhas). O quanto se cobra e se perde em meio a tudo o que é vida que lhe exigem lá fora. E só, tão só aqui dentro, desse corpo, o peito. Sabe que o quanto de incertezas lhe é superior às coerências. Tanta fragilidade e ela assim não mais existiria.
O eterno medo de não acertar, quando de dentro vem esse turbilhão que aflora.
O que será que move e revolve toda essa lama, desses seres fragmentários e obscuros que trago aqui dentro de mim? Talvez quem sabe somos todos assim... – Pondera ela. - Já que criam-se capas, esferas em torno de si, quem se mostra?
E em meio as suas divagações as respostas não lhe vêem. Soluções inacabadas, nem assim, lhe surgem idéias que lhe agradam, que sejam o tudo isso, só o nada. É...o nada.
E no nada ela se detém! Fica por horas a fio, observando e analisando cada prisma. A razão que lhe toma de sobressalto, quando a emoção insiste em falar mais alto. Não é assim que se vive... Reage!! – Fala-lhe uma voz sufocada, num tom de voz de um outro alguém. E ela mais perdida do que encontrada, segue por entre as linhas inexistentes desse papel do Word que nunca acaba.

Jaqueline Serávia
Enviado por Jaqueline Serávia em 06/05/2008
Reeditado em 10/06/2008
Código do texto: T977195
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